Você já teve um mau pressentimento como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer?Bom, é assim que eu estou me sentindo o dia inteiro! Mas provavelmente não deve ser nada.
*****
Minha casa é bem grande, se não morasse aqui a minha vida toda provavelmente me perderia facilmente.Vou andando até a cozinha na esperança de encontrar algum doce na geladeira. Passo pelo escritório de meu pai e vejo que o mesmo está vestindo uma terno azul marinho risca de giz. Provavelmente vai para empresa.
Aperto o botão na parte superior do meu celular, um iPhone 5s e vejo que já são quase 22:00 horas. É até normal ver meu pai saindo para trabalhar tão tarde, provavelmente vai para alguma reunião de emergência ou conversar com empresários estrangeiros, mas esse mau pressentimento que não me deixa em paz!
— O senhor vai sair?- pergunto para meu pai.
O Dr. Pedro Albuquerque, meu pai é um famoso e bem sucedido empresário da área automobilística. Ele herdou sua empresa do pai dele, que herdou do pai dele...
— Vou para a empresa conversar que alguns possíveis sócios que vieram da Austrália- diz ele enquanto organiza suas coisas.
— Mas já está tarde!- tento inutilmente convencê -lo a ficar. Por algum motivo que não entendo aquele mau pressentimento está mais forte e sinto meu coração apertado. Eu nunca senti nada igual.
— Eles vieram de muito longe para conversar, não posso simplesmente deixa-los esperando- explica meu pai pacientemente.
— Eu e minha mãe devemos te esperar ?- pergunto me dando por vencida.
— Não precisa, provavelmente vou chegar muito tarde. Boa noite querida- diz meu pai depositando um beijo em minha testa.
Vi ele passar pela porta de seu escritório e poucos segundos depois o barulho da porta da frente sendo aberta e depois fechada e esse mau pressentimento que não me deixa em paz, continua.
Continuo meu caminho pelo extenso corredor branco até chegar a cozinha vazia, abro a geladeira e encontro um pote de sorvete de chocolate, me sirvo, guardo o pote e depois coloco à louça suja na pia.
A cozinha é bem colorida, uma parede verde cheia de adereços, um fogão e uma geladeira inox, armários de madeira e uma mesa de granito com cadeiras pretas.
Subo a longa escadaria de madeira até o meu quarto. Meu quarto é todo nos tons branco e lilas, com uma grande cama de casal, um janela extensa no lado direito coberta por uma cortina fina lilas,um lustre simples e no lado esquerdo uma penteadeira branca ao lado de duas portas lilases, uma delas o closet e a outra o banheiro também branco e lilás.
Resolvo dormir torcendo para que quando acordar a sensação ruim ja tenha ido embora.
" Eu estava sentada no banco do passageiro de um carro, espera! Eu conheço muito bem esse carro é o carro do meu pai e ele está usando as mesmas roupas de quando saiu de casa.
Vejo o semáforo verde ficar amarelo e depois vermelho. Meu pai como um bom motorista para o carro, esperando o sinal ficar verde novamente.Ele olha para o lado como se sentisse minha presença mas não consegue me ver.
Seu celular começa a tocar e o nome Patrícia aparece na tela.Quem diabos é Patrícia?!
Ele recusa a ligação e pouco tempo depois o sinal volta a ficar verde.
*****
Foi tudo muito rápido, uma pessoa entra correndo na frente do carro fazendo meu pai frear bruscamente. O que ele não sabia era que aquela pessoa, quem ele havia acabado de salvar a vida estava armado e tinha a intenção de mata-lo. Ela pego a arma e mirou bem no meio da testa de meu pai que não conseguiu reagir a tempo.
Um, dois, três disparos. Vi as balas atravessarem o parabrisas do carro. Vi meu pai morrer e não poder fazer nada pra ajudar. Minha visão estava embasada por causa das lágrimas que não paravam de cair.
Depois de por fim a vida de meu pai a pessoa subiu numa moto e foi embora, porém antes que ela se afasta-se eu consegui decorar a placa do veículo: ABO-0190.
Mas afinal isso é real ou apenas um sonho?"Acordo suada e assustada. Felizmente foi apenas um sonho. Olho no relógio e vejo que já são pouco mais de 3:00 horas da manhã.Resolvo tomar um banho morno, numa tentativa falha de apagar as imagens do sonho da minha mente, mas foi tudo tão real!
Vou até o quarto dos meus pais e percebo que há apenas uma pessoa deitada, no caso a minha mãe, Helena.
Resolvo então, ir pra sala assistir um filme enquanto meu pai não chega.A sala da minha casa tem as paredes pintadas no tom bege claro, há uma televisão pequena presa a parede decorada com azulejos, perto de um vaso de plantas, abaixo dela há uma pequena mesa branca com alguns enfeites. A lâmpada é presa numa espécie de arco e há dois bancos de estofado branco pra duas pessoas no lado direito do cômodo e um grande sofá branco virado para a televisão.
Escolho Divergente, coloco o filme, mas pego no sono antes da metade. Dessa vez eu consegui dormir tranquila, sem sonhos ou maus pressentimentos.
*****
Acordo com o barulho do telefone fixo tocando, olho no relógio e já são pouco mais de 7:00 horas da manhã. Olho o número na tela mais não o reconheço. Por via das dúvidas resolvo atender.
— Alô?- pergunto para quem quer que esteja do outro lado da linha.
— É da casa da família do empresário Pedro Albuquerque?- pergunta uma voz feminina. Será que é a tal Patrícia? Que é isso Alice essa mulher nem ao menos deve existir.
— É a filha dele com quem eu falo?- pergunto impaciente.
— Aqui é do Hospital Santa Catarina, na Avenida Paulista- diz a moça e sinto aquele mal pressentimento outra vez mas dessa vez está ainda mais forte acompanhado de um dor de cabeça terrível.
— Aconteceu alguma coisa com o meu pai?- tomo coragem para perguntar.
— Estamos ligando para avisar que infelizmente o seu pai foi vítima de uma tentativa de homicídio ontem a noite- diz ela então eu volto a me lembrar do sonho! Então não foi um sonho, foi real! Mas como?
— Ele está bem?- pergunto preocupada.
— Infelizmente ele não resistiu- ela faz uma pausa- Eu sinto muito- diz ela por fim.
A moça continua a falar mas eu não a ouço mais, a dor de cabeça somada ao choque de ter perdido o meu pai fez com que soltasse um grito tão forte que vi quando as janelas e todos os outros materiais de vidro ao meu redor começaram a se quebrar. Eu não fazia a mínima ideia de que podia fazer algo assim!
Depois do grito fico tão sem forças que caiu no chão e vou perdendo a consciência aos poucos. A última coisa de que me lembro é de minha mãe e Natália, nossa empregada correndo até mim desesperadas e ao mesmo tempo assustadas. Fecho meu olhos ouvindo os gritos e o choro de minha mãe e me entrego de vez a escuridão.
Naquele momento eu não tinha mais certeza de nada apenas que minha vida jamais seria a mesma.
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O grito da morte
Fiksi IlmiahSinopse: Alice é uma garota aparentemente normal, até ter sua vida virada de ponta cabeça com a morte de seu pai e a descoberta de estranhos poderes sobrenaturais. Um assassino está a solta e cabe a Alice, com a ajuda de seu namorado Lucas e o irmão...