quinta-feira, 11

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Querido Diário,

Por que as mães tem que ser tão paranoicas?

Sério, eu só queria entender o que se passa pela cabeça delas. Como que eu ir na padaria do outro bairro vai aumentar as chances de um maníaco aparecer na minha frente e tentar fazer com que eu fume maconha? Eu hein, acho que quem fumou foi minha mãe. É capaz de isso acontecer aqui mesmo no meu bairro.

Já era pra eu estar acostumada com isso, mas parece que a cada dia ela inventa uma probabilidade nova. Semana passada, quando eu pedi pra ir na cidade vizinha com a Wendy, ela disse que tinha medo de que alguém tentasse fazer aliciamento à prostituição comigo. Nem sei como escreve isso, Diário. E hoje ela inventou que alguém pode me dopar e vender meus órgãos no mercado negro se eu for caçar Pokémon pela cidade.

O que mais me irrita é que o Chen pode dizer que vai na Turquia que ela deixa. Minha mãe é biased, só pode.

No final eu tive que usar a desculpa de que iria levar o Thor pra passear pra conseguir sair de casa. O mais engraçado é que ele é meio amarelado e tem as orelhas durinhas e pontudas, parecia até o Pikachu.

Então lá estava eu, linda e maravilhosa feito o Ash, tentando capturar um Dragonite que apareceu por milagre perto de onde o Thor decidiu fazer xixi. Tudo estava bem, até que ouvi a voz de satanás atrás de mim. E infelizmente não era o amigo do Chen que todos chamam de Satansoo. Era a Joy.

— Oppa, eu consegui mais um!

Assim que eu finalmente consegui fazer aquele bicho ficar preso dentro da pokébola, olhei para trás e dei de cara com satanás, acompanhada de um demônio. Pro meu azar, Taeyong estava junto da Joy e ambos vinham na minha direção. Tentei disfarçar, virar para o outro lado enquanto xingava o Thor mentalmente por demorar tanto.

Isso teria dado certo, mas parece que o Taeyong vive para me irritar e por algum motivo bizarro me reconhece até se eu estiver virada do avesso.

— Olha só, é a zumbi.

Não precisei nem me virar para saber que ele tinha o sorriso debochado que eu tanto odiava nos lábios. O mesmo sorriso que não saiu do rosto dele quando estávamos na escola de manhã. Parece até que aquilo era permanente, sei lá, um sorriso grudado pra sempre na cara de cavalo do Taeyong.

  — Ah, Yeri! Você também tá caçando Pokémon? 

Joy e sua incrível noção. Ela simplesmente já foi pra cima de mim, como se fosse me estrangular, e quase pegou o celular da minha mão. Uma pena que a rua estava vazia naquela hora, senão eu iria poder dizer que estava sendo assaltada. Olha, até que essa não seria uma má ideia. Ia me livrar de duas pragas de uma vez só.

Mas deixei que a Joy visse minha Pokédex, só porque eu tinha muitos Pokémons bons e estava orgulhosa do meu trabalho duro. Havia valido a pena ter ido com o Chen pra cima e pra baixo nas férias. Enquanto isso eu fiquei encarando Taeyong, que também me encarava sem aquele sorrisinho irritante. 

  — Nossa, você só tem Pokémon bom, Yeri!

De onde ela achava tanta animação assim? Apenas dei de ombros, com minha expressão de porta intacta enquanto continuava encarando o Taeyong. 

— Deve usar hack.

O garoto disse ainda me encarando, o que fez eu revirar os olhos e suspirar pesadamente. Respondi que não, eu não era ele para jogar sujo assim. Só sou sortuda.

O latido irritante do Thor me lembrou de que felizmente eu não precisava ficar parada ali o dia inteiro, então peguei meu celular de volta e comecei a andar sem nem me dar o trabalho de dizer tchau, deixando os dois para trás.

Enquanto eu ia pra casa não parei de pensar em um motivo para os dois estarem juntos. Primeiro a Joy foi a única que conseguiu fazer o Taeyong calar a boca na sala, e agora os dois foram caçar Pokémon juntos? Um pouco suspeito.

Pelo menos assim o Jaehyun vai ser só meu. 

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