Lauren P.O.V
Horror. Isto que definia a vida dessa podre e indefesa garota. Tão nova e mesmo assim já sofreu tantas coisas inimagináveis.
Crueldade não se compara ao que Karla relatava de maneira tão apática. Como ela conseguia contar tudo o que sofreu com tantos detalhes assim? Quer dizer, passar por tudo já era imensamente doloroso e contar relembrando tudo era igualmente torturante.
Eu estava sem reação, apenas ouvia sua voz embargada e sofrida em um tom pouco acima de um sussurro por conta do choro e de seu estado ainda fraco e frágil. Seu corpo ainda estava muito debilitado por falta de proteínas, além de todos os ferimentos e hematomas. Mas ela queria falar, ela precisava desabafar todo aquele pesadelo que viveu por anos sozinha . E tudo o que eu podia fazer era ouvi-la e segurar sua mão em uma tentativa mínima de conforto e dizer silenciosamente que ela não está mais sozinha.
Eu estava ali para ela, para apoiar e segurá-la em todo e qualquer momento.
Estava concentrada em Karla, mas quando desviei meu olhar dela pude ver a policial Dinah igualmente impressionada com a força desta pequena menina que aguentou tudo isso por anos a fio. Sua expressão variava entre raiva deste monstro e compaixão por Karla, e até certa admiração pela mesma assim como eu.
Não tinha como não admirar uma pessoa que ao mesmo tempo que pequena e frágil por fora, era tão forte e determinada por dentro. Mesmo que Karla não tenha percebido, ela era forte, corajosa e teve que amadurecer e entender coisas horríveis desde muito cedo em sua curta e tão sofrida vida.
—Você não sabe o nome completo não é? —O delegado que até então estava apenas observando tudo o que era relatado com as perguntas de Dinah em uma tentativa de deixar Karla mais confortável por conversar com uma mulher questionou, e ela negou fracamente com a cabeça desviando os olhos do dele.
—Tudo bem querida.— Dinah percebe seu desconforto com o homem e toma sua atenção de volta.— E sua família? Você sabe onde vivem ? Eles devem estar te procurando todo esse tempo. Quem sabe possamos achá-los se você disser seu sobrenome.
Karla olhou para nossas mãos entrelaçadas e torceu o rosto um pouco parecendo tentar se lembrar de algo.
—Não...não me lembro. Ele dizia que eu deveria esquecer minha família porque eles não me queriam. E que eu só tinha ele . Que ninguém mais se importava comigo além dele. E-eu sei que eu não queria esquecer meu nome mas...mas eu fiquei tanto tempo naquele escuro e ele me falava e fazia tanta coisa que eu não conseguia pensar direito e a-acho que acabei esquecendo...des-desculpa.
Ela disse com a cabeça baixa com... vergonha? Como ela pode ter vergonha por isso? Ela sofreu uma violenta lavagem cerebral e ainda se sente mal por não poder lembrar de sua vida antes? Deus o que fizeram com ela?
—Tudo bem querida, não precisa se desculpar ok? Você não tem culpa, mas nós vamos descobrir onde sua família está eu te prometo.
Dinah falava com Karla em um tom calmo e cheio de carinho e compreensão, e eu estava agradecendo internamente por ser ela a vir conversar com a menina, pois ela precisa de muito carinho agora. Se sentir querida e ter pessoas a sua volta que mostre a ela que seus dias de tortura e sofrimento acabaram e que nem todo mundo é um monstro como esse Leon . Que as pessoas que realmente se importam com ela querem proteger e cuidar dela.
Mesmo sem conhecer Dinah eu vejo pelo seu olhar para com Karla que assim como eu ela se compadeceu por a pequena e que fará de tudo para mantê-la segura.
—E como você conseguiu fugir de onde estava?
—E-eu estava a dias sem comer e depois do aborto que ele provocou sentia muitas dores e não conseguia me levantar do colchão, então ele veio trazer comida e deixou a porta entreaberta, já que sabia que eu estava fraca e acorrentada . Então ele abusou de mim de novo e eu não estava mais aguentando aquilo eu só queria morrer .
Karla para e suspira limpando as lágrimas que caiam em seu rosto e eu aperto sua mão e faço um leve carinho em seu rosto .
—Quando ele terminou ele ficou sentado lá e depois que se vestiu tentou me dar a comida, mas eu não me mexia então ele ficou nervoso e soltou minhas perna da corrente e me deixou sentada enquanto procurava algo para mim...um remédio, eu acho, e então eu vi que estava solta e a porta não estava trancada, fiz força e consegui me levantar sem ele me ver e peguei a cadeira e bati na cabeça dele e quando ele caiu no chão eu corri até a porta e tranquei por fora e sai correndo daquela casa. Estava chovendo muito, mas eu não ligava eu queria ir para longe dele então fui em direção a floresta já que eu não sabia onde estava, e na floresta daria para me esconder quando ele viesse atrás de mim. Eu só me lembro que corri do jeito que pude até ouvir em meio a chuva e os trovões um barulho de carros passando e então fui na direção do que ouvia, mas eu estava com muitas dores e não conseguia mais andar . Cai no chão e me arrastei até sair da mata e deitei na rua até que não lembro de mais nada.
—Foi ai que eu te achei. —Eu disse olhando para ela que tinha um tímido e pequeno sorriso em seus lábios.
—Nossa...ok. Hum...com base no local que você descreveu ter encontrado Karla, já iniciamos as buscas pelo local do cativeiro e o paradeiro desse Leon.
—Ok. Espero que localizem e prendam esse monstro logo. —Deixei escapar me levantando. —Bom, agora será que poderiam terminar o interrogatório uma outra hora? Karla precisa descansar, ela já se esforçou demais e precisa repousar um pouco.
—Tudo bem Dra. Jauregui. Já temos o suficiente por hoje. Um bom descanso criança e fique tranquila, você está segura agora e logo estará na sua casa com sua família. Voltamos amanhã para conversar mais um pouco.
O delegado falou já se retirando, pois era perceptível o desconforto dela perante ele.
—Fique bem querida. Amanhã eu venho te visitar tudo bem? —Dinah disse se aproximando e fazendo um carinho em sua cabeça, e Karla sorriu terna para ela.
Eles saíram para me esperar lá fora e eu acariciei seu rosto e ela fechou os olhos para apreciar o carinho.
—Nunca cuidaram de mim assim. —Ela sussurrou ainda de olhos fechados e com uma expressão serena. —Eu poderia me acostumar com tanta atenção e cuidado.— Disse brincalhona e eu sorri para ela.
Mesmo com tantas cicatrizes tanto por fora quanto por dentro ela era tão doce e meiga.
—É bom se acostumar mesmo porque no que depender de mim enquanto eu estiver por perto, irei cuidar e te mimar muito. — Ela sorriu me encarando . — Vou proteger você .
—Promete?
—Sim. Eu prometo pequena.
—Então eu vou querer você sempre por perto.— Disse baixo e desviando o olhar. E meu coração errou a batida ao ouvir suas palavras.
Deixei um beijo em sua testa e me dirigi até a porta, a olhando mais uma vez.
—Descanse pequena. Mais tarde eu passo aqui para ver como está. E mais uma coisa, eu também vou querer estar sempre perto de você.
Então ela me deu o mais lindo sorriso que já havia visto em minha vida e meu peito se aqueceu com seu jeito manhoso. Sai do quarto já com vontade de voltar para seu lad.
O que está acontecendo comigo??
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Close (Camren) Em Revisão
RomanceA vida de Camila Cabello é marcada por algo terrivel. Sequestro. Abusos sexuais. Violência e tudo de ruim que ela nunca imaginou passar. Mas quando estava preste a desistir da vida e acabar comseusofrimento tudo muda. Já Lauren Jauregui sempre teve...