Suicídio

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   Ja estava na ponta máxima do penhasco pronta para me jogar, eu não estava pensando em mais nada e ninguém, somente em mim. E para mim essa era a melhor opção, deixar de sofrer, de me decepcionar, de me iludir, enfim, deixar de viver. Então eu fui com a cara e a coragem, lá estava eu, prestes a me jogar, dramática como sou não poderia simplesmente me jogar eu tinha que dizer minhas últimas palavras que foram:

"Tchau mundo, tchau vida finalmente eu vou para um lugar melhor, pelo menos espero ir. Adeus mãe que sua vida seja muito melhor agora!"

   Já estava tombando, meu corpo ja estava na diagonal, foi então que senti uma mão macia me segurar pelo braço e me puxando contra o penhasco.

- Você é louca garota?

Disse uma garota linda, ela era morena cabelos castanhos cacheados era praticamente da minha altura estava com uma calça vermelha um tênis branco e uma blusa preta com branca parecendo de um time de futebol americano. Ela era simplesmente linda, eu fiquei encarando por um longo período sem dizer nenhuma palavra, até que então ela diz mais uma vez.

- Ei, estou falando com você. Você é louca ou o que? O que tava pensando em fazer?
- Me solta, quem você pensa que é?
- Sou a garota que acabou de salvar a sua vida. De nada!
- Eu não pedi a sua ajuda, sai daqui.
- Não.
- Garota eu nem te conheço, o que você pensa que está fazendo? Que saco, eu vim pra cá pra ficar sozinha, não pra ser encomodada por mais uma pessoa chata.
- Pode dizer o que quiser, mas eu não vou te deixar aqui sozinha pra você fazer o que ia fazer. Deixa de ser fraca, desistir da vida é coisa para idiotas.
- Você não me conhece e muito menos sabe as coisas que passo para me chamar de fraca e idiota. Me deixa em paz.
- Tudo bem, faz o que você quiser, eu não sou nada sua, não tenho autoridade para te proibir a nada. Mas saiba que isso é burrice, eu realmente não sei pelo que você está passando, mas seja lá o que for, ou o que fizeram a você, você está sendo fraca sim por desistir ao invés de lutar ou correr atrás ou sei lá o que houve. Afinal o que aconteceu contigo?
- Não é da sua conta.
- Garota difícil você em. Olha eu só quero ajudar, pelo menos me deixa tentar te convencer a não fazer isso, se eu não conseguir pode ter certeza que eu sumo daqui e você se joga tudo bem?
- Porque ta se importando com isso? Você nem me conhece.
- Porque eu já passei pela mesma situação, mas infelizmente não tive ninguém pra me impedir de fazer essa loucura. Fiquei 6 meses em coma, e foi sorte eu ter acordado e ainda por cima ter ficado normal, só depois que acordei percebi o quanto isso é inútil, e quantas pessoas eu magoei, e quantas eu deixaria pra trás se estivesse morta. Pensa nas pessoas que se importam com você, sei lá, amigos, seus pais, alguns...
- Não! Meus pais não se importam comigo, por minha mãe eu já estaria morta. - falo antes que ela termine a frase e diga mais uma besteira.
- Sai daí garota, esfria essa cabeça. Pensa bem na besteira que está querendo fazer. Você não é a única que passa por mals momentos, que não tem uma vida que deseja ter, e nem por isso todas as pessoas que passam por isso saem por aí tentando suicídio. Sai daí.
- Eu já disse que não. Sai daqui você é me deixa em paz.
- Eu não vou sair daqui sabendo que deixei você aí pra pular. Então vai ter que pular na minha frente. E saiba que você vai deixar uma pessoa traumatizada aqui.
- Oi? Aff.

   Então dou as costas pra ela e olho para o penhasco, fico muito irritada porque comecei a pensar em Meg, Luk, Krist, Jaden e Dj. Eu não poderia deixá-los assim sem nenhuma explicação sem nenhum tchau, principalmente a Meg, como ela ficaria?! Fiquei com ódio dessa garota que nem sabia o nome e que acabou de fazer com que eu desista de pular, então me viro e saio andando mas não falo nada com ela, então ela me diz "obrigada." finjo que não escuto e continuo andando.
   Estou morrendo de fome, minha casa está muito longe e também não quero ir embora agora. Me lembro que sempre tenho biscoitos na mochila, então me sento em um dos brinquedos e começo a comer, não paro de pensar naquela garota, quem era ela, qual teu nome, aqueles olhos castanhos e seus cachos voando conforme o vento ia batendo em seus cabelos, e também o que ela estava fazendo essa hora nesse lugar abandonado sozinha. Então eu volto pro fim do parque pra ver se ela ainda estava lá, e sim, ela estava na beira do penhasco com as mãos no bolso.

- Quer dizer então que você me tirou daí pra poder pular no meu lugar?
- Eu não vou pular estou observando a paisagem.
- O que faz nesse parque abandonado sozinha?
- Gosto de vir aqui pensar, observar, é muito bom pra acalmar e esquecer de tudo. Devia experimentar isso ao invés de querer pular.
- Talvez um dia.
- Não conta pra ninguém, este é o meu lugar favorito, não quero ninguém aqui.
- Tudo bem. Enfim, obrigada.
- Por?
- Você sabe.
- Sei? - Diz ela com um belo sorriso.
- Obrigada por ter me impedido de pular.
- Não por isso.
- Okay, então tchau.
- Tchau tchau.

Me viro e saio andando, eu queria saber o nome dela, não sei porque mas gostei dela há algo nela que é bom, acho que é porque ela me salvou, não sei. Quando estou na metade do caminho ela me chama mais uma vez.

- Ei garota suicídio, porque voltou?
- Não sei... Na verdade queria ver se ainda estava aqui.
- Porque?
- Não sei.

   Ela para e fica me encarando com um sorriso no rosto, que sorriso lindo, queria ele pra mim.

- Então, qual o seu nome?
- Marie, mas pode me chamar de Maah.
- Certo Marie, então tchau.
- Ueer... Não vai me dizer o seu nome?
- Liz, mas pode me chamar de Liz (risos).
- Okay. Até mais.
- Até.

***

   Já é noite quando chego e vejo um tumulto em frente à minha casa quando estou, estão meus pais e minha irmãs, Krist, Jaden, Dj e até Luk com alguns vizinhos.

- Maah, onde você estava amiga? Tentamos te ligar o tempo todo e seu celular dava desligado. - pergunta Krist.
- Você está bem? O que aconteceu? - Completa Luk.
- Não aconteceu nada. Eu estou bem, fui dar uma volta pra esfriar a cabeça.
- Marie para dentro agora. Obrigado pela ajuda meninos, agora nós temos que conversar com ela. Boa noite. - diz meu pai com uma cara fechada que eu nunca tinha visto em minha vida.

   Entramos para dentro de casa e começo a subir as escadas para ir para meu quarto.

- Nada disso mocinha, pode voltar aqui. Precisamos conversar. - diz meu pai.
- Eu não tenho nada a dizer. - Respondo enquanto continuo subindo as escadas.
- Mas nós temos.
- Não quero saber.
- Marie Stokes desça aqui agora! - diz minha mãe em seguida manda minas irmãs para seus quartos.
- E então o que querem me dizer?

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