A New Day

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Camila P.O.V

     Sabe quando você está em um sonho tão real que você até mesmo duvida que seja verdade, mesmo sabendo que não é um sonho? É tão maravilhoso que não tinha como ser verdade. Era isso que eu estava vivendo agora.

     Estar em uma cama de hospital ligada a máquinas com aqueles barulhos irritantes, com um soro ligado a uma agulha em seu braço, para a maioria das pessoas  era horrível, mas não para mim. Naquele momento eu estava imensamente feliz por estar naquela cama de hospital ligada aquelas máquinas e com uma agulha enfiada no meu braço, e aquele bip insistente era uma linda música para mim, simplesmente pelo fato de eu estar ali, salva e viva e o mais importante, longe dele.

      Não precisava mais rezar a cada segundo por um milagre que me tirasse dali ou fizesse com que ele não aparecesse mais, mesmo que eu morresse ali abandonada com fome e sede acorrentada, ainda sim era melhor do que ter ele encostando em mim de novo.

     Mas eu estava ali. Depois de tanto rezar, tanto implorar por tudo o que eu poderia imaginar que em algum momento ouviria minhas lamúrias e de tantas dores e choro eu estava ali, livre.

     E como um presente divino, uma pessoa que mesmo sem me conhecer me trata de uma forma que não sabia que poderia ser possível. A Dra Jauregui é um anjo enviado por Deus para me dar esperança de que eu poderia enfim ter algum conforto em minha vida até então miserável.

     Ela em tão pouco tempo em que esteve em meu lado, nas poucas vezes em que ouvi sua voz rouca e confortante me trazia uma paz tão inexplicável. Não sei como entender isso, mas algo nela me faz bem, me faz ter esperança de que tudo tenha realmente passado. Algo em seus lindos e hipnotizantes olhos verdes me fazia acreditar que o sofrimento acabou e não voltaria mais.

     Eu não gostava de ser tocada pelo simples motivo de que a única pessoa de que me lembro ter tido algum tipo de contato físico comigo era ele. Sei que em algum momento antes dele eu devo ter tido abraços quentes de meus pais, talvez de possíveis irmãos, mas como eu não me lembrava de nada antes dele me aprisionar em sua doentia vida, eu só tinha aqueles toques sujos e nojentos em minha vida . E isso me fazia sentir repulsa de qualquer tipo de contato com outra pessoa, principalmente homens por me fazerem lembrar dele.

     Mas com a Dra. Jauregui por algum motivo ainda desconhecido não era assim. Quando ela me olhava ou me tocava eu não me sentia mal.

     Quando acordei antes mesmo de abrir meus olhos eu sentia uma mão segurando a minha e mesmo que o instinto fosse afastar de seu toque, eu de alguma forma sabia que não era ele ali. Aquele toque não era ruim, a pele era delicada e o toque e carinho em minha mão era gostoso e me transmitia correntes elétricas boas por todo meu corpo, e quando finalmente abri meus olhos eu mergulhei em um completamente lindo mar verde me encarando com um misto de medo, apreensão, pena e talvez até carinho.

     Eu segurava sua mão achando que um anjo estava em minha frente e eu tinha medo de esse anjo ir embora me abandonando e então eu voltaria para minha terrível realidade, e esse anjo era ela.

     Ela era minha paz, minha segurança. Eu sei que não poderia afirmar isso, afinal eu era só mais uma paciente em seu hospital e ela só estava ali cuidando de mim por ser esse o seu trabalho. Mas mesmo assim, eu me sentia protegida perto dela. Por alguns instantes enquanto ela estava por perto segurando minha mão eu esquecia das dores e de tudo o que vivi naquele maldito lugar .

     Sabia que em algum momento eu iria embora, pois não poderia viver em um hospital para sempre só para poder estar perto dela por algumas horas, por mais que eu não me importasse com isso, ela tinha um vida em que eu não fazia parte, eu era só uma pequena parte do seu trabalho.

Close (Camren) Em Revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora