Cabana

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    Hoje é o dia o qual tanto esperei. Disse aos meus pais que irei acampar com uns amigos da escola por uma semana. Deixei um bilhete na última gaveta da cômoda do meu quarto dizendo onde realmente pretendo ir, pois se alguma coisa acontecer, ao investigar, saberão onde meus amigos e eu estamos.

    Dormiremos aqui na casa de Jessey essa noite por ser mais perto de onde, antigamente, era a estrada para a praia. Fizemos uma pesquisa de todas as coordenadas para não nos perdermos facilmente e, antes de dormir, realizamos uma checagem final:

Mapas com as coordenadas;
Bússolas;
Lanternas;
Garrafas de água;
Alimentos;
Fósforos;
Sacos de dormir;

    A cada objeto mencionado, um "confere" pode ser ouvido. Saio do quarto para beber um pouco de água enquanto eles continuam com a checagem. Ao voltar, vejo que terminaram, sendo assim, nos preparamos para dormir. Nossa aventura começará ao amanhecer.

    Podemos ver uma barragem aqui em frente às árvores, como se tivesse um pedágio antigo, porém, atrás dessa construção, não tem mais nada. As antigas estradas não eram pavimentadas como as de hoje, por isso não restou nenhum vestígio de que realmente haviam estradas aqui, a não ser por essa estrutura no início da mata.

    Andar na floresta é uma tarefa árdua porque têm muitos obstáculos que impedem a fácil movimentação. A cada passo encontramos pedregulhos, galhos e depressões no solo, sem contar com o perigo de encontrar algum animal selvagem. Um facão na mão nos ajuda a andar com mais facilidade, pois permite que a gente corte os galhos que nos atrapalham.

    Victor começa a demonstrar cansaço nas primeiras duas horas. Não é de surpreender, visto que ele não consegue ir até a esquina da rua de casa sem a moto dele! Ele costuma ser o mais preguiçoso do nosso grupo.
Sempre fomos muito diferentes. Brendon, Jessey e eu nos conhecemos quando tínhamos dez anos de idade. Desde essa época nos tornamos amigos inseparáveis. Brendon é o mais certinho, não gostava de nos ajudar quando aprontávamos no colégio; Jessey é o mais bagunceiro, nos colocando constantemente em situações complicadas; Victor além de preguiçoso é o mais estratégico, nos tirando de todas as confusões em que entrávamos, ele que pesquisou tudo para que nada desse errado nessa saída; e eu, o mais aventureiro. Não precisava de ninguém pra me colocar em confusões, pois eu mesmo me colocava.

    Com as pernas aparentando cansaço, damos uma pausa. Sentamos em um tronco caído sobre o chão para respirar um pouco. Apesar de nossa cidade não ter temperaturas altas, sentimos calor nesse momento, por estarmos andando por muito tempo. Jessey começa a escalar uma árvore pretendendo ir até o topo para tentar ver alguma coisa. Continuamos sentados descansando enquanto ele desaparece entre as folhas sobre as nossas cabeças.
Depois de algum tempo em cima da árvore, ele solta um grito.
— Pessoal, eu estou vendo alguma coisa. Subam aqui — ele diz comemorando.
— Pode falar o que é. A gente acredita! — Victor disfarça uma certa confiança na palavra de Jessey, porque, o que quer realmente, é não ter que escalar a árvore.
— Eu acho que é uma cabana abandonada. Não é muito longe daqui — Jessey responde enquanto desce.

    Saímos em disparada rumo a cabana que ele disse ter visto, na intenção de achar alguma coisa interessante no local, ou somente explorar.

    Porque alguém teria morado aqui no meio da mata, distante de tudo e de todos? Essa pode ser o tipo de pergunta a qual nunca descobriremos a resposta.

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