Capítulo 4

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Até as 19:00 horas ficamos conversando, para que o tempo passasse. Logo Dona Marcela nos chamou para jantar que, na realidade, consistia em pizza com refrigerante que o senhor Davi havia levado quando chegou do trabalho, pois ele sabia quando sua esposa começava a escrever, esquecia de tudo, até mesmo de comer.

— Uh! Pai, eu amo Margherita. — disse Julia, deliciando-se com sua segunda fatia da pizza. Eu, como estava bastante nervosa, não consegui comer nem a primeira, fiquei apenas enrolando.

— Eu sei, minha filha, por isso trouxe. Mudando de assunto, que conversa é essa que vocês iram sair? Sua mãe me falou.

Julia largou a pizza e olhou para mim. Eu pensei que ela havia falado com seus pais, mas me enganei.

— Pai, um amigo da nossa classe vai dar uma festa e nos chamou, vamos apenas dar uma passadinha, socializar e antes de uma da manhã estamos de volta — falou apreensiva.

— OK, filha, eu confio em vocês, mas cheguem cedo, tudo bem?

— Sim Senhor — Respondemos ao mesmo tempo.

Logo terminamos de comer e corremos para o quarto, para nos arrumar.

— Julia de Deus, eu jurava que seu pai não ia deixar. Pensei que você já tinha falado com ele.

— Sim, tinha falado com a mamãe — disse ela indo para o banheiro tomar banho. — Depois de convencer ela, sabia que não teria problemas com meu pai, ele sempre me pergunta por que eu não saio como os outros jovens.

— Meu Deus, Julia — falei, jogando-me em sua cama, para esperar que saísse do banheiro. — Quem dera que os meus pais fossem assim. Meu pai não deixaria de jeito nenhum, é muito carrancudo, e nos cria como se ainda vivêssemos no século passado.

Pego o travesseiro em forma de flor e fico brincando.

— É mesmo, Seu Carlos é muito carrancudo e meus pais são do outro mundo. — falou rindo, saindo do banheiro. — Minha mãe vive com a cabeça nas nuvens, sempre imaginando a próxima cena do seu livro, enquanto papai se preocupa que eu seja uma menina muito reclusa e sempre fica querendo fazer uma análise comigo.

— Seu pai quer analisa todo mundo Julia — completei, também sorrindo.

— É verdade.

Fui para o banheiro e comecei a me arrumar.

***

Às nove horas em ponto, ouvimos a buzina do carro do Thiago. Olhei mais uma vez no espelho e gostei do resultado, eu me sentia bonita, como nunca me senti antes. Eu estava usando o vestido cinza da Barbara, que ficou perfeito em mim, valorizando todas as minhas curvas; meu cabelo loiro estava solto e levemente ondulado nos pontas. Eu estava pronta para arrasar, principalmente o coração do Thiago, que era minha principal missão.

Por falar nele, o coitado impaciente buzinava mais uma vez.

— Vamos? — perguntei à Julia.

Minha amiga também estava linda, ela enfim tinha tirado os óculos e enfrentado as temidas lentes de contato, soltou o cabelo e fez cachos nos fios, passou uma maquiagem natural e o resultado foi impressionante. Tinha certeza que ela encantaria o Felipe, o cara por quem ela era apaixonada, mas que nunca olhou duas vezes para ela. Saímos do quarto e encontramos os pais da Julia na sala, assistindo televisão. Ao nos ver a mãe da Julia se levantou com a câmera em suas mãos.

— Hoje é um dia memorável, precisa ficar registrado — disse ao começar a tirar várias fotos nossas. — É a primeira festa que minha filhinha vai.

— Mãe! Pare, já chega — disse Julia indignada, querendo logo sair daquela sessão de fotos. Ela tinha uma baixa autoestima, sempre se achava feia e fugia de fotos, ou tentava, pois sua mãe não deixava.

— Claro que não chega, só mais uma — disse dona Marcela entregando a câmera para mim e fazendo posse ao lado de sua filha. — Vem Daniel — gritou ela chamando o marido que estava sentado no sofá, com cara de cansaço, mas ainda assim foi, pois sabia que não adiantava argumentar com sua mulher, ela sempre ganhava. Tirei as fotos da família feliz, depois também fui obrigada a sair nas fotos.

— Agora você tira as fotos Daniel, pois vou tirar uma foto com minhas meninas — exclamou dona Marcela.

Lá fora, Thiago estava impaciente, buzinando, mais uma vez.

— Nós precisamos ir, dona Marcela.

— Está certo, as fotos que eu tirei já estão de bom tamanho — falou ao observar as fotos.

Essa foi a deixa para o senhor Daniel, que começou a sessão de sermões, apesar de serem liberais, eles ainda eram pais. Ambos passaram vários sermões antes de deixar-nos sair. O coitado do Thiago já havia buzinado várias outras vezes. Saímos de casa e entramos no carro, qual foi a nossa surpresa quando vimos que Felipe também estava no carro e que, gentilmente, saiu do banco da frente e foi para o banco de trás com a Julia.

— Oi, Thiago — falei tímida. Podia jurar que minhas bochechas estavam vermelhas.

— Oi, Bianca. — Respondeu se inclinando e roubando-me um beijo, que foi rápido, por estarmos parados na frente da casa da Julia, e também por termos uma plateia. Mas foi o suficiente para me deixar sem folego. – Agora sim, lhe cumprimentei direito e já podemos ir.

Julia soltou uma risadinha. Olhei para o banco de trás e fuzilei-a com meu olhar, que logo para de rir, mas quase não se continha. O caminho até a casa do Alê foi feita em poucos minutos. Chegamos e o Thiago procurou um local para estacionar e quase não achou, pois o lugar estava lotado.

— Uau! Tem muita gente! — Falou Julia surpreendida, assim como eu.

Eu já imaginava que muitas pessoas participavam dessas festas, mas não tantas assim.

— Sim Julia, sempre vem muita gente, principalmente das cidades vizinhas — disse Felipe pegando na mão dela e sendo carinhoso.

Vi que ele estava dispensando uma atenção especial a ela e fiquei muito feliz, pois minha amiga merecia. Eles estavam conversando baixinho, tentei ouvir o que falavam, mas senti a mão do Thiago em minha coxa.

— Deixe-os — Falou baixinho.

Resolvi deixá-los se entenderem. Logo Thiago encontrou um lugar para estacionar e entramos na casa. A festa rolava, música alta tocava. Ao entrar na sala, esbarrávamos uns nos outros, tal era a quantidade de pessoas, parecia que a cidade toda havia sido convidada. Minhas expectativas sobre a noite eram grandes, esperava que tudo ocorresse bem, tanto para mim quanto para a minha amiga. Nós iriamos brilhar!

���K.n_

Depois que te ConheciOnde histórias criam vida. Descubra agora