Dia Difícil

5 1 0
                                        

Jacob POV on:

 Amanheceu o dia, são cinco horas, levanto, faço minha higiene pessoal, logo quando saio do banheiro recebo uma ligação.
- Sr. Andrews?- uma voz não muito estranha diz.
-Sim, sou eu.
- Aqui é a Dr. Yukoshini.
- Oi Dr. Yuko, aconteceu alguma coisa com Cristal?- pergunto já meio receoso do que seria a resposta.
- Ela passou mal durante a madrugada inteira e a única pessoa que ela disse que queria ver era você.- aquilo foi mais dolorido que uma facada, e olha que eu já levei facadas.
- Vou fazer o possível para ir o mais rápido que puder.
- ótimo, nos vemos então, Tchau.
 Termino a ligação, desço para o estacionamento, pego meu carro e saio em direção ao hospital, passo por uma loja e compro uma caixa de bombons e continuo a seguir para o hospital. Chegando no mesmo nem preciso ser anunciado nem nada do tipo, sabia onde Cristal estaria e fui direto ao seu encontro.
- Oi princesa- ela abre um enorme sorriso quando entro pela porta do seu quarto.
- Tio Jacob- a abraço e lhe dou a caixa de bombons que havia comprado.
-Fica hoje aqui comigo ?- pergunta com a carinha mais fofa do mundo.
- O máximo que eu puder ficar eu fico sim minha linda- começo a fazer cócegas em sua barriga, e a mesma a gargalhar bem alto.
- O clima aqui está bom em?- Dr. Yuko entra na sala sempre sorridente.
- Posso falar com você ?- pergunto, ela assentiu, dei um beijo na bochecha de Cristal e acompanhei a Dr. até o corredor.
- Como ela está?-Pergunto
- Bom, o quadro dela só está se agravando, estamos fazendo de tudo para que ela passe seus últimos momentos bem estável.
- Últimos momentos? Eu não estou contando com essa hipótese, é dinheiro? eu tenho mais, o quanto vocês quiserem para salvar a vida dela.
- A questão não é dinheiro Jacob, o organismo dela não está mais aceitando a medicação, mas não sabemos ao certo o quanto ela ficará assim, um mês, uma semana, um dia- olho pelo vidro e vejo Cristal sorridente, como se nada de ruim estivesse acontecendo com ela, não queria que as coisas fossem assim.
Entro de volta no quarto e Sarah a mãe de Cristal vem até mim.
-Jacob, o pai dela como está?
-Bom, ele está bem fraco, doente, mas não posso sempre está visitando ele para dizer como Cristal está, e contra as regras, sem contar que ele está isolado.
- Obrigada por tudo que faz por minha filha- me abraçou chorando, fiquei um pouco surpreso mais logo retribuí o abraço. Cristal é filha de um ex matador de aluguel, ele fora preso por minhas próprias mãos a 4 meses atrás, procurei por sua família para contar-lhes e descobri que ele tinha uma filha de 6 anos que sofria à quatro meses de Leucemia, ela chorava todos os dias por falta do pai, por mais que fosse contra todos os regulamentos de conduta me senti mal e quis me redimir, agora que o pai não pode mais pagar seu tratamento eu que arco com todas as despesas de Cristal, ela agora mora no hospital, não sai mais daqui por precaução dos médicos, com o tempo fui me afeiçoando a ela, e a mesma a mim.
-Bom eu já tenho que ir-olho para a tela do meu celular e vejo o 'chefe' me ligando- droga !- penso.
- Ah tio Jacob, fica mais um pouco- Cristal fala me segurando pelo braço.
- Meu anjo, prometo que volto semana que vem está bem?- ela assentiu, dei um beijo em sua testa e sai.
- Alô?- atendo o celular que mais uma vez vibrava, enquanto eu dirigia de volta para o instituto.
- Seu irresponsável, onde você tá?
- Já estou voltando para aí- falo revirando os olhos.
- Quem autorizou sua saída?
- Eu mesmo ?- respondo, deixando um ar de dúvida.
- Quando chegar aqui vamos conversar- fala e desliga o celular antes de me pronunciar sobre.
- Que saco!- bato com força no volante quase indo para o outro lado da pista, me recupero do susto e continuo meu caminho.
Depois de uns vinte minutos dirigindo chego no instituto pra encarar a fera, entro no seu escritório e o mesmo já levanta da cadeira.
- Onde você estava?
- Resolvendo uns problemas
- Quais problemas ?
- Meus problemas, não precisa se meter- falei.
- Próxima vez só sai com permissão
- Ou o que? vai me pôr de castigo?- ironizo
- Você tem que cumprir com suas obrigações, não pode sair e ficar sem dar as aulas, você é pago pra isso- bateu com força na mesa.
- Eu cheguei no horário, não cheguei?- falo já saindo da sala.
- Jacob, volta aqui!- e saio sem nem ao menos olhar para trás, escuto um barulho, mas era só coisa da minha cabeça e deixo pra lá.
 Durante todo o dia cumpro com todas minhas obrigações, vou para meu quarto, tomo um bom banho me arrumo e desço para jantar, coloco meu prato, e vou a procura de uma mesa vaga, como não tinha resolvi sentar com Angel, que estava em uma mesa sozinha, como eu sei que é Angel ? a irmã é doce e ela é amarga, já percebe de longe.
- O que você acha que está fazendo?-perguntou e a encarando respondi.
- Comendo?- arqueio minha sobrancelha.
- De tanto lugar pra você sentar, escolheu logo esse ?- perguntou, como sempre, irritante.
- Eu sento onde quiser- retruquei.
- Você deveria ser mais educado, idiota!- retalhei.
- E você menos insolente- bati com força o copo na mesa, percebi que a assustei , a mesma levanta e sai caminhando .
- Não me dê as costas- falo, e ela continua andando fingindo que não está me escutando, bufo de raiva me levanto e vou para a sala de treinamento, coloquei as luvas de Muai thai e comecei a socar o saco de pancada.
- Cara calma desse jeito você vai estourar até com o saco- ouço Renan falar
- Se você quiser posso socar a sua cara- falo irritado me voltando para ele- o mesmo arregalou os olhos.
- Não vá em frente, to saindo fora- e saio da sala.
...
 Acordo mais calma por ter passado quase a noite toda descontando minha raiva e estava disposto a pedir desculpas a Angel, por ter sido grosseiro com ela, desço para o café e só vejo sua irmã, concluo que a mesma deve está no quarto, subo para o mesmo e me deparo com o Justin beijando Angel.
- O que significa isso aqui?...
Justin POV:
-O que significa isso? – levo um susto quando escuto essa voz, que por acaso era de Jacob, e reviro os olhos, será que ele não poderia aparecer um pouco mais tarde não? Que pé no saco esse cara.
 Depois do ocorrido acabei sendo castigado por quebrar duas regras, uma de invadir a ala feminina e a outra de namorar aqui dentro, qual é? Ser feliz é proibido também? Segundo eles esses namoros podem nos distrair e atrapalha o treinamento, blá blá blá. Bom o castigo não está sendo nada de mais, ou melhor, está, um treinamento pesado, e bota pesado nisso, caramba! Esse Jacob não facilita mesmo!
- Anda logo, tá ai parado por quê? Se dependêssemos de você em uma operação já estaríamos mortos. – ele fala me tirando dos meus devaneios " Pode apostar que estariam" penso assim que ele termina de fala com um sorriso de lado.
- Tá sorrindo por quê?
- Nada não – falo balançando a cabeça e me concentrando no treinamento, e logo minha mente viaja para outras dimensões novamente, para o meu passado.
Me lembro de quando tinha apenas quatro anos e uma mulher loira, e linda por sinal, a minha mãe eu acho, ela era um amor de pessoa, mas ela estava com a aparência abatida, exausta de tanto trabalhar, meu pai, bom não lembro muito dele, mas tenho uma leve lembrança que ele era mal e fazia minha mãe sofrer, bom quando eu tinha quatro anos, como dizia, na verdade no dia de meu aniversario de quatro anos, essa mulher que suspeito ser a minha mãe me levou pra comer bolo, meu primeiro pedaço de bolo ( não éramos muito ricos), na saída da confeitaria ela se ajoelhou, me abraçou bem apertado, como se fosse uma despedida, e beijou minha testa e me disse que me amava em meio á lágrimas, eu não entendi o que estava acontecendo, mas me lembro nitidamente daquele momento, da última vez que vi a minha mãe. Eu passei o meu polegar em suas bochechas e sequei suas lágrimas e disse " Também te amo mamãe, não chora", e isso só a fez chorar mais, ela passou as mão na bochecha e secou as suas lágrimas me deu um último beijo e falou " Filho, a mamãe vai ali rapidinho e já volta, tá? Não saia dai" eu assenti e ela me deu um último abraço e saiu andando. Eu realmente não sai dali, por um dia inteiro, até por uma semana, sozinho, com fome, as pessoas olhavam pra mim com pena, como odeio isso, pena, algumas até paravam e me perguntavam de meus pais, o que fazia na rua sozinho, eu falava que estava esperando minha mãe e eles me olhavam de novo com pena, alguns até me davam uns trocados, eu não queria a droga do dinheiro deles, eu queria minha mãe. Até que um dia entendi que ela nunca mais voltaria e comecei a vagar pelas ruas pedindo esmolas.
 Foi assim por muito tempo, até que um dia, eu entrei em um bar pra comprar um salgado com os trocados que tinha conseguido com esmola, o dono do bar olhou duvidoso pra mim e me enxotou de lá, mas um homem, alto, musculoso todo tatuado e careca viu a cena e não gostou nada do que viu, me pegou pelo braço e falou duramente olhando para o dono do bar – "Ele tá comigo" e bom, eu estive com ele, ou melhor, estou com ele até hoje, ele me levou pra casa e me criou como um filho, sou eternamente grato a ele, ele sim é minha família, não aqueles que um dia me abandonaram, aqueles são só quaisquer pessoas do meu passado, que eu não deveria nem recordar.
Sou tirado de novo de meus pensamentos com Jacob dizendo que estou liberado, eu assenti e vou para o meu quarto.
...
 Já no meu quarto, assim que estou indo tomar banho ouço o meu celular tocar e vou atende-lo.
Ligação off:
- Precisamos conversar!!- fala uma voz que eu achei que passaria muito tempo sem ouvi-la...

Heredity Of BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora