::FERNANDO::
No momento que meus olhos pousaram sobre ela senti meu coração parar por um mínimo instante e minha respiração desaparecer. Percebi que ela me reconhecera também, ainda que tenha disfarçado a surpresa rapidamente, desviei o olhar notando um sorriso no rosto de Rashne, provavelmente ela havia percebido o que aconteceu, precisava pensar de antemão em uma desculpa para aquilo. Rami e eu nos pusemos de pé para recebe-las e todas sentaram-se à nossa volta, por mais que tentasse era impossível não acabar voltando meu olhar para ela, como se todas as outras não existissem ali, algo me dizia que isso lhe traria problemas então decidi ouvir meus instintos e voltar o olhar para meu prato.
— Muito bem — começou Rashne, simpática — o príncipe Dastan foi abençoado pelos deuses, nunca vi mulheres tão lindas assim. Digam-me, uma a uma, como se chamam.
Elas começaram a se apresentar, Ayla, como eu já sabia, seria a última a dizer seu nome. Ela sentara-se na última cadeira da mesa, mais afastada possível de todos. Percebi que, em sua vez, Rashne lhe deu especial atenção, e notei também os olhares de fúria na direção dela definitivamente aquilo não era bom.
— Ayla. — Repetiu Rashne sorridente. — A luz da lua. É um belo nome, quem a nomeou como tal?
— Meu pai. — Respondeu timidamente. — Ele queria que eu tivesse um nome persa e hebraico.
— E de que origens são seus pais, Ayla? — Cadmus quis saber com um interesse que me incomodou. Ela demorou um pouco antes de responder.
— Meu pai é persa, senhor, e minha mãe é judia.
Um longo silêncio fez-se na sala. Momento histórico disse para mim mesmo tentando acessar minhas memórias ao longo do tempo, era como se eu tivesse voltado no tempo em branco. Persas não gostavam de judeus? Mas a imperatriz da Pérsia era judia. Vá entender! Todas as demais jovens olhavam para Ayla como se ela fosse algo de outro mundo, constrangida, ela baixou a cabeça olhando sua comida intocada.
— Que interessante. — Disse Rashne quebrando o constrangedor silêncio. — Temos sangue real à mesa. O imperador fará gosto nisso.
Havia algo no tom dela que não me agradava. Cadmus era um descendente de amaleque, muito provavelmente como seus antepassados — e depois de tudo que havia acontecido a Ramã — ele odiava ainda mais o povo judeu. A maior parte dele partiu para Jerusalém, sua cidade sagrada, poucos foram os remanescentes e a mistura persa e judeu era considerada herege para o povo persa, uma mistura realmente difícil de acontecer, isso só me fazia crer que ela era sempre especial.
O silêncio perdurou no jantar depois do comentário da princesa regente, percebi que Ayla não tocou na comida durante todo o evento, era como se ela se sentisse deslocada ali, em determinado momento ela ergueu o olhar na minha direção e eu lhe sorri brevemente, com medo de que alguém percebesse o que estava havendo passei os olhos sobre os demais e observei que Rashne nos vira. Eu teria problemas, não havia mais dúvidas quanto aquilo.
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O Protetor [+18]
RomanceATENÇÃO: Essa história contém conteúdo adulto de violência e cenas eróticas. Impróprio para menores de 18 anos. Durante séculos Ana e Fernando caminham um para o outro. Suas almas amálgamas quebraram o equilíbrio do universo e eles se tornaram inimi...