Depois de alguns dias na nova cidade, Kathy percebeu que era a única que ia até a velha árvore e passeava pelo bosque. Nos poucos dias que havia morado ai, nunca vira alguém brincando ou passeando nas campinas e bosques que envolviam aquele lugar esquecido pelo mundo. Mesmo achando aquilo muito estranho, ela não ligou, pois apreciava o silêncio que reinava em seu pequeno escondeirijo esquecido por todos.
Durante esses poucos dias em que passara a morar naquela cidade, Kathy descobriu muita coisa. Aprendeu, por exemplo, que a maioria da raposas que vivia a rondar sua casa era inofensiva e só servia para dar sustos em todos que resolvessem ficar sentados na grama admirando a paisagem... aprendeu também como sair de casa sem ser percebida e a chegar até a árvore por um caminho escondido dentro do bosque... aprendeu como disfarçar seu cheiro para que os cães dos Jonsons não a farejassem e a como fugir dos olhares curiosos que a cercavam quando saia de casa. Mas tudo isso não era nada comparado a "sala" secreta que havia em baixo das raízes da velha árvore. Tudo bem... não era bem uma sala... era mais um espaço com o tamanho de um quarto, que se escondia por de baixo das raízes enormes e grossas da imensa árvore centenária. O espaço era comberto de teias e, apesar de ser em baixo de uma árvore, lá coubiam umas dez pessoas em pé. Você pode estar se perguntando: "mas como Kathy descobriu essa sala?" Bom... foi mais ou menos assim... ela estava passeando em volta da árvore para observar cada canto daquele imenso monumento natural, quando de repente, um buraco se abre bem abaixo dos seus pés, e ela acaba caindo... e onde ela cai? Isso mesmo... na "sala secreta" como ela costuma chamar seu pequeno canto escondido da humanidade, o lugar onde ela costumava ir quando estava tiste, deprimida ou até mesmo se estivesse feliz... resumindo... Kathy passava a maior parte do seu tempo dentro da árvore que passou a amar.Certo dia, quando estava a passear pelas campinas e pelo bosque, Kathy ouviu um estrondo seguido por um flash de luz que cortou o céu... uma tempestade se aproximava. Sem ligar muito para isso, ela deu de ombros e voltou a andar e a falar consigo mesma:
-Não preciso voltar ainda -disse ela -o céu está claro e essa tempestade está longe de chagar aqui.
Sendo assim, Kathy continuou seu passeio sem perceber que, a cada minuto, o céu escurecia mais e mais de uma maneira muito irregular para uma simples tempestade.
Ao chegar em seu esconderijo, Kathy notou que o céu estava muito escuro e que começara a chuver de uma maneira repentina. Seu único pensamento foi que deveria achar um lugar seco para se instalar... a sala secreta não estava em sua lista de bons lugares, porque, por conta da sua localização (de baixo da terra), tudo lá ficava alagado. A chuva começava a apertar cada vez mais rápido e nada de um bom lugar seco para se esconder. Tudo parecia estar perdido... sem um lugar para ficar, Kathy acabaria se perdendo e morrendo em algum canto desse lugar horrível. Ela precisava ser rápida... Com ágeis movimentos, Kathy escalou a árvore que tanto gostava e se aconchegou lá em cima. Os troncos e galhos dela estavam secos pois sua folhagem densa impedia que qualquer pingo de chuva, por mais pesado que fosse, atravessasse e conseguisse chegar aos galhos. De lá de cima, Kathy observava tudo que a chamasse atenção, e com toda certeza, um cavalo sozinho no topo de uma colina a interressava muito... o belo animal de pelagem clara se destacava na paisagem chuvosa que dominava o local, mas... alguma coisa estava errada... aquele cavalo parecia... ele parecia brilhar! Seus cascos reluziam como duas esmeraldas e sua crina brilhava como os raios que cortavam o céu. Quanto mais olhava, mais Kathy se espantava... o animal parecia atrair os raios para si e absorve-los de alguma forma. Kathy se enterressou tanto por aquele magnífico animal, que nem notou que estava perto demais da ponta do galho em que se apoiava... o mesmo galho que acabou quebrando com seu peso e derubando-a. A pancada foi tão forte que, assim que caiu no chão, Kathy desmaiou.
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O Cavalo das Tempestades - O Reino da Luz
Fantasi(Escrevi em 2016, quando tinha 12 anos, e publiquei de novo só pra ficar público. Boa leitura.) A cada dia que se passava, Kathy só se entristecia mais por ter se afastado da cidade, de seus amigos, de sua casa... só pensava que nada de bom poderia...