2. Verdade ou desafio (mas eu não participei)

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26 de junho, sexta-feira, 4:26 a.m

Catie: kev

Catie: keeeviiiiin

Catie: lembrei do alvin, sabe

Catie: aaaaaallviiiiin

Catie: q demente eu

Catie: você deve estar dormindo agora, são tipo quatro e meia da manhã e amanhã é sexta

Catie: amanhã hoje, né, pq tá de madrugada

Catie: enfim

Catie: eu vou faltar

Catie: avisa o prof de matematica q eu entrego o trabalho sobre baskara na segunda

Catie: ou melhor, passa aq em casa pra pegar o maldito e entrega pro professor?

Catie: bjs

Kevin: EI

Kevin: to aquie

Kevin: vai faltar pq?

Catie: não qro ir p escola e minha main deixou eu ficar em casa

Kevin: ah

Kevin: ok ent

Catie: quer pgar o trabalho agr?

Catie: p vc n se atrasar dps

Kevin: amiga, são quatro e meia da manhã

Kevin: era pra eu estar dormindo

Catie: e pq n está?

Kevin: eu acordei mais cedo

É mentira. Eu não preguei o olho essa noite.

Catie: ah

Catie: entao vem k

Kevin: seus pais vão reclamar

Catie: entra pela janela

Catie: tá aí ainda, kev?

Kevin: é sério q vc quer q eu pule a janela do seu quarto?

Catie: vc fazia isso smp

Kevin: sim, qnd a gente tinha nove anos

Catie: vem logo, eu tenho sorvete

Kevin: eu nao sou atraído por sorvete

Catie: é de flocos

Kevin: um minuto, vou me trocar

Eu sei, é errado ir na casa de alguém sem a permissão dos pais da pessoa, mas eu percebi que a Cat não estava bem. Ela sofre pra dormir tarde e acordar cedo, então alguma coisa estava perturbando a garota.

Então, assim que eu acabo de me trocar, saio pela minha janela.

A parte ruim é que tanto eu quanto ela moramos em casas de dois andares, mas meu corpo ainda lembra onde pisar para não fazer barulho e como pular sem cair e me quebrar.

Assim que bato na janela dela, Catarina a abre. E eu estava certo, ela está acabada.

- O que aconteceu? - pergunto, notando os olhos vermelhos borrados de rímel, o cabelo solto bagunça, as roupas amassadas e... cheiro de bebida?

- Ah, nada. Eu só fui com o Liam nessa festa e teve um pouco de bebida - ela parece meio embriagada, e senta na cadeira de rodinhas de seu computador. - Mas eu inventei de brincar do jogo da garrafa, e ou eu beijava uns moleques muito feios ou eu bebia.

- Catarina, você perdeu o juízo?! - eu grito sussurrando, ou sussurro gritando, não sei. - Sua mãe deixou?

- Claro que não, eu disse que ia dormir na sua casa - ela sorri, achando isso divertido.

- Ai, meu Zeus. Você é louca.

- Obrigada.

- E o sorvete?

- Foi só pra você vir.

Reviro os olhos. Típico dela.

- Mas você tá bem? - subitamente me preocupo. Pode ter acontecido alguma coisa ruim com ela, quando estava mais bêbada.

- Acho que s - ela é interrompida por um jato de vômito.

- Que droga, hein, Cat - eu me aproximo, desviando da poça de vômito. - Isso que dá encher a cara.

Não sei porquê, mas ela desaba, chorando muito.

- N-não era pra isso ter acontecido - ela soluça, e tenta esconder o rosto com as mãos.

Instintivamente, eu a abraço.

- Cat, não chore, a culpa não foi sua - eu tento fazê-la parar de chorar, passando as mão em seu cabelo. Quando ela se acalma, eu faço um coque com o cabelo dela e enxugo seu rosto com as mãos. - Vem, deixa que eu limpo isso.

Eu levo Catarina para o banheiro. Enquanto ela toma banho, eu arranjo material de limpeza e arrumo a sujeira que ela fez. Tiro as roupas desdobradas da cama dela, quando escuto Catarina me chamando do banheiro.

- Kev?

- Quê? - só falta ela ter esquecido a toalha.

- Eu esqueci a toalha - ela responde, e eu coro, imaginando... coisas.

- Er, onde você deixou?

- Na lavanderia, acho.

E lá vai o Kevin pegar a toalha da bendita.

- Onde eu deixo? - pergunto, parado em frente à porta.

- Pendura na maçaneta e olha pro outro lado.

Eu faço isso, e escuto ela abrindo a porta e fechando depois.

- Você não quer saber porquê eu fui na festa, Kev? - ela me pergunta, de dentro do banheiro.

- Eu deduzo que foi porque o Liam te chamou - reviro os olhos para a janela.

- Nossa, você é bom.

- Pode me chamar de Sherlock Holmes.

- Eu acho que ele gosta de mim.

- Que bom - trinco os dentes.

- Você podia perguntar pra ele se ele gosta de mim.

- É, ou alguma amiga sua podia fazer isso, porque garotos não fazem essas coisas.

- Mas amigos fazem - a friendzone ataca novamente.

- Tá bom, eu pergunto hoje.

- Vai ficar olhando pra janela até quando?

Eu me viro e Cat está lá, de pijama. O cabelo ainda bagunçando, mas ela parece muito melhor. Por mais que se arrume, eu sempre achei ela mais bonita quando está a vontade.

- Melhor você dormir. Sua mãe deixou mesmo você faltar?

- Não, mas vai deixar - ela sorri, travessa. - Eu ainda lembro como fingir uma gripe forte.

Catarina pula na cama e se cobre.

- Precisa de mais um cobertor, Cat?

- Não, estou bem.

- Boa noite então. Ou boa manhã, são quase seis.

- Boa noite, Kev.

Saio pela janela e observo o céu, agora mais claro, cheio de nuvens. Será que hoje chove?

- Kevin? - ela me chama, e eu coloco a cabeça pela janela. Ela está embolada em edredons, só com o rosto para fora.

- Que foi, Catie?

- Obrigada.

- Não foi nada.

Fecho a janela e pulo até o chão, sorrindo que nem trouxa.

Snap out of itOnde histórias criam vida. Descubra agora