Despedida

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    Apesar de não termos celulares modernos, o que temos "quebra um galho". Desde quando começamos nossa jornada, meus amigos usavam o celular pra tirar fotos até mesmo das árvores. Não raciocinaram que em algum momento a bateria esgotaria e, apesar de eu avisar, não teve jeito. Sabíamos que não haveria sinal algum de rede para podermos nos comunicar entre nós ou com nossos pais, mas o que seria de um jovem hoje em dia sem um celular na mão, mesmo que não funcione?! Felizmente eu poupei a bateria do meu e pude fotografar não somente a praia a qual tanto queríamos ver, como também filmar a atividade ilícita dessa usina antes vista como abandonada.

    O dia vai passando e a agente caminha pelos arredores da praia. Vamos até as rochas as quais engolem as águas e passeamos pelos túneis. Em determinados pontos dessa caverna rochosa, cascatas são formadas como uma pequena cachoeira.

    Essas são as férias que sempre sonhei. Explorar, investigar e descobrir são algumas das palavras que mais gosto, coisas que gosto de fazer. Aproveitamos cada momento desse dia, pois só ficaremos aqui hoje. Parecemos seis crianças, a todo momento brincamos, corremos, pulamos... Estamos realmente nos divertindo.

    Quero ver a reação do meu professor de geografia ao ver as fotos da praia, ao saber que realmente viemos aqui. Na verdade quero ver a reação de todos quando descobrirem que viemos acampar aqui. Quero ver a reação do dono da usina ao ver as autoridades chegando para acabar com tudo. Não vejo a hora de ir até a delegacia da nossa cidade para denunciar essa atividade ilícita, mostrar as provas. Me sinto como um detetive, como se tivesse vindo fazer uma investigação. Com toda certeza, sei que seremos lembrados por isso. Espero que futuramente consigam limpar toda a área, para que as próximas gerações possam desfrutar desse paraíso, não como nós que só podemos olhar. Acho que ainda não encontraram um meio de reparar um acidente radioativo como aconteceu aqui, mas tenho fé que conseguirão.

...

    Arrumo minhas coisas na mochila e volto a deitar ao lado de Catarine. Descansamos um pouco para podermos ir embora.

...

    Escuto uma doce voz me chamar. Abro os olhos e vejo Catarine.

— Vamos? Estão todos prontos — ela diz.

    Me levanto e preparo minhas coisas. Parece que não consegui dormir nada, pois estou muito sonolento. Catarine me abraça e me ajuda a andar.

— Olha o casalzinho. O casal Cat! — Victor comenta sorindo.

    Não sei da onde ele tirou essa ideia de "casal Cat", mas até que soou engraçado, gostamos.

    Foi tudo tão bom: a caminhada incessante, a vista maravilhosa, a descoberta do funcionamento da usina, a companhia de Catarine, curti até mesmo me perder de meus amigos. Porém acabou. Sei que ainda nos resta muito tempo juntos na volta para casa, contudo a volta nunca é como a ida. Anotei o número de Catarine, continuaremos se falando até porque ela não mora tão longe da minha casa. Jessey pediu pra que eu anotasse o número de Lindsay. Ele ainda tentará conquistá-la.

    Antes de adentrar na mata, paramos e damos uma última olhada para a praia. Sei que demoraremos bastante a voltar aqui. Talvez, nas próximas férias, tentaremos vir. Ao olhar para a água verde cristalina, me lembro de tudo que passamos, como um flashback, e, ao lembrar de tudo, somente mentalizo que cada minuto valeu a pena!

Praia RadioativaOnde histórias criam vida. Descubra agora