De tempos em tempos eu, Tato e o Capetinha nos reuníamos para falar besteira, é incrível como sentíamos necessidade de falar sobre sexo e nós três geralmente terminávamos a conversa nos masturbando, não entendo como nunca nos pegaram fazendo isso!
Eu e o Capetinha mantínhamos nossos encontros secretos a sós, mas isso não me dava o prazer de antes, a verdade é que estava louco pra fazer com o Tato, mas não tinha coragem nem de tentar. Com certeza ele iria contar pra todo mundo que eu tentei fazer alguma coisa com ele, bater uma punheta é coisa de macho, mas o resto.....
Fazia de tudo pra me masturbar a sós com o Tato, mas era impossível porque isso só acontecia quando o Capetinha estava por perto, era sempre ele que ficava falando até a gente topar e eu não tinha coragem de tocar no assunto, de sugerir, então ficava quieto, só na minha.
Quando se é adolescente, parece que todo dia a gente descobre alguma coisa e de um dia para o outro descobri o New Wave! Oitenta e quatro foi o ano do New Wave! No rádio uma banda nova tocava sem parar, Paralamas do Sucesso detonava com "Óculos", apareciam os Titãs, com "Sonífera Ilha", B52 e sei lá mais quem. Roupas muito coloridas, apesar do gesso eu estava lá, começando a descobrir a vaidade e roupas de marca. Sem dúvida finalmente havia me tornado um adolescente e outro turbilhão de sentimentos novos surgiam em minha mente. Depois do sexo, estava agora descobrindo a música, a moda e começava a reivindicar a liberdade dentro de casa.
Todo mundo ia na domingueira do clube Primeiro de Maio, no centro de Santo André e eu tinha que ir também. O problema era minha idade. Só entravam maiores de catorze anos e eu ainda tinha doze. Carteirinha da natação falsificada, mãos soadas e momentos de tensão. A fila para entrar era sempre enorme e aqueles minutos pareciam horas!
- Será que vão me deixar entrar?
- Você decorou direitinho sua data de nascimento, né?
- Sim! Não vou errar!
- Não esquece o nome da mãe e do pai, eles perguntam tudo quando desconfiam.
- A carteirinha é minha mesmo, tá na boa.
Minha vez! Eu era o próximo, seja o que Deus quiser! Não deu outra, me barraram, que saco!
- Identidade – disse o segurança logo de cara, com a mão no meu ombro.
Não conseguia encará-lo direito, era evidente meu nervosismo, qualquer um percebia que eu estava com o cú na mão, ainda mais esses caras que ficam em portaria de danceterias, boates e tal.
Coloquei a mão no bolso de trás e puxei a carteirinha da natação.
- Está aqui, não estou com a identidade.
- Então não pode entrar, só com identidade. Isto aqui não é um documento. – disse o segurança, procurando fixar os olhos nos meus, como se quisesse me lembrar sua autoridade.
- Mas estou sem identidade. Sabe o que é? Eu passei no Senai e então tive que deixar meus documentos lá porque eles estão me encaminhando para uma empresa. Mas semana que vem eu já vou estar com meu RG devolta. – enquanto falava tentava disfarçar a voz, mas a verdade é que já estava sentindo o nó na garganta e não ia demorar muito para começar a escorrer as lágrimas.
- Então semana que vem você entra garoto. – disse já sinalizando para o carinha que estava atrás de mim entrar.
- Olha eu não tenho como voltar, meus amigos já entraram e nem dá mais para avisar, tenho quatorze, se eu não tivesse nem poderia estudar no Senai. – desta vez procurei encará-lo também, inspirar maior confiança.
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O que há por trás do pijama...
Любовные романыAssim começa a saga do Marc, o personagem do livro O Pijama, uma história envolvente, realista e com certos toques de humor. Quem não se viu em algumas situações na qual o Marc passou? Quem nunca buscou o grande amor? A verdade é que não sei se ess...