Berlin

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Minhas mãos tremulam quando um choque de nervosismo corre pelo meu corpo dos pés a cabeça. As portas do elevador se abrem em um corredor mal iluminado. Caminho lentamente por ele, sentindo uma espécie de enjoo e tontura. Tudo balança ao meu redor e a porta do apartamento de Louis parece se distanciar cada vez que chego perto.

Eventualmente consigo alcança-la e giro a maçaneta para ver que está aberta. As roupas de Louis estão jogadas por toda parte, sua mala está uma bagunça. Eu atravesso a pequena sala desorganizada e dou de cara com o quarto, onde Louis está sentado na cama enquanto sua namorada cavalga nele de maneira selvagem.

Estou paralisado, não consigo mover um milímetro se quer. É como se eu tivesse sido congelado e amaldiçoado a assisti-los daquela maneira e é isso que acontece. Meus ouvidos me perturbam com o som dos gemidos de ambos, minha temperatura baixa, meu corpo perde a força.

"Besta", Eleanor vira o tronco para trás e me encara com um sorriso maquiavélico "o que você pensou? Ele nunca foi seu mesmo!"

Tudo começa a balançar, como se um terremoto estivesse acontecendo, então eu acordo com a aeromoça dizendo que estamos passando por turbulência. Ainda bem que estamos, não aguento mais nenhum um segundo desse sonho.

Tenho tido pesadelos recentemente. A maioria deles envolve Louis e, de alguma forma, estou perdendo ele, seja para a namorada cafona ou para a própria morte. Tenho medo de fechar os olhos e adormecer, pois a qualquer momento um cenário se cria na minha fantasia e, ao invés de transar com Louis, estou assistindo ele partir.

Eu pensei que era sufocante e atormentador, sonhar que estávamos na mesma cama com os corpos entrelaçado um no outro e acordar só para descobrir que não se passava de um sonho, mas a ideia de ter Louis tirado de mim é o pior sentimento que já tive. Já está bem óbvio o que se passa comigo e o que estou sentindo, mesmo que eu não consiga dizer em voz alta. Sexo foi o que me atraiu para Louis, mas o que me manteve foi bem mais que isso.

Pousamos em Berlim e eu já não aguentava mais esperar para vê-lo. Todo o processo de desembarque me deixou bastante apreensivo. Cheguei no meio da tarde e não tenho nenhuma pista do paradeiro de Louis a não ser a própria empresa. Após apanhar a mala, pego um táxi para o hotel somente para fazer check-in e deixar minhas coisas lá. Meu coração já começa a acelerar ao perceber que estou prestes a iniciar minha procura. É um trabalho em tanto, mas eu acredito que Louis vale a pena o esforço. Jamais vou encontrar uma pessoa como ele, que mexe comigo do jeito que ele faz.

Verifico na internet o endereço da empresa e, após um breve banho, desloco-me para lá. Já faz tanto tempo que tenho carro que até tinha me esquecido de como era o transporte público. De alguma forma, foi até legal ter essa experiência novamente, ainda mais em um país diferente.

O nervosismo toma conta de mim quando me vejo diante do prédio da empresa onde Louis trabalha e tento evitar que meu corpo evoque o mesmo sentimento provocado no sonho. Não gosto de ficar desse jeito, faz eu me sentir vulnerável. Ainda sim, eu gosto de como Louis faz eu me sentir, pois é assim que eu realmente tenho a certeza de estar vivo.

A entrada do prédio é idêntica a da filial em Londres. A porta giratória, o corredor que leva até o porão, a bancada curvada da recepção. Há várias pessoas aqui. Preciso entrar em uma fila para poder falar com um dos recepcionistas. Existe uma área diagonalmente ao lado deles que leva para os elevadores, mas essa parte é restrita. Alguns funcionários utilizam um cartão para passar pela catraca, outros recebem um cartão de acesso único que depois é sugado pela máquina.

"Chique", sussurro para mim mesmo.

Finalmente chega a minha vez e me sinto meio estranho, pois todos falam em alemão. Hesito um pouco quando a recepcionista me cumprimenta em seu idioma, mas não tem jeito. Preciso falar em inglês mesmo.

Just My Imagination (Larry Stylinson Short Fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora