18 - Problemas (REVISADO)

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Eram exatamente três horas da manhã e eu estava com minha cara de bunda sentado no sofá esperando o desgraçado do Alexandre que tinha tomado chá de sumiço. Depois de ligar para todos os nossos amigos e deixar milhões de mensagens na caixa postal do ordinário, decidi ir me deitar, mas quando passei pelo quarto do Pedrinho eu ouvi barulho, e quando abri a porta, meu bebezinho estava tendo um pesadelo, eu o acordei e  depois de despertar completamente, me abraçou e começou a chorar.
—Que foi, meu amor? - perguntei alisando seus cabelos.
—Papai… - disse soluçando – o senhor promete que nunca vai me abandonar? - perguntou se afastando e olhando nos meus olhos.
—Mas é claro meu amorzinho – respondi enxugando suas lágrimas com as costas da minha mão.
—Por que tá perguntando isso?
—Eu sonhei que o senhor e o Papai Alê estavam seguindo por um túnel e me deixavam para trás – e novamente voltou a chorar.
—Nós nunca vamos te abandonar, meu amor. – disse beijando seus cabelos – Nós te amamos e não conseguiríamos viver sem você…
—Eu também te amo, papa.i – disse ele acariciando meu rosto – O senhor sabe, não é?
—Sei sim, meu amor… Agora tenta dormir. – falei deitando-o na cama e cobrindo-o, dei um beijo na sua testa e logo saí do quarto.
No exato momento em que fechei a porta do quarto do Pedro, a da sala se abriu e um Alexandre sujo, molhado e bêbado passou por ela. Eu não tive reação, eu nunca tinha visto o desgraçado beber daquele jeito, e só fui ao seu encontro quando o vi tropeçar e cair pela terceira vez.
—Math, meu amor! - disse tentando correr na minha direção e se estabacando no chão, eu tive que segurar o riso pra manter a pose de irritado e eu realmente estava, se eu pudesse definir meus sentimentos nessa hora seriam: EXTREMAMENTE PUTO DA VIDA E PRONTO PRA FAZER O ALEXANDRE ENFIAR UM GARFO NUMA TOMADA.
—ISSO SÃO HORAS SEU DESGRAÇADO? - gritei ajudando-o a levantar e arrastando ele logo em seguida pro banheiro – OLHA O SEU ESTADO SEU FILHO DA PUTA!
Tirar a roupa do Alexandre e o fazer tomar banho foi algo extremamente irritante.
—Ainda tentou me beijar… - resmungava ele – Aquele viado, mas, eu disse que te amava meu amor!
—VOCÊ TAMBÉM É VIADO ALEXANDRE, EU SOU VIADO, O MUNDO TODO É VIADO, PAU NO CU DO MUNDO, DESGRAÇADO, E AMANHÃ VOCÊ VAI ME EXPLICAR ESSA HISTÓRIA!!
Depois de colocar ele na cama, que dormiu instantaneamente, me deitei também, me corroendo por dentro, tentava buscar respostas para aquela história de beijo. Acordei cedissimo para levar o Pedro no colégio, depois de ter feito isso segui para casa, não foi surpresa nenhuma encontrar o Alexandre ainda dormindo, mas eu não deixaria isso barato. Arrastei o som com suas duas caixas para perto da cama, depois de me certificar que estava no último volume, dei play e a música 7/11 da Beyoncé encheu o lugar. Seria cômico, se não fosse trágico, Alexandre saltou da cama, e caiu levando consigo a cômoda que fica ao lado da cama, quebrando um porta-retrato digital caríssimo.
—QUAL O SEU PROBL… - ele começou a espirrar, não me surpreendi depois de ter chegado molhado - … EMA, estou morrendo de dor na cabeça!
—O QUE? EU SÓ OUVI “EU SOU UM BABACA QUE DIRIGIU BÊBADO” - eu finalmente desliguei o som – Posso saber onde você estava ontem?
—Eu saí pra beber, só isso! - disse voltando a deitar – não sei porque doïdrama…
—Aaah não sabe? E que história foi aquela que tentaram te beijar? - perguntei vendo o mesmo empalidecer – EXPLICA ESSA MERDA!
—Quem te contou isso?
—Você mesmo, seu idiota!
—Não foi nada demais, um dos caras que eu saí pra beber tentou me beijar, eu dei um fora nele e ele jogou um copo de água na minha cara… - disse ele com a cara mais cínica.
—E onde você conheceu esses “caras”?
—Na praia, onde mais seria?
—Dentro do meu cu! Se eu soubesse, não estava te perguntando! - disse me levantando – e eu espero que aquele papelão não se repita, eu vou buscar um remédio para essa sua gripe!
Eu não estava mais irritado, mas tinha que demonstrar o descontentamento, ele dirigiu bêbado, já pensou se acontece alguma coisa? Eu estava na varanda fumando, depois de ter levado o remédio, e não percebi quando ele me agarrou por trás.
—Me desculpa, eu fui muito irresponsável, eu poderia ter causado um acidente. – disse me virando para olhar o meu rosto, e os sinais da gripe estavam visíveis nele, seu nariz estava vermelho, suas bochechas coradas, e com olheiras – Eu prometo que não vai acontecer novamente…
—Não faz mais que obrigação! - disse beijando ele que prontamente correspondeu.
—Eu te amo… - disse enquanto me dava um selinho -… muito! E na mesma hora correu para o banheiro e se trancou lá, eu fui atrás e ele apenas dizia que ficaria tudo bem – O que você está sentindo?
—Enjoo – disse e eu logo ouvi um barulho horrível do seu vômito indo de encontro a água no vaso.
A semana passou voando, e quando vi estava brigando com Alexandre novamente.
—Você é um babaca! - disse enfurecido – essa gripe já se prolongou demais, e continua nessa infantilidade de não ir ao médico, quantos anos você tem? Três? - Ele não respondeu, saiu se arrastando e tornou a vomitar, pela 3° vez, apenas naquele dia – Eu estou de saco cheio – eu disse nervoso, andando de um lado para o outro – Você não quer ir ao médico, não quer tomar o remédio, você quer o quê? Quer morrer?
—Cala a boca! - Disse saindo do banheiro – Estou de saco cheio de você ficar enchendo a minha mente, às vezes, penso se não seria mais fácil ter casado com alguém com a mesma doença que eu!
Eu continuei calado, não tinha o que falar, apenas me virei e sai do quarto, eu estava de saco cheio de ficar discutindo, na varanda eu apenas chorei, agradeci mentalmente o Pedro ter ido passar o fim de semana com meus pais, não sei quanto tempo fiquei ali, sentado na rede olhando o céu, sei que, quando entrei novamente naquele quarto, encontrei Alexandre desmaiado caído no chão.
Depois de receber ajuda do meu vizinho e colocar o Alexandre num táxi, consegui chegar no hospital em menos de 20 minutos, uma vantagem de morar em um bairro muito bem localizado, ele foi levado imediatamente para fazer os exames, eu estava sentado na sala de espera, fazendo bastante força para não desabar ali mesmo.
—MATH! - gritou Allan que vinha na minha direção com o Bruno logo atrás, e eu apenas os abracei e chorei, com eles por perto eu não precisava me prender – Nós estávamos indo pra sua casa quando o porteiro ligou, como ele está?
—Ainda… Ainda não sei. – respondi me afastando e enxugando os olhos com a manga da minha camisa – Eles ainda não me disseram nada… Eu estou com tanto medo…
—Não precisa ficar assim, mana. - disse Bruno, enlaçando meus ombros – Nós sempre estaremos aqui, do seu lado!

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