Algumas mudanças necessárias

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Pulo da cama com tamanha gritaria. - VAMOS RATOS IMUNDOS - grita meu pai invadindo o quarto da tripulação. Não senti vontade de ficar com ele no quarto, depois que fiquei com sérias dúvidas sobre ser parecida com ele, resolvi ficar com a tripulação do Pérola. - Para a Baía da Espuma. E nem pensem em amarelar. Andem logo.

Olho de soslaio para ele, que nem me avistou no canto da grande sala. Sento na cama reservada para o primeiro e calço as botas rapidamente. Visto o casaco grande e grosso e agarro minha espada. Saio do quarto sem falar com ninguém.

- Vamos mesmo para a Baía da Espuma capitã? - Pergunta algum marujo assustado quando passo pela porta.

- Não sou sua capitã - resmungo me encostando no batente. - Caso não tenha percebido, meu pai voltou, sou a primeira. E para de ser medroso marujo, se apresse ou ficará para trás, e eu saberei que ficou - aproximo meu rosto do dele. - Não quer que eu vá atrás de você, não é?

- Não - balbucia ele ajeitando a espada e apressando os demais marujos.

Ando até o deque e subo pela rampa até o convés do navio. Alguns marujos já preparam o Pérola para a partida. - TODOS A BORDO GAIVOTAS DESPENADAS - grita meu pai para os marujos que se arrastam até o navio. - Ou irei pendura-los na proa.

- Tem um plano para pegar a lágrima? - Pergunto me encostando no corrimão da escada. Me esforço para parecer indiferente com sua presença.

- Minha amada filha, quando é que eu não tenho um plano? - Ele anda até mim. - Está diferente, o que tem acontecido?

- O que tem acontecido? - Pergunto ironicamente. - O incrível capitão Jack Sparrow não faz nem uma ideia? Ora mas que curioso.

Ele passa a mão por seu bigode e olha para os lados. - Não - responde segurando meus ombros.

- Quase morri para traze-lo de volta a vida e você não é capaz nem de agradecer - pisco diversas vezes para não deixar as lágrimas escaparem. - Não posso acreditar que seja tão insensível a esse ponto, meu pai.

- Joanna - ele tenta impedir que eu saia, mas consigo me distanciar até o convés. - Levantar ancora, preparar para zarpar - ele diz voltando ao leme, não se dando o trabalho de vir atrás de mim.

Sinto-me mal por ter falado tudo isso, mas não poderia aguentar para sempre. Toda a minha vida fingi ser fria e não ligar para nada, mas quando a única pessoa que você ama o trata com incessibilidade fica difícil de conter a emoção.

- Você está bem? - Pergunta Thiago se aproximando, os Turner vieram em nosso navio, já que o de Elizabeth desapareceu. Viro para ele e mordo o lábio inferior, balanço a cabeça em negativa. - Vem comigo - sou guiada até o porão do navio, onde não há ninguém. - Quem conversar? - Balanço a cabeça em negativa novamente, meu rosto esquenta e sinto que não conseguirei mais segurar.

- Só - começo, mas minha voz falha. - Só me abraça. - Rodo os braços na cintura de Thiago e me desmancho em lágrimas, ele retribui e acaricia meus cabelos enquanto encharco suas roupas com minhas lágrimas quentes. Choro até não aguentar mais.

- Está melhor? - Pergunta limpando as lágrimas de meu rosto.

- Nunca me senti tão bem - disse. - Pelo visto eu só precisava retirar o pouco de amor que continha em meu coração - olho para ele sorridente. - E saiu em forma de lágrimas. Agora estou bem.

Thiago me encara confuso, acho que o assustei com minhas palavras, sendo assim cumpri meu objetivo. Chega de ser tachada de idiota, a partir de agora serei a pirata com o coração mais frio de todos os sete mares.

                                                                                       [...]

Sinto as rajadas de vento cada vez mais fortes. Uma tempestade se aproxima. Ando até o leme e paro ao lado de meu pai que bebe rum tranquilamente. Arranco a garrafa de suas mãos. - O que está fazendo? - Pergunta tentando recuperar a garrafa.

Bebo um grande gole e sinto a garganta arder, mas não paro. Esvazio a garrafa com algumas goladas e a devolvo para meu pai, que me encara abismado. - O que foi? - Pergunto soltando um soluço.

- Estava demorando - ele sorri e confere a garrafa. - Essa é minha filha.

- Quem tinha dúvidas disso? -Pergunto e acabo me lembrando da conversa com Thiago na noite anterior. -Pai, quem é Gustavo?

- Gustavo? - Pergunta pensativo. - Não me recordo. Por que? - Ele arregala os olhos. - Já o ameacei?

- Não - olho pensativa para o horizonte. - Ele é um tripulante do Pérola.

- Nunca ouvi falar dele - ele gira o leme. - Tem certeza de que é do meu navio?

- Tenho sim - respondo. - Ele se voluntariou para navegar com o senhor, diz que foi a algum tempo.

- Costumo me lembrar de cada idiota que aceita navegar comigo - ele anda até mim. - Ainda mais se é um idiota que se voluntaria. Tome cuidado - ele adverte.

Me coloco a pensar sobre as palavras de meu pai, já é a segunda pessoa que me diz para ter cuidado com ele, mas não consigo compreender o motivo. Gustavo é tão diferente de todos os marujos nojentos que já conheci, e olha que já conheci diversos piratas. Preciso descobrir o que está acontecendo, e vou descobrir.

                                                                                     [...]

O vento faz o navio balançar furiosamente. Me seguro a beirada para que não caia ao mar. - Vamos todos morrer - choraminga um marujo encolhido a um canto, em meio a alguns barris de rum.

- Está de brincadeira marujo? - Pergunto me abaixando a sua frente. - Levante-se agora mesmo da sua toca de rato e ajude a controlar esse navio - sorrio de lado. - A não ser que você tenha perdido seus culhões.

Ele arregala os olhos e me encara engolindo em seco. - Não - diz com a voz trêmula. - Não perdi nada - ele levanta e anda até uma corda que chicoteia o ar. Rapidamente a segura e começa a arrumar as velas. Abaixo a aba do chapéu como parabenização e continuo andando pelo navio.

- Joanna - chama Thiago de algum canto. - Entre, está perigoso ai fora.

Encaro seus olhos, ele está parado a porta da cabine do capitão. - Está falando sério? - Retruco. - O navio precisa ser comandado pelo primeiro, já que seu capitão está caído de tão bêbado em algum canto. - Viro de costas e continuo a andar. - Não pretendo largar meu posto e meu navio por uma simples tempestade.





Olá meus amados piratas

Desculpem-me pela demora, estava sofrendo do tão temido e famoso bloqueio criativo, mas agora voltei com tudo.

O que acharam, ein?

Joanna hiper fria de agora em diante então?

Quais suas opiniões sobre o misterioso Gustavo?

Beijos de Rum

NatáliaB.

A Filha de Jack Sparrow [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora