Capel Curig, Reino de Uliallan.
—Mas que ideia genial a sua, Ian. Vamos parar no hotel, você disse, eles vão nos dar quartos de graça, você disse.
—Eduardo, fique calado pelo menos agora. Não sei se me sinto feliz de ter te salvado da Clarissa, sabe? Acho que vou te entregar em Twillingate se você não se aquietar.
—O estranho é que você sabe o nome dela.
—Não é estranho, eu vivi seis vidas antes dessa, e aprendo rápido o nome das pessoas. E tem um detalhe, ela também está me caçando, mas tem momentos que ela abre uma trégua. Agora calado.
Eduardo saiu de dentro da recepção do hotel e andou aborrecido para a trilha, da onde se podia ver o castelo da família real dos Thorn, que não era tão majestoso quanto o de Asteria, mas daria para o gasto. Caminhou direto para a cidade, onde o movimento comercial estava grande e viu feirantes e ao longe, um desfile.
Tantas pessoas amontoadas poderiam escondê-lo por um tempo de Ian, se ele não soubesse exatamente os passos que Eduardo estava fazendo.
—Ele acha que pode se esconder de mim. Ser gentil demais o tempo todo cansa. Aquele garoto precisa de rédeas.
Caminhou direto para o desfile e notou um pequeno detalhe: não era exatamente um desfile, era o aniversário da morte do príncipe Julian e da princesa Marie, que morreram há exatos 200 anos. Um afogado em espinhos e a outra na própria ganancia. Agora onde estaria Eduardo?
—Depois de ele ter se misturado a multidão, o cheiro dele sumiu. Mas ele não vai conseguir se manter assim por muito tempo, ovelhinha.
''Ovelhinha é o caralho, Ian. ''
Quando a voz surgiu na cabeça dele, não teve duvidas de que estava sendo provocado no mais baixo nível. Enquanto caminhava pela multidão ouviu burburinhos sobre a noite que viria''Sabe, hoje é aquela lua vermelha. É perigoso ficar aqui fora, já que os lobos saem para caçar. '' ''Que besteira, isso deles nos caçarem não existem, nunca teve nenhuma fatalidade. ''Isso é obvio! Se não sai ninguém, não tem fatalidades!''
De fato, era verdade. Ele estava mais faminto do que o normal, portanto ele não teria muita seletividade com as vitimas daquele dia, que mais tarde estariam em bordéis, bebendo a custa de uma família real em eterno luto. A boca estava prestes a salivar, mas tinha que lembrar que tinha uma caçada em andamento, mas nada impediria uma parada para matar uma prostituta ali e acolá? Ninguém sentiria falta delas mesmo.
Ela havia se aproximado dele, como uma cobra finalmente achando sua presa. Os dois subiram para um quarto, onde ela o montou, fez tudo o que uma prostituta faria, mas ele não estava satisfeito e ainda agarrado a ela, cravou os dentes no pescoço e arrancou a cabeça da jovem e jogou no chão, devorando todo o resto do corpo, deixando um festim de sangue no quarto e lábios extremamente sujos.
—Acho que foi o trabalho mais limpo que já fiz na vida. Ela não gritou nem nada.
—Ian, seu grande idiota. Chama aquilo de limpo? Até a minha morte foi mais limpa do que isso. Só uma queda em um arbusto cheio de espinhos e foi o meu fim.
—Julian. Como é que até depois da morte você ainda me assusta desse jeito?
—Eu só estou aqui por causa do garoto, o Eduardo. Ele já deve ter visto tantas coisas nesse mundo, não é? Mal descobriu que tem muitos antes dele, que morreram.
—Ele me perguntou uma vez, uma noite antes de sairmos de Lonnec. Mas não dei muitos detalhes, aleguei que o cansaria muito.
—Assim como você alegou ter falado para a irmã dele que já tinha avisado da partida de Twillingate? Ele pode ter acreditado na hora, com a pressa que estava, mas em algum momento, espero, ele vai perceber e vai ter mais nojo de você. Duvido que nesse dia ele vá querer andar perto de você ou confiar em você, dizer palavras inúteis.
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A lenda da capa negra
FantasyUma antiga lenda nunca antes contada. Dois lobos e dois capuzes. Preto e vermelho. Diferentes histórias que se cruzam no caminho, um loop infinito, uma maldição para ser quebrada, uma caçada sem fim para o culpado. Um rei ganancioso que quer sangue...