Dois

20 5 3
                                    

Acordo sobressaltada quando um estrondo se faz ouvir. Não ouço mais barulho nenhum e acho um pouco estranho. Olho para o lado e não vejo o Tyler. Fico um pouco preocupada. Será que o entrando tem a ver com ele? Será que está tudo bem?

Levanto-me e visto umas cuecas e uma T-shirt que uso para dormir, que me ficar a meio das coxas. Adoro esta T-shirt e ela reconforta-me quando durmo sozinha. Estúpido, eu sei, mas é verdade. Esta camisola cinzenta escura era do moreno que em tempos tinha em sua posse o meu coração. Honestamente nem sei porque é que ainda a tenho, mas simplesmente não me consigo desfazer dela.

Saio do quarto e logo um cheiro a torradas invade as minha narinas. Fico menos preocupada porque deve ser o Tyler e o barulho deve ter sido ele. Chego à cozinha e fico encostada à ombreira da porta, a observar o ruivo à minha frente, a preparar o pequeno almoço. Ele está apenas de boxers e põe neste momento manteiga nas torradas. Quando se vira para pôr o prato com as torradas em cima do tabuleiro, que ainda está vazio, repara em mim.

Tyler: Bom dia princesa! - Caminha até mim, coloca as suas nos na minha cintura e beija os meus gélidos lábios.

Eu: Bom dia.

Tyler: Ia levar-te o pequeno almoço à cama. - Sorri.

Eu: Pois já percebi. - Riu. - Mas comemos aqui.

Tyler: A menina manda.

Ele acaba de preparar a comida e coloca tudo em cima da mesa. Comemos demoradamente e alegremente.

Tyler: Vais trabalhar hoje?

Eu: Vou ficar em casa a acabar uns desenhos. Tenho que entregá-los amanhã. Porquê?

Tyler: Porque hoje estou de folga e podíamos aproveitar! - Diz sensualmente.

Eu: Pois meu amor, mas eu preciso mesmo de acabar aquilo hoje. - Vejo a sua cara mudar e ele fica um pouco tenso e... Irritado? - Mas podemos ir jantar fora! - Sorriu e pego na sua mão.

Tyler: Sim, seria perfeito.

Levanto-me para arrumar a cozinha enquanto ele fica sentado à observar cada movimento meu. Sinto-me um pouco observada, com o seu olhar a percorrer o meu corpo. Quando estou a acabar de arrumar os pratos no armário, sinto umas mãos a agarrarem-me pela cintura.

Beijos começam a ser depositados no meu pescoço e logo eu viro-me de frente para ele. Ponho as minhas mãos no seu pescoço e puxo-o para mais junto de mim, colando os nossos lábios. Os seus fortes braços, elevam-me e sentam-me em cima da bancada. Fica no meio das minhas pernas, enquanto espalha beijos pelo meu pescoço. Puxo ligeiramente o seu cabelo quando as suas mãos entram em contacto com a pele da minha barriga. Explora cada pedacinho de pele dela até agarrar num dos meus seios e volta a beijar-me, agora com mais intensidade.

O som do seu telemóvel interrompe o nosso momento. Ele afastasse de mim e eu suspiro frustrada. Ajuda-me a sair da bancada e vai atender o telemóvel.

Decido então ir até ao quarto e vestir qualquer coisa para andar por casa. Depois vou até ao escritório onde tenho os meus desenhos e começo a acabá-los. Passado uns minutos o Tyler entra sem bater à porta o que me assusta e faz com que estrague um desenho.

Eu: Merda! - Digo.

Ele está estranho, os seus músculos estão tensos e os seus olhos escuros e sem brilho algum.

Eu: Está tudo bem?

Tyler: Vou ter que ir ao café resolver um problema que surgiu. Não sei a que horas volto. Adeus. - Diz de uma só vez num tom rude.

Que raio? O que terá um mero empregado de café de tão grave para resolver no seu local de trabalho, no dia da sua folga, que o deixe tão zangado? Ele parece chateado com algo, mas nem tive oportunidade de perguntar nada, pois mal acabou de falar, saiu. O estado em que se encontrava deixou-me um pouco preocupada, mas vou deixar que ele volte para tentar perceber o que se passou.

Alguns minutos de silêncio depois, que serviram para começar um desenho novo, oiço o som de mensagem de um telemóvel. O meu não é, pois está mesmo à minha frente. Caminho até à sala e vejo o telemóvel do Tyler em cima do sofá com o ecrã aceso. Pego nele e vejo de quem é a mensagem, acho que ele não se vai importar. Acho que não tem nada a esconder, ou pelo menos espero. É a Martha e diz "Estamos à tua espera no armazém. Ela quer matá-la! Vais demorar muito?"  Armazém? Estamos? Ela? Matar quem? Estou super confusa!

Tyler: O que está a fazer a mexer no meu telemóvel? - Assusto-me com a sua voz. Nem o ouvi entrar em casa. 

Eu: Não vais resolver problema nenhum no café pois não?

Ele caminha até mim irritado e retira o telemóvel da minha mão com raiva, por estar a mexer nele. Dá-me um chapada com tanto força que faz com que eu caia em cima do sofá.

Tyler: NÃO TE METAS ONDE NÃO ÉS CHAMADA E NÃO VOLTES A MEXER NAS MINHAS COISAS SEM AUTORIZAÇÃO! - Grita e volta a sair de casa, batendo com a porta fortemente.

Levo a mão à minha bochecha que arde, tenho a certeza que vai deixar marca. Eu nunca o vi assim, ele nunca foi agressivo comigo, nunca me bateu, nunca me levantou um dedo que seja. Ele nem sequer alguma vez me levantou a voz.

Mas que merda se está a passar aqui?

Path - Book 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora