CAP 15

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Elisa

Algumas semanas depois, meu pai já estava se recuperando do acidente em casa, e nós estávamos indo para o hospital tirar o gesso da perna dele, eu estava dirigindo porque depois que recebi minha carteira de motorista, não dependo do motorista do meu pai para me levar pra lugares. Eu perdoei meu pai, mas não falei que estava com o Maicon de novo, eu não estava pronta para isso ainda. Por enquanto, eu só dizia que ia sair com minhas amigas quando na verdade eu ia me encontrar com o Maicon.

– Pai, eu quero um apartamento pra mim. – Eu disse quebrando o silêncio do carro.

– O que? Porque? Você vai para os Estados Unidos já Elisa, não tem necessidade.

– Pai, por favor, eu quero um apartamento só meu. Eu sei que vou embora, mas eu quero ter a experiência de como é morar sozinha antes de ir embora, por favor pai, te imploro. – Fiz uma cara de cachorro de rua.

– Tá legal.

– Então, eu posso ligar para a corretora? – Perguntei.

– Pode.

– Posso escolher qualquer apartamento?

– Sim, mas tenha um pouco de dó do meu bolso.

– Tá legal pai, obrigada. –  Falei estacionando o carro e abraçando ele. – Vou chamar alguém para te ajudar a sair. – Meu pai era três vezes o meu tamanho, e ele estava se sustentando em apenas uma perna, não seria eu que iria ser a outra perna obviamente.

Chamei um enfermeiro e ele veio com uma cadeira de rodas, ajudou meu pai a sair do carro e a gente entrou no hospital, fiquei do lado de fora falando com o corretor ao celular enquanto meu pai estava dentro da sala tirando o gesso.

O homem disse que tinha um ótimo apartamento para mim e me mandou a foto, era lindo, era minha cara, e já vinha mobilado. E o melhor, é que era longe da minha casa e perto do apartamento que Maicon estava morando.

– Estou de volta! – Meu pai disse ao voltar andando normalmente. Olhei pra ele e rir. – Obrigada por ter uma perna, Deus! – Ele brincou

– Isso mesmo, agradeça e vá atrás de mim em mais de 100km/h novamente. – Foi a vez dele de rir. – Já liguei para a corretora de imóveis pai, o homem tem um apartamento lindo apenas esperando minha assinatura no contrato. – Eu disse. – Vamos, vou deixar você em casa e vou olhar o apartamento pra ver se realmente é o que tem na foto. – Entramos no carro e eu segui para minha casa.

– Precisa que eu ligue para um dos advogados te acompanhar? –  Meu pai perguntou quando parei em frente ao portão.

– Pai, não é como se o homem fosse me passar a perna, eu só vou ver o apartamento e talvez assinar um contrato que diz que o apartamento é meu.

– Você é quem pensa, nesses casos é muito comum... – Se eu não interrompesse ele, eu iria acabar tendo uma aula de direito imobiliário ali mesmo.

– Tá pai, eu prometo que não vou assinar nada, vou trazer uma cópia do contrato para o advogado ler, juro que não vou assinar nada sem ele ler. – Eu disse revirando os olhos. – Pode sair por favor do meu carro? Tenho apartamentos pra olhar, e se eu não gostar desse? Vou ter que passar o dia olhando outros.

– Quando foi que você cresceu tanto e virou uma pessoa que sai a procura de apartamentos e dirigindo o próprio carro? Você só tem 18 anos!

– Pai não vem com isso agora. As pessoas crescem mesmo, é da vida, você é criança, depois adolescente e depois adulto. Vamos nos poupar desse discurso e deixar pra minha despedida, lá no aeroporto. - Eu disse e ele riu.

ONE THING (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora