Não posso acreditar

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   Nunca tinha visto meu pai tão tenso, e minha mãe tão preocupada. Eu realmente não queria resolver isso hoje, na verdade não queria resolver nada, só queria tomar um banho e deitar. Meus pais fizeram maior enrolação para começarem a falar, até que meu pai pediu para minha mãe nos deixar a sós. Confesso que estava tensa com isso tudo, meu pai nunca parou para conversar comigo e ele parecia realmente muito preocupado com toda a situação. Então ele me chamou para sentar e começou a relembrar o passado, começou a lembrar de como eu era e as coisas que eu aprontava, começou a dizer que eu sou igual ele, que tenho o gênio forte e que não me abalo fácil, mal sabe ele que me abalo fácil sim, só não demonstro. Eu estava achando toda essa história muito esquisita, ele estava enrolando demais para dizer o que queria, nada mais tava fazendo sentido, qual o propósito de ficar relembrando as coisas? Vamos deixar o passado no passado, eu quero saber de agora, o que está acontecendo ou o que está prestes a acontecer. Comecei a me irritar com toda a enrolação para falar o que era realmente necessário, até que então disse para ir direto ao ponto pois estava cansada e queria tomar um banho. Quando meu pai estava finalmente preste a começar a falar minha mãe chegou dizendo que não tem motivos para não participar da conversa, que queria estar presente sim, pois ela está envolvida em tudo o que estou para saber. Quanto mais eles falam e quanto mais enrolam, mais eu fico nervosa.

- Vamos, falem logo. - digo os interrompendo.
- Então Marie, o que temos a te dizer é algo muito delicado eu não sei qual vai ser a sua reação ao receber essa notícia e o que vai pensar de nós depois de tudo... eu só quero que saiba antes de tudo que você sempre foi e sempre será a minha menina, e que..
- Fala logo, está me deixando nervosa. O que foi? Eu sou adotada? É isso? É isso que querem me dizer? - interrompi mais uma vez.
- Não, não é isso. Você não é adotada. -responde meu pai.
- E então? Me falem logo o que é. E você mãe, veio pra cá pra ficar calada? Me fala logo o que foi.
- Ainda não é o momento pra que eu entre na conversa. - respondeu ela.

Foi então que meu pai FINALMENTE começou a finalmente explicar.

- Marie, você não é mais criança então acredito que vai entender essa situação, para te falar a verdade eu e sua mãe não íamos te contar nada, porque a gente achava que não era necessário, mas depois de todos esses acontecimentos vimos que você realmente precisa saber e até porque você já estava desconfiada e estava pensando coisas que não tem nada a ver. Então, o que acontece, você já reparou que tem alguns traços genéticos diferentes das suas irmãs,  poucas coisas como tom de pele, cor do cabelo, essas coisas pequenas. Então, o que acontece, você não é adotada como pensou ser, você é minha filha... mas... não é filha da sua mãe.
- Como? Como assim? O que aconteceu? Para de mentir pai, isso não tem graça.
- Eu não estou mentindo Marie, acha que eu ia brincar com uma coisa dessas? Deixa eu explicar me escuta.
- Não, eu não quero escutar nada, eu não quero saber de nada. Então é por isso que você sempre me odiou mãe? Quer dizer, mãe não. Eu já nem sei como te chamar, mas então é por isso que você sempre me odiou?
- Calma Marie, não é assim menina. - disse minha mãe, ou melhor, a mulher do meu pai, na verdade já nem sei como chamar ela.
- Para! Você sempre me tratou mal! Sempre se irritou com meu jeito, com minhas coisas. Tudo não passava de ódio por mim não é mesmo? Mas como você poderia ter esse ódio por mim por uma coisa que eu nem sabia? Vocês foram ridículos em esconder de mim isso por tanto tempo, o que acharam? Que ia ficar escondido isso pra sempre? Eu não sou idiota é obvio que eu iria perceber ou descobrir algo.
- Maah, se acalme, vamos conversar direito. Nos deixe te explicar. -  interrompeu meu pai tentando me acalmar.
- Não me chame de Maah. Eu não estou com cabeça para escutar nada, eu não quero continuar essa conversa hoje, não quero explicação nenhuma, e acho que vocês me devem isso, então não me forcem a ficar aqui nesta sala conversando com vocês.
- Mas você precisa saber o que aconteceu.
- Preciso mas não quero, não hoje.
- Marie não seja infantil. - disse a mulher do meu pai.
- Infantil? Presta atenção, veja a notícia que acabaram de me dar, e você ainda me chama de infantil?! Affe.... Eu vou sair daqui.

   Enquanto subia as escadas meu pai me chamava para voltar e continuar conversando, só que eu não estava com cabeça e muito menos vontade de saber sobre. Entrei e fechei a porta do meu quarto, não quero ser incomodada. Então fui tomar meu banho e desabei, chorei, chorei muito, chorei horrores. Só que estava banhada de raiva igual estava aquela vez no vestiário da escola, tentei controlar o nervosismo mas quando vi já tinha socado o box do banheiro, ele quebrou todo e cortou toda a minha mão, como não posso ver sangue minha visão começou a escurecer, sabia que tinha dado merda, então coloquei o roupão e gritei meu pai, ele subiu correndo junto com minha mãe, minha mãe não, mas vou continuar chamando ela assim por causa do costume... Enfim, quando chegaram no quarto e viram minha mão naquele estado meu pai correu para pegar uma toalha enquanto a mãe ajudava a me vestir. Meu pai enrolou a toalha na minha mão e fomos para o hospital, tive que levar vários pontos na mão, realmente vários, e minha mão ficaria enfaixada durante uma semana.
   Voltando pra casa eu estava mais tranquila, então deitei e fui ver minhas redes pelo celular. Tinha várias mensagens dos meus amigos e de Luk, respondi todos e larguei o celular, minha mão estava doendo e isso me incomodava. Até pegar no sono me lembrei de Liz, será que verei ela novamente? Me levanto, vou para o computador e começo a procurar por "Liz" existe várias e nenhuma delas era a menina linda lá do parque. Achei esquisito, será que ela não tem Facebook? Mas hoje é bem difícil alguém não ter. Me cansei de procurar, me deitei e tive uma idéia!

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