24. Aviso

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::FERNANDO::

Não consegui sair do lugar enquanto a via entrar em casa e, por alguma razão, não consegui sair mesmo depois que sua visão desapareceu por trás da porta, era quase como se pudesse antever os acontecimentos dentro da casa, infelizmente, eu não conseguia antever tudo. Demorou um pouco até que eu conseguisse ouvir a movimentação, provavelmente, Andrea tivesse hesitado um pouco até encarar a família — e o noivo — cara a cara.

A casa ficava em um bairro de classe média alta, tinha uma cor amarela puxada para o creme, o contorno em volta das janelas era branco e tinha incríveis 26 janelas, três das quais destacavam-se para fora, erguidas para cima no telhado da casa, quem visse de fora poderia pensar facilmente se tratar de um prédio de apartamentos e não uma residência de uma única família. Havia duas portas, uma central de madeira simples com um pequeno entalhe escrito KELLER, e, mais ao lado, uma outra um pouco mais estreita que eu imaginava ser a entrada de serviço. Na parte baixa da porta, quase perto do alicerce da casa, havia mais quatro janelas, provavelmente as do porão que nas casas alemães costumavam ser tão espaçosos quanto os cômodos maiores.

— Finalmente nos honra com a sua presença! — A voz era grave e soava cheia de um pesado sarcasmo, reverberou na sala e imaginei ser do pai dela. — por onde andaste até essa hora?

— Vim caminhando para casa e o senhor sabe a distância de Konviktstrasse até aqui!

— Vejam só! — Disse ele cheio de decepção. — Caminhando por aí sozinha como uma qualquer! Percebe o quanto Hans estava preocupado?

— Se estivesse como diz não teria agido como um animal, tampouco teria vindo até aqui sem antes me procurar para desculpar-se pela sua conduta lamentável. — Esbravejou Andrea, imersa em cólera. Ali estava ela, cheia de vitalidade e força. — E não estava sozinha como pensa, Herr Gödering me acompanhou até em casa, seu carro passou por nós, Herr Thorstone, mas creio que estava muito mal humorado para parar e desculpar-se, imagino que se deleitaria mais em vir até aqui manipular os acontecimentos de acordo com sua vontade e conveniência.

— Andrea! — O pai gritou e precisei segurar o impulso de entrar e defende-la. — Como ousa dirigir-se a mim e ao seu noivo dessa maneira?!

— Ele não é mais meu noivo. — Respondeu ela, fria e cheia de convicção.

— Que está dizendo?

— Estou dizendo que esta farsa acaba aqui, papai. Não vou mais me submeter a sua vontade e ser vendida a este monstro apenas para aumentar seu poder aos olhos de quem quer que seja!

Sorri. Uma mistura de orgulho e satisfação preenchiam meu peito, era como ouvir Aneliese falando outra língua, desafiando tudo e todos tão segura de si, um espírito intrépido agarrando-se com unhas e dentes a sua felicidade e aos seus ideais. Eu a havia despertado. Encostei-me em um poste de iluminação que havia ali perto e esperei, sabia que em breve Hans ia sair e eu estava ansioso por aquilo.

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