Cap. 2 - O dia do "Adeus"

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Cheguei em casa todo molhado, pois no meio do caminho começou uma tempestade inesperada, trovões e relâmpagos iluminavam o céu, faltava só isso para completar aquele dia "maravilhoso".
Após tomar banho liguei para a Ally para confirmar o horário de seu vôo. Saio de casa e pego um ônibus até a casa dela.

A chuva não parava, incessantemente golpeava a janela do ônibus, parecia que a qualquer momento os projéteis de água iam quebrar o vidro. A paisagem era monótona: pessoas com guarda-chuva por todo lado. Nada de novo, até que o ônibus parou para pegar novos passageiros. No meio de tanta gente se destacou uma menina, após alguns segundos percebo que a mesma estava me encarando, pensei que fosse engano, mas a garota não parava de me fitar com aqueles profundos e intrigantes olhos azuis, tão profundos que poderia me perder neles. Após a parada o ônibus retoma o seu caminho, e a menina acena com a mão, como quem diz "tchau" , fico um pouco confuso, a final quem era aquela garota? Porque ela me olhava como se conhecesse? Mais uma coisa que ia para a lista de coisa bizarras do dia de hoje. Para afastar todos esses pensamentos da minha cabeça, coloquei meus fones e entrei em um transe no qual eu ouvia tudo o que estava contecendo ao meu redor porém eu "dormia", e novamente as vozes fluiam em minha cabeça me atormentando, pessoas chorando, barulho de ambulância, risadas, uma mistura de emoções e pensamentos me invadiu, e acordei assustado.

Quando cheguei ao meu destino ela estava me esperando com aquele sorriso radiante, de malas prontas, vê-la naquela empolgação me deixou com uma pontada de tristeza, pois sabe lá Deus quando nos veríamos novamente, ultimamente estavamos um pouco distantes, porém eu à amava ainda.
Subo no carro do pai dela, vamos jogando conversa fora durante todo o trajeto para o aeroporto. Porém algo chama minha atenção, vejo uma praia...
Deserta, o mar agitado, mas por algum motivo ela me cativa, fico olhando para aquelas areias agitadas até que a paisagem some da minha vista, algo me dizia que eu já tinha ido lá, quando, eu não sei. Chegamos no aeroporto, e a acompanho para cumprir todas as burocracias antes de embarcar. Feito tudo isso, só restava esperar. Nos sentamos e aguardamos, sem dizer se quer uma palavra, nossos corpos permaneciam em silêncio, não precisávamos dizer nada, apenas sentir um ao outro. Apoio minha cabeça na dela, e sinto aquele aroma que tanto me tranquilizava, não tinha como explicar o cheiro maravilhoso que emanava de seus cabelos, era um cheiro doce, não forte, mas sim, ténue, reconfortante, ela era uma garota extraordinária, à conheci após sair do hospital, meus pais dizem que tive um acidente de skate e que estive entre a vida e a morte, e que por isso quase não tenho lembranças do que antecedeu o acidente, nunca quis saber muito sobre isso, pois algo me dizia que era melhor esquecer aquilo. Depois da minha recuperação ela foi a primeira a me estender a mão, e com o tempo nossa amizade foi evoluindo, e hoje estou aqui prestes a deixá-la ir, não quero ser egoísta com ela, então tento apoiá-la e animá-la, mas reconheço que essa decisão afastou muito a gente.
Aos poucos vou fechando os olhos, seguro forte a mão dela.

- PASSAGEIROS DO VÔO 006 SE DIRIJAM PARA A ALÁ DE EMBARQUE, HANGAR 2, REPITO...] -

Continuavam a chover, chover muito, o céu tinha passado de cinza para um pseudo preto acinzentado, isso estava me preocupando, mas não falei nada. À levo até aonde posso levar, nos encaramos por longos minutos e depois nos abraçamos, seus olhos se enchem de lagrimas e me aperta.
- Logo mais estarei de volta meu amor, fica bem tá? Eu te amo, nunca se esqueça... -
Diz ela em preda ao pranto, vê-la daquele jeito me deixou abatido,
- Eu também te amo, vai dar tudo certo - sussuro no ouvido dela, acariciando pela ultima vez sua bochecha. A beijo e nos dizemos "adeus".
Fico lá, parado observando ela ir embora, meu amor está indo embora. Veio em minha mente o pensamento.
- Mais uma se vai - e a pergunta
- Quem mais se foi? -
Mesmo após ela já ter se embarcado permaneço lá apático e imóvel, cai uma lagrima, depois outra, quando me dou conta, sinto minhas bochechas molhadas e minha visão atrapalhada. Sacudo a cabeça e enxugo meus olhos, coloco o capuz e as maos no bolso, como já era de hábito fazer, e volto para o carro com o pai dela.
Ele me deixa em casa. Novamente meus pais não estavam, dessa vez não sei para onde eles tinham ido, e na verdade não me importava, eu só queria deitar na minha cama e dormir, esquecer esses sonhos estranhos, esquecer aquela garota acenando para mim, esquecer que a Ally tinha ido embora, enfim só esquecer.
Troco a roupa que eu estava, pois ela estava toda molhada, visto uma limpa, e me jogo na cama , em questão de segundos adormeço...
Vejo uma praia, o mar estava calmo, o sol estava prestes a se por o seu calor esquentava meu rosto, estava sentado em uma pedra, havia uma garota do meu lado, sua expressão era a de quem não dormia a dias, seus olhos estavam feridos, de tanto limpar lágrimas, seu rosto pálido, e seu olhar sem esperança alguma, inesperadamente ela desaba a cabeça em meu colo, e começa com pequenos soluços que viram resmungos e depois um verdadeiro pranto desesperado, eu acariciva o seu rosto, más não dizia nada, não tinha nada para dizer, apenas espero ela se acalmar.
- Ele... Tinha que estar aqui com a gente, ele não podia fazer isso, porque ele foi tão egoísta? - ela volta aos prantos, e assim chora, chora, chora até nao poder mais .
- Ele não tinha esse direito Hm... - novamente ela se põe a soluçar, e o pranto vai se extinguindo pouco a pouco, como se ela não tivesse mais força para chorar, estava tão vidrado nela, que não percebo que eu mesmo também estava chorando, ao redor dos meus olhos ardia, quando eu estava prestes a dizer algo, lá no fundo eu ouço um "BIIB" "BIIIB" .
Acordo de sobressalto, eram 01:20 da manhã meu celular estava tocando, era o pai da ally, eu atendo preguiçosamente, por qual razão ele me ligaria esse horário, mas assim que ele começa a falar um calafrio percorre todo o comprimento do meu corpo, ele está desesperado
- O vôo da Ally Jon - diz ele com voz trêmula e alterada...

The Begin Of EndOnde histórias criam vida. Descubra agora