Abro meus olhos lentamente, mas rapidamente os fecho novamente por causa da luz.
Alguns segundos depois arrisco abrir meus olhos novamente, mas dessa vez mas devagar e encaro o teto branco.
Quase que instantaneamente flashes de memória atingem minha mente e me desespero, fazendo os barulho da máquina que mede meus batimentos cardíacos aumentar e só então percebo que estou em um quarto de hospital.
O quarto era amplo, com as paredes completamente brancas, uma pequena televisão perto da porta, uma janela tamanho médio perto da cama e alguns aparelhos ligados a mim.
—Bom dia! Como se sente?-pergunta um médico aparentemente educado de cabelos negros e profundos olhos azuis, ao adentrar o quarto.
— O...o meu pai...ele...- não consigo terminar a frase.
— Sinto muito, sua mãe me explicou o que aconteceu - diz ele mexendo em uma máquina ligada a mim.
— Minha mãe... Onde ela está?- pergunto desesperada a procura de um rosto conhecido.
— Ela está na sala de espera, vou manda- la entrar- diz ele antes de deixar o quarto.
****
— Meu amor eu fiquei tão preocupada com você! -diz minha mãe ao adentrar meu quarto e quase me matar com um de seus abraços super protetores.
— O que aconteceu? - pergunto me referindo tanto a morte de meu pai, quanto ao fato de estar em um hospital.
— Oh querida você ficou tão abalada com o que aconteceu com o seu pai que acabou tendo um problema de pressão- diz ela com cuidado, como se procurasse as palavras.
— Então é verdade- mais afirmo do que pergunto.
— É sim querida-diz ela com pesar.
— E Felipe ele já sabe o que aconteceu?- pergunto, afinal mesmo que Felipe não fosse o melhor filho ou o melhor irmão do mundo, meu pai ainda era pai dele.
Felipe sempre foi um tanto revoltado. Eu nunca entendi o porque, afinal ele sempre teve tudo o que quis. Meu irmão teve muitas fases. Me lembro que na Adolescência Felipe chegou a se envolver com drogas e isso faz com que meus pais o mandassem para um colégio interno no Rio de Janeiro, foi lá onde ele conheceu Isabela sua atual esposa.
— Sim filha, eu liguei para o seu irmão enquanto você era examinada- diz ela andando pelo quarto- E Isabela também vem- completa ela.
Eu nunca fui muito com a cara da Isabela, sempre achei que ela se aproximou do meu irmão apenas pelo dinheiro da nossa família.
Continuo a conversar com minha mãe sobre banalidades por mais um tempo, depois que ela vai embora uma enfermeira muito simpática me traz algo pra comer, uma espécie de sopa com um gosto horrível!
Assisto um pouco de televisão, mas como nada me agrada resolvo dormir um pouco para ver se o tempo passa mais rápido e torcer para que amanhã eu tenha alta.
****
Acordo, mas não abro os olhos. Ouço barulho de vozes, parecem duas pessoas discutindo, um homem e uma mulher, mas...espera! Eu conheço essas vozes, é meu irmão Felipe e sua esposa Isabela.
— Mas meu amor, você o odiava! E com razão, ele traiu a sua mãe durante anos!- diz Isabela e eu fico em choque. Como assim o meu pai traia a minha mãe?
— Ele me garantiu que pararia de se encontrar com ela se eu não contasse nada para minha mãe ou Alice, eu não queria magoa-las - diz meu irmão e tenho certeza que desse está puxando os cabelos agora.
— Ela tem nome e você sabe. É Patrícia!- diz ela e então me lembro do sonho, o número que ligava para o meu pai pertencia a uma mulher chamada Patrícia!
— Por favor Isabela fale mais baixo ou quer que todo o hospital de ouça, inclusive minha mãe!-diz meu irmão aumentando seu tom de voz.
Eles passam um tempo calados e uso esse tempo para absorver as suas palavras. Meu irmão sabia que nosso pai traia a nossa mãe e nunca contou nada com medo de nos magoar. Meu pai traia minha com uma mulher chamada Patrícia, Felipe descobriu e meu pai o convenceu a não contar nada para ninguém, dizendo que terminaria com a tal Patrícia, mas ela estava ligando pra ele na noite em que morreu, o que quer dizer que provavelmente eles não haviam realmente terminado.
— Quanto tempo você pretende ficar?- pergunta Isabela. Cortando o silêncio.
— O quanto for necessário. Vou esperar Alice sai do hospital e depois ajudar minha mãe com o enterro- diz ele friamente.
— Felipe?- pergunto como se tivesse acabado de acordar, chamando a atenção dos dois.
— Alice como se sente?- pergunta Felipe, se aproximando mais de mim e segurando minha mão, talvez tentando me confortar ou talvez procurando conforto em mim.
— Eu estou bem. Vocês chegaram a muito tempo?- pergunto tentando puxar assunto.— Viemos assim que Helena nos informou sobre o que aconteceu com o seu pai, ficamos preocupados quando sua mãe nos disse que você estava no hospital- diz Isabela se sentando na beirada da cama.
—Me desculpem, eu não queria preocupar vocês- digo sinceramente- Vocês pretendem ficar por quanto tempo?- pergunto interessada.
— Ainda não sabemos ao certo, mas vamos ajudar mamãe a organizar o funeral- diz Felipe com o olhar distante, perdido em seus pensamentos.Conversamos pouco tempo, depois eles foram pra casa tomar banho e trocar de roupa, pois haviam acabado de chegar de viagem e vieram direto para o hospital me ver. Algum tempo depois o mesmo médico de antes adentra o quarto sorrindo, deixando seus belos dentes brancos amostra.
— Como está se sentindo?- pergunta ele de forma atenciosa.
— Melhor, bem melhor- digo ocultando a parte de ter feito novas descobertas sobre o meu pai.
— Que bom que está se sentindo melhor. Aqui diz que você teve um aumento de pressão por causa do choque da notícia- diz lendo alguns papéis em uma prancheta- Acho que já posso te dar alta. O que você acha?- pergunta ele mesmo já sabendo a minha resposta.
—Estou louca pra voltar pra casa- digo animada. Não gosto muito de hospitais.
O doutor sai e volta alguns minutos depois acompanhado de minha mãe. Chega de hospital, minha prioridade agora é descobrir quem matou o meu pai e porque e principalmente como eu pude prever sua morte e vê-la sem estar lá. O que eu sou? Como isso vai acabar?
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O grito da morte
Ciencia FicciónSinopse: Alice é uma garota aparentemente normal, até ter sua vida virada de ponta cabeça com a morte de seu pai e a descoberta de estranhos poderes sobrenaturais. Um assassino está a solta e cabe a Alice, com a ajuda de seu namorado Lucas e o irmão...