capítulo único - para sempre é muito tempo

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O som da chuva sobrepõe seus batimentos, eles continuam fracos, acolhendo meus lamentos. O monitor cardíaco continua com o som periódico da vida, sua vida. As laranjeiras já não existem mais; o para sempre não é eterno, o tempo não se importa com os meus sentimentos, a tragedia submeteu-se a sua decisão.

À noite continua fria, o vento sopra sobre nós, as paredes de cores brancas debocham da minha sorte. Até que a morte os separe, para alguns isto é motivo de decepção, para nós foi o som do coração.

Os minutos correm torturado-me a mente, nós poderíamos viver na velocidade da luz, só assim os meus dias com você seriam dilatados e o espaço entre nós contraído. Nós poderíamos ser da dimensão da constante de Planck, só assim sua presença sempre iria interferir em mim, mesmo que nem sempre fosse da forma construtiva.

O som, mesmo minha voz viajando a trezenos e quarenta metros por segundo não foi capaz de chegar até você, o carro estava mais próximo. Você não mais corria.

O branco de hospitais sempre lhe enjoou, deveria existir algum tipo de prisma gigante, para assim difratar este lugar. Sua voz não ecoa mais, seu silêncio será eterno, minhas lágrimas escorrem até você, o monitor cardíaco já mudou sua frequência.

O silêncio em mim manifesta-se nesta hora, transformando este som em uma melodia da separação.


"Querido, para sempre é muito, muito tempo, e o tempo tem um jeito de

mudar as coisas." – O cão e a raposa.

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