PRÓLOGO

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"O vento sopra em qualquer direção, ele não escolhe ou planeja, simplesmente vai. Pode esbarrar em montanhas, se perder em mares abertos e até se transformar em catástrofes. O vento não tem medo de nada e eu queria ser como ele."

- O que faz aqui, Campbell? - James Füller se remexia na poltrona tentando, em vão, manter-se confortável neste lugar. - Achei que iria curtir as férias.

- Quero saber como ela está. - A garota magricela sentou-se à frente do senhor de meia idade, desconfortável com a atual situação. - Os médicos já deram algum resultado?

- Sim. - O nó na garganta de James era tão forte e perturbador que o fazia querer gritar. - Não há nada a ser feito. Apenas esperar.

Olívia queria transmitir alguma energia positiva para o homem, mas ela mesma estava chocada com tudo isso. Pôs apenas sua mão sobre as do capitão e sorriu carinhosamente.

- Eu preciso ir. - Levantou-se rapidamente, antes que suas lágrimas fossem notadas. - Ela ficará bem, vamos acreditar. - E saiu.

Depois de caminhar alguns quilômetros à beira-mar, sentou e sentiu a brisa leve soprar seus cabelos negros. Estava nesta cidade há algum tempo, havia feito amigos e trabalhava com o que sempre sonhou. Não podia reclamar de nada, era no que queria acreditar.

Na realidade, sentia-se culpada pela sua melhor amiga está morrendo. Mesmo com todos dizendo que ela não poderia ter feito nada, o seu peito ardia em remorso. Os outros não estavam lá para saber, eles não podem entender.

Olívia Campbell tem 23 anos, é uma recém perita, mudara-se para Boston há oito meses. Deixou sua família, seus amigos de infância e o seu porto seguro para navegar no alto-mar da vida, para viver o seu sonho, ou pelo menos achava que fosse.

Desde que chegou ao departamento, estivera presente na resolução de dois casos. O primeiro estava ligado ao assassinato de duas adolescentes, encontradas decapitadas no sótão de uma fazenda abandonada, era fácil de decifrar. Os criminosos deixaram digitais, facões e o resultado de um trabalho de iniciantes, assim como o de Olívia.

O segundo lhe perturba até hoje. Uma senhora, Sarah Roodword, foi presa após confessar o crime de homicídio contra três outras senhoras. Todas brutalmente violentadas e esquartejadas. Ela está presa, mas não é a culpada de fato, disso Olívia tem certeza. No laudo pericial foi confirmado sinais de estupro nas três mulheres, então Sarah não poderia ter feito isso sozinha. O caso foi encerrado e abafado, não haveria mais investigações e todos estavam satisfeitos, menos a jovem perita.

O que tudo isso importa? Ela não sabe, não sabe se vale a pena saber. Daqui a um mês começará a trabalhar em outra cidade, outro departamento, novas pessoas. Viu com seus olhos o quanto existe falta de interesse dos outros ditos profissionais. Foi transferida por opção, pediu isso, ver a fraude em sua frente e não poder mudar iria de contrapartida com os seus princípios.

Olívia, assim como alguns poucos profissionais, quer ser justa no que faz, talvez encontre barreiras no caminho, mas no que isso interfere? Ela quer ser como o vento.




NOTAS DA AUTORA

O capítulo está pequeno apenas porque quis fazer este breve resumo, espero que gostem...
Deixem seus comentários, ficarei muito grata e lerei todos com carinho 😘
Até o próximo, justiceiros!

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