Capítulo 2

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Thiago parou o carro alguns metros antes da minha casa e o agradeci silenciosamente por essa atitude, pois se minha mãe ou meus irmãos me vissem saindo de um carro com vidro fumê, eles teriam atitudes bem distintas.

Da minha mãe eu ouviria um sermão sem tamanho, onde ela diria que uma moça que se desse o respeito, não andaria em um carro com um homem, mesmo que ele fosse conhecido, e depois iria ameaçar contar ao meu pai. Apesar de saber que ela não contaria, pois éramos muito amigas e ela sabia que meu pai é casca grossa. Se ele soubesse desse acontecimento, com certeza tiraria o seu cinto e me bateria, afirmando que filha sua não se prestava a isso. Eu tremia de medo só de imaginar aquele cinto entrando em contato com minha pele. Vocês devem estar se perguntando: "Como assim, Bianca? Você uma moça com dezoito anos ainda apanhava do seu pai?" Eu lhe repondo: "Sim, ainda apanhava!"

Aqui em casa meu pai tem um ditado que diz: "Quem come do meu pirão, leva do meu cinturão.". E vou lhe dizer uma coisa: ele leva esse ditado à risca nas minhas costas, por isso decido não me arriscar.

Já se um dos meus irmãos vissem, com certeza papai saberia, pois se existem fofoqueiros de plantão, esses eram meus irmãos mais novos. Nos amamos, mas eles sempre tentam ferrar com minha vida.

Coloquei minha mão na maçaneta do carro para abrir a porta quando sinto a mão do Thiago segurando meu cotovelo.

— Espera. — Soltei a maçaneta e virei para encará-lo.

— Eu vou fazer uma coisa que sempre tive vontade – Falou, chegando cada vez mais perto de mim. De repente, minha respiração acelerou e eu não conseguia respirar direito.

Seu corpo a cada momento chegava mais perto de mim. Ele desceu sua cabeça e capturou minha boca. A sensação dos seus lábios macios nos meus foi maravilhoso, uma sensação incrível. Sempre sonhei em beijá-lo, mas nunca pensei que teria essa oportunidade. Já havia beijado outros caras, como já contei, mas o Thiago se superava.

Logo sua língua pediu passagem e passou a explorar cada canto da minha boca. Minhas mãos, que até então estavam inertes, criaram vida e entrelaçaram em seus cabelos, puxando seu corpo para mais perto de mim. A mão dele também passou a mover-se por meu corpo, eu sentia uma sensação maravilhosa, um calor estranho apareceu em meu baixo ventre. O Thiago passava suas mãos pelo meu corpo, depois foi para a cintura e foi subindo até chegar aos meus seios.

De repente sou tirada do transe e lembrei que estou em um carro, dando uns amassos com Thiago, quase em frente à minha casa. Isso é pedir para morrer, literalmente. Parei o beijo e me afastei um pouco, encostando minha testa na dele, minha respiração estava acelerada, assim como a dele. Thiago tentou continuar o beijo, mas levei minhas mãos até sua boca para evitar que encostasse na minha mais um vez, pois sabia que se nos beijar outra vez, eu não pararia.

— Não podemos continuar, eu preciso entrar. Eu juro que queria ficar, mas não posso. Daqui a pouco minha família vai suspeitar de um carro parado aqui e virão saber o que está acontecendo.

— Ok — Ele respondeu seco, afastando-se.

Não sei o porquê, mas aquilo me deu uma dor no coração. Ele ficou tão estranho, preferi acreditar que não era nada.

— Tchau, a gente se vê amanhã. — Abri a porta do carro e saí de imediato, antes que eu perdesse a coragem e ficasse mais.

Assim quando eu desci do veículo, Thiago arrancou com o carro. Caminhei para casa devagar, com muito medo de alguém ter me visto saindo do carro, cada passo que dou meu coração perdia uma batida. Lentamente cheguei na varanda e não vi ninguém, abri a porta e gritei:

— Mãe?

— Na cozinha, minha filha!

Pareia que ninguém havia visto. Andei pela sala e achei estranho não encontrar os meninos assistindo televisão. Joguei minha mochila no sofá e fui em direção à cozinha, onde minha mãe preparava o jantar.

— Oi mãe — falei, chegando perto dela e beijando sua testa.

— Oi, minha filha, como foi seu dia?

Tive vontade de falar da carona com o Thiago, do beijo e do convite para ir à festa, mas me contive, ela iria brigar comigo, me daria um sermão e no final atrapalharia minha ida à festa. Eu já estava com tudo esquematizado em minha cabeça, não via a hora de ligar e falar com a Júlia para organizarmos tudo.

— Foi normal, mãe. A senhora precisa de ajuda?

— Sim, minha filha, por favor corte as verduras que estão ali em cima da mesa, vou precisar para temperar a carne.

Assim como minha mãe pediu, fui ajudá-la. Quando terminei ela me mandou tomar banho para poder jantar, pois meu pai chegaria logo. Foi quando me dei conta que as "pestes" ainda não tinham aparecido.

— Mãe, onde estão os meninos?

— Teus irmãos estão com o teu pai na fazenda e a Bárbara também está por lá, com a filha do Seu Geraldo, você sabe que ela agora está de amizade com a menina deles. Eu não gosto disso, mas seu pai deixou, então não posso fazer nada.

Sei do que a mamãe estava falando, a Bárbara sempre quis ser rica e tinha vergonha da nossa família. Só papai que não percebia. Ao contrário de mim, que nunca consegui ser amiga das meninas ricas da cidade, Bárbara sempre foi metida e andava para todos os lado com elas. Tinha pena da minha irmã, ela vivia em um mundo paralelo e pensava que fazia parte dele. Terei dó, quando ela quebrar a cara, mas apenas o tempo mostrará a ela o que realmente é importante.

Fui para o quarto que dividia com a Bárbara, ao passar pela sala peguei minha mochila e levei comigo. A diferença entre o lado do quarto em eu durmo e o dela, era visível. O meu era mais simples, não tinha muita coisa, apenas os meus livros de romance, que com muito custo eu consegui comprar. Eu amo ler, sou apaixonada, então, para que eu mantivesse o meu vício, fazia peças em crochê e as vendia para comprar sem precisar pedir aos meus pais. Já o lado da minha irmã era puramente patricinha, todo pintado de rosa, cor que não deixei que pintassem meu lado. Quando o Bernardo veio pintar, tinha vários pôsteres de boybands, que eu não suportava, e vários ursos de pelúcias que ela ganhou das suas amigas ricas.

A Bárbara, assim como eu, tinha que trabalhar para ter dinheiro e comprar suas coisas. Assim como a mamãe, ela era uma excelente costureira, a maioria de suas roupas ela mesma havia feito, e era incrível como ficavam perfeitas. Muitas clientes da mamãe adoravam seus modelos, então ela sempre ganhava alguns trocados.

O restante da noite correu como era o esperado, papai chegou com os meninos, logo saí do meu quarto e me juntei a eles para comermos. O jantar correu normalmente, os meninos não pararam de falar um minuto, contando como havia sido a tarde na fazenda com o papai, os cavalos que eles tinham cuidado...

Eu amo minha família. Eles são chatos e perturbam bastante, mas nos amamos. Uma coisa eu sei, sempre poderei contar com eles.

Ao fim do jantar, meus pais e irmãos foram para a sala assistir televisão e eu para o quarto, estudar mais um pouco para a prova de amanhã.

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