Capítulo 12

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 "As respostas estão guardadas no passado, mesmo que ele seja assustador."

QUINTO RELATO

10 de Julho de 2015, Sexta-feira, 02:35 pm

"Eu conversei, certo dia, com um médico sobre o poder da morte. Ele ficou embaraçado por tal assunto, claro. Alguém que luta pela vida das pessoas obviamente acharia a ideia ridícula, mas, mesmo assim, argumentei.

Comecei mostrando como algumas pessoas se sentem ao se deparar com uma situação complicada, e a maneira como resolvem. Algumas se desesperam ao ponto de entrarem em depressão, outras, entretanto, preferem solucionar de forma prática. Essas últimas têm um poder sobre suas ações, não se deixam desmoronar ao ultrapassar um momento ruim.

Neste momento, ele me olhou. Eu sabia que convencer alguém como ele era complicado. Mas sua resposta foi tão enfadonha, que não tinha mais certeza se queria continuar.

- O que isso tem a ver com morte? - sua expressão cansada, mostrava sua falta de defesa sobre meus argumentos.

-Você é a favor da eutanásia? - indaguei.

- É óbvio que não. - respondeu exasperado.- Mas que tipo de pergunta é essa?

Respirei por alguns segundos, tentando acalmar meus nervos. Desde a morte de Jack, eu não havia mais "cometido crimes", como dizem eles. Eu estava tão necessitado por isso, era quase enlouquecedor. Mas, desta vez, não posso cometer erros. Eles estão perto, exatamente aonde eu quero.

- Eu sei que para você isso é quase uma blasfêmia. - Comecei. - E peço desculpas por tal comportamento, mas você não deve pensar apenas em si.

-Apenas em mim? - O médico se pôs de pé, exaltado. - Aquelas pessoas precisam de ajuda, recuperar seus equilíbrios psíquicos. Eu faço isso por eles.

- Mentira. - Disse da forma mais calma que consegui.

- O que? - Ele parecia surpreso com o meu comentário. "Ótimo"

- Isso mesmo. - Afirmei. - Eles precisam de ajuda. Mas, por acaso, você já os indagou que tipo de ajuda eles querem? - O encarei por cinco segundos em silêncio. - É claro que não!

- Eu sei o tipo de ajuda q...

- Você sabe? - A ironia era latente em minha voz. - lembra do que eu falei há alguns minutos, sobre pessoas que resolviam seus problemas de forma prática?

- Você está querendo me dizer que eles precisam morrer? - sua gargalhada era puro escarnio.

- Por que não? - Me pus de pé. - Você não sabe o que espera depois da morte. A única coisa que sabe fazer é falar. Não é disso que eles precisam, mas de autocontrole. Quando o homem controla os seus passos, nada mais importa porque ele está bem e vivo. Se a morte os proporciona isso, por que negar?

- Você é louco! - Vociferou o médico.

- Talvez seja. - Concordei. - Mas, pelo menos, sou livre. E nada é mais incrível do que a liberdade.- Ele parecia a beira de um ataque. - Doutor. - Meu tom foi firme. - O que seria da vida sem a liberdade?

Caminhei até a porta, olhei-o e saí. Eu sabia que ele me ligaria antes do anoitecer.

***

Olivia caminhava a passos largos, quase corria, ao seu destino. A sua mente parecia um turbilhão. Seus olhos marejados indicavam algo horrível. Quem passasse por ela, sabia que nada ia bem.

De longe pode ver seu antigo chefe, com a mesma expressão da menina.

- James. - O seu nome parecia uma oração saindo de seus lábios. - Me diz que é mentira, por favor!

O homem simplesmente chorou. Eram gritos desesperadores.

- James. - Olivia ajoelhou-se aos seus pés e também chorou.

Há um mês, viu a morte machucar seu amigo. Se sentiu tão incapaz de lidar com aquilo, e agora ela se despedaçava.

Quando soube da morte da amiga, não deu para fazer mais nada além de correr, correr e correr. Atravessou o pátio do departamento tão rápido. Viu quando shelie gritou seu nome, mas não tinha forças. Se parasse, sabia que não ia conseguir mais ir adiante e desabaria ali mesmo.

- Me diga. - James chamou a atenção da Jovem. - por que isso tinha que acontecer com minha doce wanessa?

- Eu não sei. - E não sabia mesmo. Estava inconformada também. Era a segunda pessoa que morria e que ela amava. - talvez, isso nos ensine algo.

A risada angustiada de James era quase uma faca no coração.

- Ah, Olivia, como eu queria ter essa sua mentalidade e ver coisas boas onde não existe.

Ela se levantou, mas ficou de cabeça baixa. Ela não era assim, como as pessoas a descreviam, não era boa. Sentia raiva de si mesma.

- Se eu fosse boa mesmo – Sussurrou, mas James a ouvia. - sua filha estaria viva.

- Você não tem culpa.

- Você não estava lá. - Seu choro aumentou a tal ponto de não ter força nas pernas para ficar de pé. - Você não viu o que eu fiz, não viu. - Ela gritava a plenos pulmões. - Eu a matei, eu matei a minha melhor amiga.

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⏰ Última atualização: Jan 08, 2018 ⏰

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