Capítulo 7

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Mil novecentos e oitenta e seis....

Fiz 14 anos!

Fiz 14 anos! O tempo passou e voltamos a ser todos amigos, mas nunca mais falamos sobre isso. O Tato começou a namorar uma menina atrás da outra e o Capetinha seguiu o mesmo caminho. Eu continuava sozinho. Meus desejos estavam mais controlados e não pensava mais em meninos, essa fase tinha acabado! O negócio era Rock'n Roll, skate e sair com a turma!

Meu irmão estava a um ano fazendo Senai, uma escola profissionalizante bancada pela indústria. Era minha vez de fazer o exame de admissão, precisava entrar senão meu pai me mataria. Fiz o teste, passei e fui fazer o curso. Escolhi Ar Condicionado e Refrigeração, não fazia diferença mesmo, não gostava de nenhum dos cursos. A escola Senai ficava no Ipiranga e logo no primeiro dia percebi que não ia ser fácil. Era um sistema meio militar. Escola integral só para meninos, os trotes eram pesados, tínhamos que bater continência para os veteranos além de outras humilhações, caso contrário era porrada na certa, mas me adaptei rápido.

Tinha um menino do terceiro semestre, era muito bonito, quando se aproximava, por mais que eu tentasse disfarçar, não conseguia desviar os olhos dele, e ele percebia claro.

Às sextas nós saíamos uma hora mais cedo, num desses dias resolvi ficar até mais tarde, estava a fim de comer um lanche, mas preferi esperar os veteranos saírem. Normalmente eles penduravam em qualquer calouro que se aproximasse da lanchonete. Quando percebi que a barra estava limpa, entrei e pedi um lanche, enquanto estavam preparando fui sentar numa das mesas para esperar.

Estava distraído quando ouvi:

- Olha o bicho, fazendo o que aqui bicho?

Levei um susto, que droga!!!! Só faltava um mané vir embaçar na minha agora. Levantei a cabeça pra ver quem era dessa vez. Quando vi o garotinho do terceiro semestre, fiquei sem reação. Sabia que ele era um dos piores entre todos, mas mesmo assim não poderia negar que entre todos, se alguém tivesse que me encher o saco, que fosse ele.

- Estou esperando o lanche que pedi...

- Opa!! Quer dizer que vai pagar lanchinho pra mim?

- To duro, não tenho mais nada aqui.

- Ahhhhh.. que isso bicho, você vai dividir comigo, né? - perguntou já sentando-se a mesa.

- Não. Não vou dividir, se você quiser compre um pra você. - droga esse cara vai embaçar mesmo, mas eu não vou abaixar a cabeça pra ele nem a pau, ele está sozinho hoje, mesmo que amanhã venha com a turminha, pelo menos hoje eu me garanto.

- Porque? Você não me acha bonito?

- Como é? - quase cai da cadeira, droga ele percebeu alguma coisa, mas eu to falando de lanche e ele tá falando do que?!?!

- Perguntei se você não me acha bonito.

Enquanto fazia o possível para desviar o olhar, ele se esforçava para me encarar pra valer. Estava estudando minha reação e funcionou, não consegui disfarçar o nervosismo.

- Eu??

- Você mesmo bicho! Então você me acha bonito ou não?

Drogaaaaaaa!! Era tão fácil falar que não pra ele se mancar e sair fora, poderia xingá-lo ou qualquer coisa do tipo, mas afinal porque eu não conseguia responder? O lanche chegou pra me salvar.

O que há   por trás do   pijama...Onde histórias criam vida. Descubra agora