Companhia

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   Adormeci sobre um galho em cima da árvore, achei que dormir aqui em cima seria mais seguro. Acordo com um suave raio de sol iluminando meu rosto, desamarro a corda que me prendia à árvore e desço.

    No chão, estico meu braço direito na direção do sol nascente e o braço esquerdo na direção de onde o sol irá se pôr mais tarde. A minha frente sei que está a direção certa a qual devo prosseguir, o norte. Aprendi essa técnica, de encontrar os pontos cardeais através do sol, com um antigo professor e nunca imaginei que usaria algum dia.

    Ando rapidamente e sem intervalos, tenho esperança de encontrar meus amigos. Ainda deve faltar bastante para chegar na praia pois fizemos muitos intervalos durante a caminhada. Abaixo para passar sobre um galho, desvio de um buraco, escorrego em uma poça de água - não faço ideia de onde essa água surgiu porque não choveu essa noite- e, quando a tarde chega, decido parar uns cinco minutos pelo menos. Sento sobre uma pedra, abro a garrafa de água e, quando estou prestes a beber um gole, ouço um barulho atrás de mim. Com o susto, dou um salto. No momento acho que pensei que fosse um bicho, porém, quando olho para ver o que realmente fez o barulho, vejo uma menina. Uma linda menina morena, de olhos castanhos e cabelos encaracolados parada a uns seis passos à minha frente. Fico sem reação e por isso não falo nada. Apenas fico parado olhando para ela e, até esse momento, ela faz o mesmo.

— Oi! Está tudo bem? — Rompo o silêncio.
— Oi! Nunca se passou pela minha cabeça encontrar alguém aqui. Estou desesperada, pois me perdi de minha amiga. — Mesmo aparentando preocupação, a voz dela é doce e suave.
— Coincidência! Também me perdi de meus amigos. Essa floresta deve ter um buraco negro que some com as pessoas! — brinco.
— É, mas... O que você faz aqui na mata?
— Fiquei sabendo de uma praia e decidi ver pessoalmente — respondo.
— Minha amiga e eu também estávamos indo pra lá, pelo menos até nos separarmos — ela diz franzindo as sobrancelhas.
— Como vocês se perderam uma da outra?
— Encontramos uma cabana há uns quilômetros atrás. Depois de um tempo ouvimos alguém se aproximando e ela correu, acho que levou um susto. Continuei lá para tentar ver quem estava se aproximando, porém mudei de ideia e decidir ir atrás dela. Era tarde demais. Acho que não se deu conta de que eu não tinha a acompanhado e se perdeu. Também começou a chover forte dificultando ainda mais que nos encontrassemos.

    Nessa tarde era meus amigos e eu que nos aproximávamos da cabana. Fico meio sem graça e decido não revelar que éramos nós.

— Acredito que ela pensou que fossem caçadores ou alguma coisa do tipo — ela continua.
— E, se fosse mesmo, teria te matado, já que você iria continuar lá! — Sorrio.
— É! Mas continuei para ver realmente quem se aproximava e, além de não ver, me perdi. — Ela também solta um sorriso.

    Pelo menos não estou mais sozinho. Estou muito bem acompanhado! - penso.

— Prazer, Cárter — digo estendendo minha mão para cumprimentá-la. — Falta de educação de minha parte não ter me apresentado antes.
— Prazer, Catarine! — Ela estende a mão e me cumprimenta.
— Bom... Podemos conversar melhor no caminho, não é! — Não hesito em fazer companhia.
— Claro, é melhor começarmos a andar, acho que ainda estamos longe — ela diz enquanto dá alguns passos. 


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