Mentira Apaixonante

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                 Frederico Borges

— Sim, foi ontem. — Confirmo, olhando para Malu.

Ela está entrando no jogo! Isso está saindo melhor que o planejado. Deve significar que Malu gosta de mim, afinal.

— Que bom que vocês estão bem. Fico extremamente feliz. — Dona Sandra exclama.

— Estamos ótimos, mamãe. — Malu aperta meu ombro. — Não é, Fred?—  aperta ainda mais meu ombro, cravando as unhas nele, sem tirar um sorriso congelado do rosto.

— Arrã... — Faço uma careta de dor.

Caramba! O que ela passa nessas unhas? Deste jeito vai machucar meu ombro!

— Está tudo bem, Fred? — Lucas pergunta, notando minha cara.

— Está, Lucas. Não se preocupe. —  Malu responde no meu lugar. — Com licença, eu e Fred vamos conversar rapidinho lá no meu quarto, e já voltamos. — Fala soltando, para meu alívio, meus ombros. —  Vem, amor.

Juro que neste momento estou morrendo de medo dela.

Engulo em seco e a sigo, murmurando um licença, para sua família.

Assim que entramos no seu quarto, ela coloca as mãos na cintura e me fulmina com o olhar, exatamente como ela fez no dia que me apresentei a seus pais como seu "namorado".

— O que você acha que está fazendo, Frederico?

É, ela não está entrando no jogo porra nenhuma!

— Estou ferido! — Exclamo pra ganhar tempo. — Você é o quê, um Wolverine versão mulher? — Aperto o local que ela cravou suas unhas. — Você me machucou, mulher!

— Larga a mão de ser dramático, ok? — Dá de ombros. — E você mereceu! Que história é essa de vir até minha casa e continuar mentindo? E o que conversamos ontem, eim? Se esqueceu de que nosso plano, mirabolante, acabou?

Suspiro. Vai ser mais difícil do que imaginei.

— Estou aqui, porque minha mãe foi passar o feriado num spa no interior, eu não queria ficar sozinho.

— E por que diabos, você não foi com ela?

— Porque no spa que ela frequenta não é aceito homens. E eu não vou a spa, Maria Luiza. — Reviro os olhos.

— E você não tem amigos? — Suspira. —  Olha Fred, eu realmente, não sei porque você está aqui, e estou sendo muito compreensiva até agora. Então é melhor você desembuchar logo.

— Eu tenho amigos, mas eles vão para os blocos, e eu não estou afim de ir. E eu não quero ficar sozinho este feriado inteiro, Malu. Tenha piedade! — Apelo.

— Tudo bem. — Desiste, e eu sorrio. — Mas — Sempre tem um maldito mas. — nada de ficar inventando historinhas para minha família.

— Então não estamos namorando? — Pergunto desapontado.

— Estamos. — Balança a cabeça. — Quero dizer, não! Nós não estamos realmente. Só de mentirinha!

Oi?

— Vamos continuar fingindo que estamos namorando para meus familiares — Começa explicando, quando nota minha cara de confuso. —  para não ficar um clima chato, mas, depois que este feriado acabar, não fingiremos  mais nada.

— Tudo bem. — Aceno. É exatamente disto que preciso para reconquistá-la.

Meu plano é infalível, vir até a casa dos pais da Malu dizendo que ela pediu para que eu viesse mais cedo, para passarmos o feriado juntos. Minha mãe, realmente, foi para um spa no interior, eu não menti. Só exagerei um pouco no quesito Fred Carente. Mas tudo pra reconquistar a Malu. E, para completar, tive a sorte de descobrir que todos irão para a praia! O cara lá de cima está me ajudando e muito! Imaginem: um clima praieiro, poucas roupas... Não tem erro, Vou sair daquela praia namorando a Malu de verdade.

— Agora, já que estamos de acordo, vamos descer. Meus pais devem estar imaginando coisas erradas com nossa demora. — Diz saindo do quarto, comigo em seu encalço.

                               ***

— Já que todos estão prontos, vamos embarcar! — Seu Sérgio fala brincalhão.

— Não, Sérgio. Julieta, Alessandra e Alberto já devem estar chegando. — Dona Sandra fala, colocando suas malas.

— Ah! Por que? Vamos, logo. Eu não quero pegar trânsito.

— Não precisa mais esperar, cunhadinho. Chegamos! — Exclama a tia da Malu, com três malas. Três malas, para passar cinco dias. Senhor!

Ouço Malu suspirar descontente.

— Falando no diabo... — Cantarola Sérgio, recebendo uma cotovelada da sua esposa.

— Bom dia, a todos. — Alessandra cumprimenta, cabisbaixa.

— Bom dia. — Respondo, acenando para ela e a senhora com um belo de um topete no cabelo avermelhado, sua mãe.

— Cadê o Alberto? — Pergunta Malu.

— Ele... — Alessandra começa a falar, mas sua mãe a interrompe.

— Ele teve que ficar trabalhando.

— No feriado? — Sérgio questiona.

— O patrão dele não deu folga, Sérgio. — Revira os olhos, passando a mão no topete. — E você, Fred querido, como vai? Imaginei que você e Malu não estavam mais juntos, afinal, no último final de semana ela veio sozinha...

— Eu vou muito bem, Elvis Presl... Dona Julieta. E eu não pude vir semana passada, porque prometi a minha mãe ajudá-la na reforma do jardim da minha casa. — Minto.

Vejo Malu revirar os olhos.

— Ah, sim. Entendi, querido.

— Você está bem, Alessandra? — Malu pergunta.

— Estou, prima. — Diz baixo. Ela está estranha, até eu que não sou de notar muito nisso, percebi que ela está com olheiras em baixo dos olhos e quieta demais.

— Agora sem mais blá, blá, blá — Lucas interrompe. —  vamos logo.

— Vamos. — Sérgio confirma. — Eu e Sandra combinamos de ir, eu, ela e Lucas no meu carro, e Malu e restante no de Fred. Tudo bem pra vocês?

— Não foi isso que combinamos, Sérgio Soares! — Exclama Sandra. — Combinamos de os jovens irem juntos, e nós - eu, você e Juju - no nosso carro.

— Tenho certeza que não foi isso que combinamos. — Teima Sérgio, me fazendo rir.

Acho que se fosse eu ter que aguentar a Dona Julieta em duas horas de viagem, também tentaria sair pela tangente.

— Sem discussão! Vamos logo! — Dona Sandra põe ordem no pedaço.

— É, vamos. — Malu entra no meu carro, coloca o cinto e nos espera sem dizer nada.

— Vixi, hoje a Malu está de mal humor. — Lucas reclama.

— Deve ser TPM. — Dona Juju fala. — Logo, logo ela vai ficar de chi...

— Não falem sobre meu ciclo menstrual outra vez! De novo não! — Grita de dentro do carro me fazendo gargalhar.

A viagem nem começou, e eu já estou adorando!

Espero que tenham gostado.

Segunda tem mais 😉

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Beijocas,

Laís.