Cap. ESPECIAL- Infância

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Sou nativa do Brasil, mas desde meus três anos meus pais sempre vinham de férias para New York, aqui era legal, nevava sempre que vínhamos. Mas no começo eu não gostava muito, pois não sabia falar inglês portanto era difícil entrosar e brincar com as crianças.
Eu era loira, branquinha e de olhos azuis, e por isso muitos achavam que eu era americana e vinham a conversar comigo, mas eu logo me retraia e ficava muito tímida, mas uma vez encontrei um menino que era muito insistente, em todas as festas que tinha ele vinha a conversar comigo.
Meus pais participavam de muitas festas com outros arquitetos americanos, nelas eles compartilhavam projetos, e também socializavam, porém meu pai tinha um amigo em especial que começou a viajar com a gente, ele e sua família eram agradáveis, e olha a coincidência, o menino insistente era o filho deles. Logo comecei a frequentar muito a casa dos Hope, jantares, almoços, viagens, saíamos os finais de semana, íamos muito também a casa da vó dele, ela era muito simpática, e nos enchia de comida.
Com o tempo fomos nos tornando muito amigos, ele era muito engraçado, todas as férias que tínhamos íamos para lá.
Eu e ele brincávamos o dia todo, comecei a aprender inglês na escolinha, e também de tanto conviver com ele já conseguia me comunicar. Um dia estávamos brincando e uma mulher, para mim desconhecida, apareceu. Ela abraçou o Jon friamente e se afastou, indo conversar com o sr. Hope, meu amigo voltou chorando do abraço dela.

-O que aconteceu? Quem é ela? - Perguntei.

-Minha mamãe de verdade... ela não liga muito pra mim, porque ela sempre vem, me abraça e vai embora... - diz ele de cabeça baixa.

Passo a mão em sua cabeça e começo a fazer palhaçadas pra ele sorrir.

Certa vez estávamos em um piquenique...

- Duda, seu cabelo é muito lindo! - ele diz meio sorridente e envergonhado.

Ele se levanta e pega uma florzinha do campo e a coloca em minha orelha.

- O-obrigada Jon. - fico um pouco corada.

Observamos as borboletas que estavam passando, ele faz uma pausa e diz.

- Meu papai diz que, quando duas pessoas se gostam muito, e ficam esperando ansiosas para se ver e o menino da uma flor para a menina, eles com certeza irão se casar um dia sabia? - diz olhando para o vento.

- Sério? Então vamos nos casar um dia? -pergunto.

Ele olha para mim:
-Claro! Você vai ser com certeza minha esposa! -

Depois disso ele vai correndo dar a notícia para nossos pais, eles riem e passam a mão em nossas cabeças.

No dia que as férias acabavam os Hope iam com a gente para o aeroporto. Nos despedimos, e eu e o Jon estávamos em prantos, nós demos um abraço muito forte.

- Nas próximas férias vou trazer minha maquininha de fazer sorvete, vamos comer muuuuuuuuito sorvete - ele só continua me abraçando e acena que sim.

Meus pais se despedem dos dele, e chegou a hora de nos separarmos. Aceno com a mão

-Não esquece de mim hein?! Nas próximas férias a gente se encontra, é uma promessa!- Volto correndo e lhe ofereço o dedinho.

- Uhum ! É uma promessa - ele responde, selando nossos dedinhos.

Volto ao lado dos meus pais e olho para trás até ele sumir de vista.

Poderia dizer que, aqueles três anos tinham sido os melhores da minha infância, mas tudo estava prestes a mudar...

Quando voltamos para o Brasil esse ano, meus pais começaram a ficar tensos, algo estava acontecendo, eu pegava eles sempre conversando pelos cantos, e assim foi se passando o ano. Perto da data na qual sempre viajávamos, eu perguntei:

-Papai, mamãe porque não estão aprontando as coisas para irmos de viajem? Esse ano fiz minha mala sozinha mamãe! Já tá tudo pronto! Pode ir lá conferir! - falei orgulhosa.

Eles me olham com um olhar aflito.

-Esse ano não iremos viajar princesinha, sinto muito, quem sabe ano que vêm... - diz meu pai me pegando no colo.

Já soluçando digo:

- M...mas eu fiz uma promessa! Prometi ao Jon que nos veríamos, e íamos comer muito sorvete, ele ia construir a casinha na arvore! Vocês me ensinaram que é feio quebrar promessas ! - o soluço se torna choro.

-Eu sei minha linda, infelizmente esse ano vai ter que ser assim. Ano que vem faremos o possível para poder ir ok? Te amamos muito! -

Saí correndo até o meu quarto, permaneço lá até o dia seguinte, meus olhos inchados de tanto chorar.

Esse ano meus pais, tentaram me distrair, fomos para o Rio, ficar por uns dias na casa de parentes.

Logo o ano acabou e o tempo foi passando. Finalmente podíamos voltar para NY. E eu estava ansiosa. Já tinha uns nove anos quando meus pais se reergueram no mundo financeiro, e se passado três.

Eu estava eufórica para encontrar meu velho amigo, em mais uma daquelas antigas festas finalmente encontro a família Hope, e o Jon, ele tinha mudado bastante, agora estava mais alto que eu, e com certeza não poderíamos mais brincar de lutinha. Eu os cumprimento com familiaridade. Mas percebo que o mesmo estava estranho, parecia não me reconhecer.

-Ei Jon! - digo.
-Mmh... Ei? Como sabe meu apelido? Como você se chama?

Ao ouvir essas palavras, eu entro em pânico, só podia ser uma brincadeira né?
Os senhores Hope acenam para meus pais, que logo vem me buscar. Me levam para um canto e me explicam:

- Querida, desde quando estivemos aqui pela última vez, varias coisas aconteceram. Um pouco depois a avó do Jon morreu, e ele ficou muito mal. Aparentemente, ele a esqueceu... E nisso, bom, ele nos esqueceu também...

Aquilo me deixou muito triste, ele tinha me esquecido, ao parecer não tinha sido somente eu a quebrar uma promessa, não tentei me aproximar mais dele, e depois dessa vez nunca mais quis voltar para NY. Aos poucos fui mudando muito, embora ele tenha se esquecido de mim, nunca consegui me esquecer dele.
*********

Assim passou o tempo...

Saindo do aeroporto digo:
- E aqui estou eu novamente...! -

TO BE CONTINUED...

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The Begin Of EndOnde histórias criam vida. Descubra agora