Capítulo 8- Guardião

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Caminho das Tormentas, Capel Curig- Rhosneigr, 1888.

—Ei Gabriel, o que você está fazendo? Acender uma fogueira aqui iria entregar a nossa localização, além do que... está chovendo. Quem acende fogueira em uma chuva?

—Ah! Desculpa Grant. Eu só estou meio descuidado.

—Sei... descuidado. Isso é totalmente atípico de você.

Aproximou-se enquanto falava e quando se sentou ao lado do colega, sussurrou em seu ouvido:

—Não está pensando em me trair, está, Gabriel?

Gaguejou ao ouvir a pergunta e respondeu que não estava pensando em trai-lo, só estava preocupado com as armadilhas que poderiam ter dali a frente.

— Você mente tão mal, que até eu consigo perceber. Está pretendendo me abandonar no porto para Rhuld e voltar para Asteria, direto para o colo do rei. Acha que não conheço você?

— Acho que deveríamos achar abrigo, não discutir coisas que não vão melhorar em nada a sua situação. Devia se preocupar em localizar armadilhas físicas.

Grant apenas resmungou e entrou na pequena caverna que haviam encontrado, enquanto Gabriel trazia os equipamentos e os papéis, salvando-os de serem ensopados pela chuva. Ao entrar, acendeu novamente a fogueira, para aquecer o ambiente e ajudar a dormir, além de evitar resfriados.

—Sabe aquele sonho, Gabe? Ele mudou. Eu não estou mais matando o rei e ficando com a coroa. Eu estou morrendo, preso em uma armadilha. Sei lá se acredito nisso, só tenho medo que esses sonhos sejam proféticos e eu realmente morra, quando eu estou tão perto de realizar tudo.

Depois de arrumar tudo, olhou para o garoto sentado a sua frente, dizendo que tinha medo de morrer, e quis abraça-lo, mas lembrando da desconfiança dele, se retesou e se sentou, encarando o fogo de forma monótona. Continuou a ouvir lamúrias, mas logo elas pararam, pois o garoto havia acabado de dormir, ressonando.

Foi quando se levantou e beijou a testa daquele mesmo jovem e acariciou seus cabelos escuros, constantemente bagunçados enquanto falava:

—Se você morrer Grant, eu juro que... eu mato o rei com as minhas mãos.

''Mas lembra de que ele te disse que você é um péssimo mentiroso. Não consegue matar Clarissa, imagina o rei. No mínimo, vai ficar irritado e seguir em frente. ''

Quando pensou na possibilidade de não poder fazer nada quanto a trair o parceiro, ele poderia se contentar apenas na possibilidade daquele sonho não ser real e Grant ficar vivo, pois se morresse, perderia o rumo da vida. Já havia acreditado em tantos jovens que diziam que iam quebrar aquela maldição, reclamando que o primeiro não fez nada em relação a isso, só fica assistindo enquanto os outros morrem.

''Então ele é tão ruim quanto o rei. Ele e a irmã dele. ''

Na manhã seguinte, os dois acordaram bastante tarde, e assim que acordou, Grant saiu para caçar algum animal para o café da manhã enquanto o outro coletava madeira para acender novamente a fogueira. Enquanto caçava um jaguar, Grant tinha a espada desembainhada e corria atrás do animal.

Assustou-se quando sentiu que algo escondido nos arbustos estava vindo à direção dele e colocou a espada na frente do corpo e ficou em posição de ataque, de modo que poderia se defender e atacar o inimigo ao mesmo tempo. O arbusto parou de se mexer e algo saltou dali, não tendo certeza do que era se afastou para ter uma melhor visão das coisas.

Um gigante anão. O temido inimigo era um gigante anão.

—Certo, me assustei a toa. Maldito seja Plutão. Acho que vou matar esse pequeno gigante, talvez ele dê um belo ensopado.

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⏰ Last updated: Sep 19, 2016 ⏰

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