28. A Luz mais brilhante

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::FERNANDO::

— Ela vai ficar bem. — Assegurou Alana quando coloquei Ana na cama novamente. — Essa foi por pouco.

— Viu quem estava lá?

— Não. — Disse ela encolhendo os ombros. — O feitiço invoca o espírito não me diz quem o prendeu. Mas isso não é coisa de demônios pequenos, para alguém atrair uma alma como a dela até o limbo...

— Pensei que qualquer um pudesse fazer isso.

— Não ache que vocês são os únicos organizados. — Acusou ela. — Nós temos uma hierarquia também, há regras a seguir no nosso mundo. O espírito dessa garota está fraco e é exatamente isso que eles querem. Seu tempo está acabando, anjo, precisa contar a verdade pra ela, precisa fazer ela entender seu papel na revolução. Algo mudou agora, ela não é a mesma garota, de algum modo eles não conseguiram alcançar a escuridão no coração dela. Use isso ao seu favor.

— Eu só... — comecei.

— Não há um meio de protege-la disso. — Cortou ela antevendo o que eu ia dizer. — Se queria mesmo protege-la devia ter pensado nisso antes de envolve-la em toda essa confusão. Agora trate de fazê-la encarar o que vem por aí. Se a possuírem agora eles vencem, entende isso?

— Você fala como se não fosse um deles. — Observei.

— Acha que só você quer revolucionar o seu mundo? Nós também estamos cansados das regras de Lúcifer e das imposições de satã. Se eles enfraquecerem, poderemos fazer nossa própria revolução.

— Por isso está me ajudando?

— Sangue de anjo. — Sorriu maliciosamente. — Promessa é dívida, camarada. E com isso nas mãos eu posso assegurar minha própria legião.

Mordi o lábio contrariado. Fiz sinal para que ela me seguisse e peguei um pequeno frasco na sala de estar, segurando uma lâmina celestial cortei um dedo e permiti que o sangue deslizasse para dentro apenas o bastante para não causar um estrago catastrófico, eu já ia ter muitos problemas quando descobrissem aquilo. Ergui o frasquinho e entreguei-o a ela.

— Vê lá como vai usar isso.

— Se tivesse me oferecido antes teríamos chegado a um acordo muito mais rápido. — Sorriu ela. — Gosto do seu jeitinho rebelde, anjo.

— Não comece, seus truques não funcionam comigo. — Dispensei-a.

— Tentar não mata, né? — Piscou. — Avise se precisar de mais alguma coisa, estoque de sangue celestial é meu novo hobby.

Observei quando ela moveu o corpo cheio de curvas na direção da porta do apartamento e fechou a porta. Voltei-me para o quarto novamente onde Ana dormia, daquela vez foi por pouco, mas pelos seus sonhos percebi que ela estava em transição, eu teria problemas quando acordasse. Comecei a limpar e desinfetar as feridas envolvendo-as com faixas de gaze, não queria me arriscar a leva-la para o hospital e sabia que a mãe dela ainda estava por ali, não acreditava — por tudo que havia visto — que ela deixaria as afrontas de Ana passarem por nada agora que ela estava sozinha, mesmo que fosse maior de idade. Passei as mãos pelos cabelos, bagunçando-os, aquilo só piorava.

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