Não toque nas árvores!

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Saí de casa preparada. Mary me deu o facão dela (eu achei que não precisava, mas ela disse que sempre há perigos e blá blá blá), botei dentro da minha mochila, e saí.

Comecei a andar rápido, quanto antes eu achar esse lugar e voltar pra casa, melhor. Segui em direção ao norte, que era a direção que meu pai apontava quando falava sobre o tal lugar.

Olhei no meu relógio de pulso, e me impressionei. Já fazia uma hora e meia que eu havia saído de casa. Eu ainda estava Na praia, mas já havia saído da minha cidade há muito tempo, porquê ela não era muito grande e eu morava quase no limite da cidade.

Não dava pra de ver mais casas, só um longo campo. Quanto mais eu andava, mais chegava perto de um coisa, na verdade várias coisas grandes. A lua era nascente, estão não estava ajudando muito a minha visão.
Fui andando e se afastando da praia. Quando cheguei mais perto vi que as coisas era árvores, na verdade se tratava de uma floresta.

Me lembro que meu pai também falava: "Ao longo do caminho, duas florestas você verá, mas a de árvores de folhagem amarela você não deverá tocar"

Meu pai era um cara que gostava muito de enigmas, e de deixar as pessoas com um certo suspense.

Fiquei um pouco apreensiva, pois a floresta que eu estava chegando tinha árvores com folhas amarelas.

Algumas folhas estavam no chão, já que estávamos chegando no outono. As folhas no chão estavam ressecadas e murchas, então deduzi que não fariam mal nenhum. Fui andando com muito cuidado para não encostar em nenhuma árvore.

Por conta das folhas no chão, quando eu andava fazia barulho. Mas não pude deixar de notar que o barulho que eu ouvia estava além do barulho que eu mesmo estava fazendo.

Fingi que não ouvi nada e continuei andando, só que eu abri minha bolsa e puxei o facão.
Por um momento eu parei, e do nada olhei para trás, com o facão na minha frente.

Anne estava lá. O facão estava quase encostando nela, quando eu virei ela deu um grito.

Suspiro e reviro os olhos. Abaixo o facão.

- Anne o que faz aqui?! Você tem que voltar agora.

Ela balançou a cabeça, discordando.

- Não. Olha, Jake é meu amigo e eu vou ajudar ele. E também, não tinha nada pra fazer hoje então...

-Olha só Anne, o que você pensa que isso aqui é? Um passeio de verão?! Não. Isso aqui está valendo a vida de uma pessoa. Não encare como uma brincadeira.

-Calma querida. Tudo bem, estou séria.

Viro e começo á andar de novo. Ela me acompanha.

- Sua mãe não falou nada?- perguntei.

- Eu liguei pra ela. Eu disse que ia dormir na casa de uma amiga.

Não falei nada, apenas continuei andando.

- Somos uma equipe agora Kristy.

Anne tropeçou, e a bolsa dela foi parar perto de uma árvore. Ela se abaixou para pegar, mas quando eu vi que ela ia encostando na árvore, eu gritei:

-Não!

Ela olhou pra mim. Peguei a bolsa dela, e afastei Anne da árvore.

-Qual o problema?- ela perguntou, confusa.

-Só não encoste nas árvores ok?

Ela deu uma risadinha sarcástica.

-Qual o problema de encostar em uma árvore?

- Meu pai disse que não encostasse.

-Haha. Olha Kristy, com todo respeito, mas eu não acredito em homens mortos.

Uma raiva tomou conta de mim.

-Quer saber Anne?! Encosta! Vai. Depois não venha falar que eu não avisei.

-Tá. Vou provar pra você.

Ela levantou a mão, e encostou na árvore. Tudo continuou do mesmo jeito, nada aconteceu.

-Viu Kristy? Nada vai aco...

Antes dela terminar de falar, um tremor invadiu o lugar.
Olha, eu não sei se eu estava olhando bem, mas eu juro que eu vi a árvore se mexendo.

É... Eu estava olhando bem.

A árvore tinha como que se levantado, e estava ficando sobre a sua raiz, como se fossem pernas.
Os seus galhos começaram a se mexer, e viraram garras, bem afiadas.

- Acho que essa seria uma boa hora para correr.- Anne disse.

Começamos a correr deseperadamente, mas acho que a nossa árvore-monstra estava chamando as amiguinhas.

Teve mais tremores o chão, o que dificultou nossa corrida. Tirei o facão da bolsa.

Chegamos em um lugar da floresta que não havia mais nenhum canto para correr, estávamos cercadas.

Paramos, mortas de cansadas.
As árvores foram chegando mais perto.

- Não se mexa.- eu disse, arfando.

-Qual o plano?- ela perguntou.

-Ainda está com seu salto aí?

Ela assentiu.

-Ok. No meu sinal, ataque.

Ficamos paradas, apenas observando as árvores, agora a mais ou menos 2 metros de distância.

Elas continuavam, da mesma velocidade (não muito rápidas), com suas garras apontadas para nós.

-Já!- gritei.

Anne foi para a esquerda, e eu para a direita. Enquanto tentava desviar dos seus galhos pontudos, eu enfiava o facão na árvore, mas não acontecia nada.
Ela me acertou com suas garras no meu rosto, e eu caí. Me arrastei para pegar o facão, como eu não tinha forças para se levantar, eu enfiei o facão nos "pés" da árvore, que eram as raízes. Ela instantaneamente parou, suas garras foram para dentro de novo e viraram galhos. Suas raízes entraram no chão, e ela voltou a ser apenas uma árvore de novo.

Então me lembrei do que alguém me disse uma vez, se eu não me engano foi minha tia. Ela disse: "Para resolver um problema você tem que cortá-lo pela raiz, até que não exista mais nada."

É isso! A raiz. Ela é como se fosse o coração da planta.

-Anne.- grito. Ela olha.- A raiz! Ataque apenas a raiz!

Ela entende, e começa a fazer o que eu havia falado. Eu fiz o mesmo.

Logo só restava uma árvore, que estava do meu lado. Eu já estava sem forças, não aguentava mais nada. Apenas joguei o facão. Ele deu um giro e acertou a raiz da árvore.

Eu e Anne se sentamos, tomando ar.

-Tudo bem... Eu juro que nunca mais duvido de nada nessa vida.- ela disse.

Concordo com ela.

Olhei ao redor, e logo a frente começava outra floresta, só que essa era normal (graças).

-Vem. Vamos descansar naquela floresta.- eu disse, e nós saímos da floresta mais estranha que eu já vi na vida, onde as árvores ganham vida.

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