Você, uma menina com apenas dez anos ver seu pai agonizar no meio da rua, correr desesperadamente sem saber o que fazer, pedindo ajuda de estranhos e ninguém te ajudar...É difícil...Traumatizante...E foi assim que aconteceu.
Era uma segunda-feira nublada, lembro- me bem, as ruas estavam muito movimentadas, pessoas indo para o trabalho, despreocupadas em talvez perder a vida e mais triste ainda, tirar a vida de alguém, mas parecia que meu pai sabia o que iria acontecer, dizem que as pessoas sabem quando vão morrer, mesmo sem saber, isso é bastante contraditório e sem sentido, mas é assim que acontece.
Certa manhã alguém que você ama levanta, te abraça e diz com brilhos nos olhos que te ama, sorrir para você e fala que sempre estará perto para te proteger e de repente se vai...
Meu pai morreu para me salvar, estávamos atravessando a rua de mãos dadas quando um carro com toda a velocidade avançou o sinal vermelho perto da faixa de pedestre, o cara que dirigia parecia bastante embriagado, talvez resultado do fim de semana em alguma festa da cidade, ele dirigia uma SUV vermelha, não tivemos tempo de correr, meu pai me empurrou para a beira da rua, cair de joelhos e me ralei toda, mas o pior tinha acontecido com o meu pai, a SUV pegou ele de cheio, jogou ele a quase 6 metros de distância, ele fraturou as duas pernas e todas as costelas, o médico disse que a causa da morte foi devido as costelas terem quebrado e perfurado o pulmão esquerdo, causando uma hemorragia e sufocando ele até a morte, meu pai sangrou bastante pela boca e nariz até eu ver ele dá o seu último suspiro...
Eu não acreditava no que estava vendo, parecia um pesadelo, eu queria acordar e correr para o quarto de meu pai e lhe abraçar muito e ouvir sua voz suave me dizendo que eu só tinha tido um sonho ruim, mas não foi assim, tudo era real e deve ser por isso que odeio a realidade...
Os médicos disseram que mesmo que meu pai sobrevivesse ele nunca mais iria se mover, iria ficar paraplégico, sem andar o resto da vida.
A morte é traiçoeira, ela espera tudo parecer bem, nos eixos e em um piscar de olhos ela chega como num ataque cardíaco ou um câncer descoberto em um estágio avançado, te pegando de surpresa e te deixando sem rumo, sem ar, sem sentido... E o que me pergunto todos os dias após a morte do meu pai há alguns anos, é se sou feliz, porque sinto- me sem chão, sem alma, sem uma parte de mim, apenas vivendo e vivendo sem sentido algum ...
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Até Nada É Alguma Coisa
RandomClarice é uma menina de 17 anos que perde o pai em um grave acidente quando ela ainda era criança, desde então Cler(como ela gosta de ser chamada) passa por muitos dramas em sua vida chegando até tentar se matar, pois além de perder o pai que ela am...