-O que você quer?- pergunto rangendo os dentes.
- Bom... É uma longa história. Podem se sentar se quiserem.
-Fala logo.- eu disse.
-Ok. Um certo dia, eu conheci um garoto. Ele se tornou o amor da minha vida.
- Meu pai?- perguntei.
-Não. Nunca amei seu pai.
- Então por que vocês se casaram?
-Ainda vou chegar lá. Então... O nome dele, do meu amor, era João.
-Era o nome do meu pai...- Mary diz.
- Sim. Nós nos amávamos tanto... Só que um dia, seu pai Kristy, que era policial, estava perseguindo um bandido, e acabou dando um tiro no homem errado. Ele deu um tiro no João. E não foi sem querer. João insistiu para que seu pai não atirasse nele, dizendo que era inocente. Mas seu pai acreditou? Não. Ele simplesmente deu um tiro na cabeça de João, sem provas, só porquê ele de parecia com o bandido. Depois simplesmente foi embora. Não tinha ninguém na rua para ajudar ele. O tiro que seu pai deu não o matou na hora. Isso quer dizer que ele foi morrendo devagarinho, gemendo, gritando o máximo que podia por ajuda. Mas tudo o que escutava era o ruído fino da bala entrando de pouco em pouco mais ainda na sua cabeça. Ele morreu na rua onze.
-A mesma rua que meu pai morreu... Nossa eu... Não sabia sobre sua história.
- Foi. Então, eu persegui o assassino dele, e cheguei no seu pai. Eu tive que ameaçá-lo, ou ele me entregava você, ou se casava comigo.
Meu deus... Meu pai era casado com aquela bruxa só para me proteger.
-Mãe... Como pôde ser tão ruim assim?- Mary perguntou. Ela estava abismada sabendo de tudo isso.
- Eu não entendo... O que se casar com meu pai tinha a ver com seu ex-marido? Como isso ajudaria no seu plano de vingança?-Perguntei.
-Então Kristy... É aí que a história fica interessante. O João na verdade era irmão da sua mãe.
-Então eu e Kristy somos...
-Primas.- minha ex-madastra complementou Mary.- Então, continuando, antes de morrer, João deixou uma coisa pra mim, que eu não sei o que é, em um lugar que só quem é da família pode entrar. Sua mãe e seu pai construíram ele. João me disse que tinha uma coisa lá pra mim, na noite que ele morreu, antes de sair de casa... Era como se ele já soubesse o que ia acontecer... Bom, mas não importa mais. O que importa é que ele deixou algo para mim lá, e eu preciso disso.
-Por que a senhora não me falou antes? Eu poderia ir.- Mary disse.
-Não pode. Só quem entra lá é quem tem, ou o sangue do pai da Kristy ou da mãe dela. Você não tem o sangue de nenhum dos dois.
-Tá, tudo bem. Entendi. Na verdade, quase entendi. E Jake? Por quê você pegou ele?- perguntei.
-Haha. Você acha mesmo que eu iria deixar ele solto por aí? Você poderia muito bem fugir e não fazer o que eu mando. Conheço bem você Kristy. Eu posso ter ido embora quando seu pai morreu, mas continuei de olho em você. Sempre. Estava esperando só você chegar na idade certa.
O jeito que ela falou me deu arrepios.
-Ok. Eu vou. Mas só se você deixar eu falar com ele antes.
-Tá. 1 minuto.
Ela se afastou um pouco, e Mary foi falar com ela. Eu fui até Jake, e Anne, que até agora não tinha dado sinal de vida, também se juntou.
-Querido! Como você está?- ela perguntou.
Tirei o pano da boca dele. A respiração dele estava pesada.
-Anne, pode nos dar um instante por favor?- pedi. Ela reclamou um pouco, mas depois foi lá pra fora.
- Jake, você tá bem? O que ela fez com você?
-Não era só-ó ela, tinha u-uns comparsas e... E...- ele estava gaguejando muito, e tremendo. Sua blusa estava toda suja de sangue.
Eu queria tanto, tanto poder cuidar dele, ficar com ele. Mas nada na minha vida é tão fácil assim.
-Calma. Tá tudo bem, vai dar tudo certo. Eu vou tentar voltar quanto antes possível.
-Você sabe aonde é?
- Meu pai já tinha me falado algumas vezes sobre esse lugar. Ele dizia "no lugar onde a lua te levar está o nosso refúgio"
As vezes ele apontava para uma direção quando falava isso, então eu já sei mais ou menos para onde ir.Ele apenas assentiu. Segurei a cabeça dele com as duas mãos.
-Jake, eu prometo, eu vou voltar por você. Você é a única coisa que faz sentido nessa minha vida louca. Olha, toda noite, quando a lua chegar ao ponto mais alto no céu, eu estarei com você, e não precisa ter medo de nada. Eu vou voltar Jake. Assim como as ondas nunca cansam e nunca param, eu nunca vou parar de procurar com essa coisa. Porquê você vai ser o meu motivo para continuar. Eu vou voltar. Prometo.
Uma lágrima escorreu no meu rosto, e no dele também.
-Kristy, eu te...
-Vamos encerrar essa conversa aí né, já tá bom demais.- a mãe de Mary disse, e eu não pude ouvir o que Jake ia dizer. Ela me afastou dele.
- Ok hora de ir queridinha. Você deve saber mais ou menos aonde é. Volte logo, e seu namoradinho vai ficar bem.
-Kristy, eu vou com você.- Mary disse.
-Não vai mesmo.- a mãe dela disse.
-Quem decide sou eu, e eu...
-Não Mary.- interrompi ela.- Você fica.
Tomei essa decisão por quê Mary era a única coisa boa que minha ex-madastra tinha era Mary. Eu pensei que se ela quisesse fazer algo de ruim contra Jake, Mary era a única que podia impedir.
Olhei para Jake, depois para Mary, e acho que ela entendeu o recado.
- Ok. Eu fico.
-Hora de ir meu bem.- ela disse. Ela me chamava assim quando eu era pequena. Quanta falsidade.
Olhei um instante para Jake, ele assentiu, e mesmo sofrendo bastante, ele ainda teve forças para sorrir um pouco, o que me deu toda a coragem necessária para ir.
Virei, e fui embora. Anne ainda estava lá fora.
- Eu vou com você.- ela disse.
- Não Anne. Acho melhor você ficar.
Ela olhou um momento para baixo, depois concordou.
E eu comecei a minha estranha jornada, para um lugar que eu não sei onde é, e á procura de uma coisa que eu não faço ideia do que seja.
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Alone
RomanceKristy é uma garota muito, muito solitária, mas aí ela conhece Mary na escola, e Jake, um garoto que logo chama sua atenção. Quando parece está tudo bem na vida de Kristy, uma verdade é revelada, e muda sua vida. Kristy vai em busca de um objeto, qu...