Era inverno na Europa, uma estação do ano em que normalmente eu costumava apreciar, havia todo um encanto nessa estação em particular. Mas para mim desde quando Nick morreu tudo se tornou escuro e frio. O inverno era perfeito em sua companhia, alias todas as estações do ano se tornavam perfeitas ao seu lado.
Desde quando o conheci, Nick foi meu alicerce, quando ja havia desistido do amor, ele me provou que não era apenas nos contos de fadas que os finais felizes eram possíveis, e que o amor era um sentimento real. Mesmo que tenha sido um final imprevisível e doloroso para mim, a história terminou como deveria terminar, ou pelo menos era o que ele sempre me dizia: Que a vida era imprevisível, mas no final as peças se encaixavam mesmo que o quebra-cabeça não tivesse todas as peças, ou que tivesse perdido alguma delas. Me agarrei a isso desde então, no inicio achei que seria melhor chorar e entrar em luto, não que eu não tenha feito isso durante um tempo, mas me lembrar de que Nick não havia desejado esse final, e que para ele esse não era o ponto final da história me trazia uma certa tranquilidade momentânea.
Estava deitada no sofá com meu velho suéter, minha meia de coração (que Nick havia me dado ano passado) e pantufas. Não era meu melhor traje, mas considerando que o clima pedia algo quente e confortável, era a melhor roupa para minha tarde.
A campainha tocou e inevitavelmente desejei que não fossem meus vizinhos, primeiro por que minhas roupas não estavam nada apresentáveis e esse não era um dia em que queria receber visitas, segundo porque não queria que tivessem uma má impressão da nova vizinha, e a casa estava uma verdadeira bagunça. Passei os dedos no cabelo na tentativa de arruma-lo. Mas era impossível melhorar o visual usando pantufas e meia de coração em plena tarde. Apresso o passo e abro a porta:
-Boa tarde Sr. Louisa Claire! Essa encomenda chegou ao correio. Assine aqui para certificar que recebeu.
Por um breve instante fiquei olhando para a caixa, me perguntando se estava esperando alguma encomenda ou se algum dos meus parentes havia me dito algo sobre me entregar alguma caixa pelo correio. Mas tinha absoluta certeza de que não.
- Boa tarde. Acho que esta havendo um engano... Não estou esperando encomenda alguma. Alias, qual remetente?
- Essa é a questão, não tem remetente escrito na caixa.
Minha vontade era ficar discutindo com o entregador, mas sabia que era uma perda de tempo, ele so estava fazendo seu trabalho.
- Tudo bem. Onde assino?
Ele aponta para o papel.
Fechei a porta e coloquei a caixa para dentro. Nos primeiros instantes hesitei em abrir, especialmente porque não sabia quem havia mandado, poderia ser uma bomba atômica, se Nick estivesse aqui iria rir da minha cara espantosa mas a minha curiosidade foi mais forte. Abri a caixa e me deparei com o melhor presente anônimo que alguém poderia receber. Era um filhote de labrador tão lindo e fofo que mal podia acreditar que alguém desconhecido poderia ter me mandado, questionei porque o anonimato. Tirei o cachorro da caixa e notei que havia um envelope, peguei e abri:
Senhorita Louise,
Espero que tenha gostado do presente!
Embora não me conheça, te vi algumas vezes no parque lendo ( ótimo gosto literário por sinal), notei que todas as vezes estava sozinha e talvez tenha me identificado. Vi em seus olhos uma grande solidão e tristeza, talvez tenha cometido um equívoco ( me perdoe se sim ), mas achei que precisava de uma boa companhia, nada melhor do que um cachorro para alegrar o ambiente não é mesmo?! A propósito o nome dele é Apollo. Passei alguns dias com ele para me certificar que era um bom amigo e companheiro para você. Espero que goste!
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O melhor de mim
RomanceLouise Claire descobre que para o amor não existem barreiras. Embora o amor seja capaz de nos machucar, ele também é capaz de curar. Louise havia passado por uma grande perda, e sua vida desde então se tornou muito vazia, monótona e cansativa. Parec...