A floresta sombria

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-Correr! Preciso Correr!

A floresta em que estava era escura... nada podia ser visto a mais de 10 metros de distância... todas as árvores balançavam com o vento e o barulho que faziam era como uma música suave, mas brusca... silenciosa, mas barulhenta... uma música de fundo para o momento vivido ali.
Kathy olhou para os lados e se percebeu sozinha... não havia sinal de vida. Nada além de um pequeno brilho ao fundo podia ser visto.
Ela se virou para o local do brilho que parecia brotar da noite... aquele brilho tomava toda sua atenção... toda sua concentração se voltou para aquele ponto no horizonte... sim... aquilo com toda certeza era uma fogueira... uma fogueira na qual as chamas pareciam dançar à música das árvores... na qual podiam ser vistoa pequenos desenhos se formando...
Kathy chegou mais perto. Ela queria entender o que o fogo desenhava... queria entender o que o fogo dizia. A cada passo que dava tudo se tornava mais claro.
Kathy andou até chegar perto o suficiente para entender o que queria.
Nas chamas cinco animais podiam ser vistos... uma raposa, uma serpente, um falcão, um jaguar e um cavalo. Todos pareciam viver em paz ajudando uns aos outros... o falcão dividia sua comida com a serpente, a raposa descansava às patas da onça e o cavalo mantinha guarda em uma rocha... todos dependiam um do outro para viver...
Tudo estava calmo e todos estavam tranquilos... até que, saido do canto mais afastado da fogueira, um tigre negro surgiu... no início todos o receberam bem, mas depois o cavalo começou a se mostrar apreensivo e perturbado... os outros animais haviam parado de se ajudar... pior... eles haviam começado a brigar! O falcão e a serpente disputavam a comida, a raposa e a onça brigavam por um lugar na sombra e o tigre... aquele tenebroso tigre, observava tudo de cima da rocha em que o cavalo costumava ficar...
Todas essas brigas ocorridas ali pareciam ser bobas e tolas, mas elas poderiam destruir as cinco espécies presentes.
Kathy não parava de olhar para as chamas... alguma coisa a fazia continuar... alguma força a puxava cada vez mais para perto da fogueira.
Em certo ponto, o cavalo começou a se virar contra o tigre e a tentar dete-lo... Tudo em vão. O tigre avançou sobre o cavalo e, do nada, a fogueira se apagou.
Kathy voltou a realidade... ela ficou assustada. Tinha certeza que tinha visto sangue segundos antes da fogueira apagar. Era verdade... ela realmente vira sangue... Mas de quem era o sangue? "Provavelmente era do cavalo" pensou.
Kathy estava tão entretida com seus pensamentos, que nem percebeu que uma sobra se aproximava dela...
Olhos roxos cintilavam com a pouca luz existente no local... pelos negros... pisar suave... listras roxas? Sim! Roxas! Aquilo não parecia ser real, mas era... o tigre. O tigre da fogueira! Ele estava ali... aquele tenebroso tigre que, somente com sua presença, fez os animais se voltarem uns contra os outros.
Quando se tocou no que estava acontecendo, já era tarde de mais! O tigre avançou sobre Kathy fazendo com que ela caísse. Com suas enormes patas ele a imprensava contra o chão da floresta.
Com um único rugido, as árvores estremecerem, o vento se intensificou e a escuridão aumentou.
Kathy sabia que não conseguiria escapar das garras do animal... Tudo estava perdido...
Então, ela fechou os olhos esperando a morte, mas... a morte não veio. Pelo contrário! O tigre a soltou e ela pode se levantar. Quando olhou para os lados, Kathy viu um cavalo enfrentado o tigre. A crina do animal brilhava junto com seus cascos e rabo. A floresta se iluminava com sua luz. Aquele cavalo era, com toda certeza, o cavalo que Kathy vira na colina.
Ela queria ficar e ver o que iria acontecer, mas o cavalo mandou-a ir fazendo um gesto com a cabeça.
Entendendo o que o animal queria dizer, ela saiu em disparada e correu o mais rápido que pode.
-Correr! Preciso correr!!!

Depois de correr um tempo, Kathy se cansou e resolveu parar para descansar. Essa foi a pior escolha que ela poderia ter feito naquele momento...
Do meio das árvores, dois enormes morcegos do tamanho de jogadores de basquete surgiram. Suas gigantescas asas eram roxas e seus tenebrosos olhos eram negros como as trevas. Aqueles eram seres infernais com dentes capazes de despedaçar uma pedra com apenas uma mordida.
Para piorar as coisas, os morcegos falavam e, naquele momento, só diziam o nome de Kathy com suas vozes sombrias:
-Kathy... Kathy... Kathy...

-Kathy... Kathyy. Filha acorda. Está na hora de levantar.

Os olhos de Kathy se abriram... Tudo o que havia ocorrido fora apenas um sonho... Um sonho louco e surreal, mas um sonho... Kathy não costumava se lembrar facimente de seus sonhos, mas ela tinha a impressão de que, dessa vez, seria diferente. Os olhos do tigre haviam ficado em sua memória e ela sentia que eles a observavam de alguma forma. Ela sentia que eles estavam ali de algum jeito.

O Cavalo das Tempestades - O Reino da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora