POSFÁCIO

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      É isto. Acho que tudo o que eu gostaria de contar, foi dito. Não nego que sempre tive receios sobre essa história; se ela estava boa, se fazia sentido, se as coisas que eu pretendia mostrar ao mundo através do Julian estavam claras, enfim. A verdade é que sempre haverão formas de melhorar um livro. Se ficarmos encanados sobre cada detalhe que pode ser aprimorado, nunca terminaríamos nada! Como esse é o meu primeiro livro sério e eu ainda estou aprendendo a lidar com toda essa perseguição pela escrita perfeita, acho que fiz um trabalho interessante por aqui.

      Espero que cada palavra que você acabou de ler faça diferença em sua vida algum dia, pois eu, enquanto escrevia, aprendi diversas coisas novas; coisas que estarão presentes comigo pelo resto da minha existência. Talvez por esta ser a minha primeira obra relativamente grande, eu tenha muito apego a ela (ou talvez vontade de esquecê-la para sempre), mas o fato é que ela significa muito para mim. Comecei a produzi-la em um momento difícil da minha vida. Quando já estava nos finalmentes, adivinha? Fui assaltado e perdi praticamente toda a história, que estava salva apenas no celular levado pelos criminosos. Pode imaginar o quão bravo eu fiquei? Tive que fazer um grande esforço para lembrar os pontos-chave que norteavam a jornada do herói. Depois, reescrevi todos os capítulos até chegar aqui. Por isso, essa obra concluída significa uma vitória para mim, o fim de um ciclo que demorou mais do que o necessário para ter um fim; a finalização de uma etapa recheada de muitas emoções, boas e ruins, e transformações como pessoa, como a minha transição para a maioridade e os desafios que tive de enfrentar.

     Não vou negar que pensei em desistir, entregar os pontos e talvez nunca mais escrever. Pois é, a vida de escritor iniciante não é nada fácil. São muitas crises existenciais e vários goles de café para conseguir aguentar o tranco. Tive apoio de alguns amigos no processo criativo, claro, mas só quem está escrevendo, imerso naquele mundo próprio, sabe como é. O perfeccionismo, a vontade de lapidar tudo nos mínimos detalhes, de apagar todos os capítulos e recomeçar do zero ou de simplesmente deixar para trás.

      É duro!

      Todas as vezes em que não me sinto satisfeito com algo que escrevo, procuro um livro de algum autor renomado que tenha uma cena parecida com a minha. Quando observo a escrita daquele profissional, me bate uma crise existencial e eu simplesmente não quero mais escrever. É como se eu fizesse uma auto sabotagem! A verdade é que, mesmo que eu escreva bem aos olhos dos outros, o grande problema está em mim: eu tenho dificuldades de encontrar o meu equilíbrio. O ponto onde o meu perfeccionismo e a realidade se encontrem. E, por esse caminho, eu nunca vou achar, simplesmente porque ele não existe. O perfeccionismo é um círculo vicioso. Quando você entra nele, é difícil sair.

      Para mim, o conceito de "ruim" não existe, seja em qualquer âmbito da cultura. O que eu sempre costumo observar nas coisas que eu escrevo é: será que está faltando algo? O texto no qual estou trabalhando pode já estar interessante, mas eu não sossego até ficar "perfeito". Eu percebo que isso prejudica o meu desempenho, porque acabo me comparando com muita gente e esquecendo de fazer algo realmente útil para melhorar.

      Vencer a autocrítica parece ter bem mais a ver com passar a gostar do que você faz, independente de, aos seus olhos, estar bom ou não. Na verdade, o segredo para vencer a autocrítica é simplesmente se tocar de que não existe nada perfeito. Vencer autocrítica é parar de se comparar com pessoas que claramente estão em nível mais avançado que você. Vencer autocrítica é olhar para os seus textos e dizer: "Eu te amo do jeitinho que você está agora, e, se precisar melhorar, eu vou estudar para isso". É admirar o espetáculo dos outros sem esquecer da beleza do seu (Julian ficaria orgulhoso de mim depois dessa!).

      Bem, é isso. Espero que a leitura tenha sido proveitosa e que eu tenha lhe causado emoções durante o processo.

      Até uma próxima!

O Peso do PensarOnde histórias criam vida. Descubra agora