Capítulo 6

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"Algumas amizades aconteciam sem qualquer explicação, outras precisavam de um árduo trabalho para tornarem-se eternas."

O grupo misto de pessoas presente naquela sala estava reunido em volta do corpo estendido. O pequeno comentário de Mikes havia chamado à atenção de todos e estes, por sua vez, aguardavam ansiosos por sua explicação.

- Aqui. – Apontou um pequeno furo próximo ao esternocleidomastóideo*, na extremidade perto da orelha. – Isto ocasionou a morte.

- Impossível. – Call vociferou, aproximando o rosto do local indicado pelo perito. – Um furinho desses não mata ninguém.

- O furo não o matou. – Mikes encarou o médico legista com uma expressão de reprovação. – Porém, foi o que fez com que isso acontecesse.

- Pode ser mais claro? – Indagou Ethan, que até este momento apenas encarava o morto e tentava assimilar as palavras do outro.

- Aqui está. – Still entregou alguns papeis a Mike.

- Vejam! – Começou. – Nos outros dois – Mostrou duas fotos dos outros mortos, apontando o mesmo local. – os furos estão quase invisíveis, mas, ainda sim, perceptíveis.

- E o que foi injetado? – Perguntou Olivia. – Porque, pelo tamanho do furo, só pode ter sido uma agulha.

- Ainda não sabemos, porém já demos um passo para isso. – Mikes piscou, sorrindo.

- E como você não notou isso? – Ethan dirigiu-se a Call, visivelmente irritado. Os dois não precisavam de muito para discutir.

- Eu não sou obrigado a ver tudo, senhor. – A última palavra foi proferida com um tom pouco afável aos ouvidos.

- Mas é o seu dever procurar todos os mínimos detalhes. – O delegado disse e saiu, precisava respirar ar puro.

Caminhou pelo longo corredor sem de fato sentir que o fazia. Vagava pelas lembranças da infância, mais especificadamente nas que estava com o pai. Wistown costumava carregar o filho nos braços e lhe contar histórias sobre os verdadeiros heróis, a paixão por essa profissão foi adquirida através do pai.

- Ethan. – Uma voz doce entrou em seus ouvidos o tirando do transe, que o fez virar e ver uma jovem perita correr até ele. – Nós estamos indo até a lanchonete da esquina, não quer ir conosco?

- Eu não sei. – A encarou por um tempo. – tenho muito trabalho a fazer.

A menina mordeu o lábio inferior pensando no que dizer. Ethan, porém, a olhava de maneira reflexiva. Ela era uma mistura meiga e doce, mas não podia deixar de notar o quanto aquilo contrastava com a profissão. Todos ali tinha um lado frio, ela, entretanto, não parecia ter.

- Quinze minutos não irá atrasar o que quer que tenha a fazer. – Olivia não pode deixar de admirar o sorriso que se abriu por tal comentário. – Além do mais, Call não irá.

- Okay, você venceu. – Estendeu as mãos para o alto em rendição.

***

- Pare com isso, Mike! – Shelie reclamava pela milésima vez naquela manhã.

O que deveria ter sido quinze minutos tornou-se uma hora. Todos estavam se divertindo, o que era muito raro. Na mesa estavam Olivia, Ethan, Mikes, Still e Shelie, que fechava o círculo.

- O que posso fazer, se você é irresistível? – Este comentário arrancou riso de todos.

- Você é muito chato. – Concluiu a mulher, mostrando a língua ao mais velho.

- Há quanto tempo está aqui? – Ethan murmurou perto de Olivia, provocando um pequeno susto.

- Quase dois meses. – Sussurrou de volta.

- Você gosta do que faz? – Ele a olhava de uma maneira tão profunda que ela mal conseguia respirar.

- Não me vejo fazendo outra coisa. – E sorriu.

- Engraçado. – Comentou ele e se afastou.

Ela ainda o encarava, esperando que ele explicasse o que era engraçado, mas este não o fez. Todos se envolveram numa deliciosa conversa, esquecendo, por um tempo, de todo esse universo criminoso.

TERCEIRO RELATO

11 de Junho de 2015, Quinta-feira, 01:14 AM

Eles parecem espertos, se mostram espertos, mas pecam na prática. Descobriram uma pequena, quase ínfima, parte do crime que estou cometendo (Não pensem que parei).

É tão maravilhoso ver todos esses idiotas tentarem me pegar, meu coração pulsa em adrenalina. Mal sabem eles qual o ápice da minha glória. Será que o meu avô se orgulharia de mim? Eu acho que sim, pois sou um homem forte e consigo tudo o que quero.

O meu mais novo experimento encontra-se na minha frente, deitado numa mesa de madeira, se contorcendo e gritando por uma mistura de dor e prazer. Isso nunca me cansa.

Mas preciso de algo novo para se tornar mais divertido, preciso atacar aquele ser desprezível da forma mais dolorosa que existe. Estou perto, mais perto do que imaginam.

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* é um músculo da face lateral do pescoço, na região anterolateral.



NOTAS DA AUTORA

Hey, desculpem a demora!!!

O capítulo está curtinho mesmo, mas esta semana (se Deus quiser) postarei mais um...

Deêm suas opiniões, votem e leiam sem moderação!

Bejokas <3

Destinos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora