Home

555 20 6
                                    

Em um quarto semi escuro de cores verde e vermelho predominantemente, puxo o telefone do gancho e digito o número que vejo no cartão amassado. Enquanto aguardo a chamada ser atendida, procuro não pensar muito, nem imaginar coisas, pois sei que irei me frustrar com minhas expectativas; então, apenas respiro fundo. Já não é hora mais de me iludir, é hora de dizer adeus e seguir em frente.

Mas aí, escuto a voz de Louis no outro lado da linha e minhas defesas se desarmam. Engulo em seco, controlo a respiração e não consigo dizer nada.

"É você, não é, Harry?" Ele finalmente pergunta. "Eu reconheceria sua respiração de qualquer forma."

"Desculpa. Eu só liguei pra..." aperto o telefone em minhas mãos com mais força e umedeço os lábios "...pra pedir desculpas por ontem. Eu me exaltei demais."

"Você? Se desculpar?" Sinto que ele também tenta controlar a respiração. "Pensei que fosse eu que te devesse um pedido de desculpas..."

"Pelo quê?"

"Por fugir...? Eu não sei, Harold." Escuto os sons abafados de Louis ecoando em meu ouvido através do telefone e, automaticamente, deito meu corpo na cama, sentindo-me relaxado. Todo meu ressentimento vai se esvaindo pouco a pouco só de saber que ele está do outro lado da linha. Seria melhor se ele estivesse do outro lado da cama.

"É o que é, não é?" Quebro o gelo.

"É... as coisas são o que são..."

Ninguém fala mais nada, no entanto, nenhum de nós dois consegue dizer adeus ou desligar a chamada. Troco o telefone de mão e, agora, com a mão direita livre, passo-a levemente pelo meu peito nu enquanto escuto a respiração de Louis. Isso faz eu me lembrar dos seus gemidinhos esganiçados e de sua voz carregada de prazer.

"Eu vou embora hoje a noite", informo. "Eu ia ficar por mais alguns dias, mas percebi que já não tenho mais o que fazer aqui, não é?" É lógico que eu quero que ele me diga para ficar, mas não posso pedir por isso.

"Ah, entendi..." E é claro que ele não vai pedir. "Faça uma boa viagem, então..."

"Tem..." Sinto minha voz falhar. "Tem certeza?"

Louis não diz nada. Como não vejo seu rosto, não tenho como tentar adivinhar o que se passa na cabeça dele, mas essa incerteza ao responder somente ressalta que ele não quer realmente que eu vá embora, não é?

"Só diga as palavras, Louis." Peço. "Só me pede... e eu fico."

Mais uma vez, fico sozinho no silêncio. Louis está tão quieto que não sei nem se ele ainda está me escutando e isso é bastante revoltante. Dessa forma, encontro em sua relutância a resposta para as minhas perguntas. Se viver com Louis é viver com essa incerteza, então... acho que é melhor eu ir embora. Afinal de contas, foi para isso que eu liguei, não foi?

"Eu sabia que você não diria..." Minha voz está meio chorosa ao vozear isso. "Adeus, Louis."

Desligo o telefone com força e deixo uma lágrima idiota escapar com força. É claro que a limpo imediatamente e balanço a cabeça para afastar os pensamentos que virão a seguir. Não quero sofrer por Louis, não quero sofrer por ninguém. Eu estava certo o tempo todo. É melhor eu voltar para o meu estilo de vida e seguir meu caminho sozinho, porque é assim que sempre vai ser. Louis não é par para mim, ele foi apenas uma distração.

Então eu faço minhas malas e jogo tudo dentro dela com raiva. As lágrimas não cessam de cair, não importa o quanto eu as limpe. É engraçado, pois não estou chorando, só as estou expulsando. E quando visualizo meu rosto no espelho, meus olhos estão vermelhos, o desenho da minha boca está caída.

Just My Imagination (Larry Stylinson Short Fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora