Seventy {LUNA}

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dez anos depois...

Mais uma vez ele demorava a chegar em casa. Já se passavam das sete da manhã, Amanda e Alice estavam em seus respectivos quartos, dormindo. Mas elas não faziam ideia de como estava a relação de seus pais. A casa em silêncio me incomodava, eu olhava para todos os lugares e me vinham flashbacks dos meus momentos com Matthew e as meninas, quando ainda éramos uma família. O telefone residencial tocou e eu me levantei correndo para atendê-lo.

- Matthew? - perguntei com a voz esperançosa

- É a esposa dele? - uma voz feminina perguntou, mais uma de suas amantes, pensei, mais tarde eu realmente desejaria que fosse

- É, com quem falo?

- Sou a secretária do hospital California Hospital Medical Center, seu marido acabou de ser internado em estado grave, achei seu contato em...

Não ouvi mais nada do que ela falou. Meu coração batia mais rápido. Eu não raciocinava direito. Minha mente dizia "você o perdeu".

- Alô? Senhora? Está aí?

A voz dela me despertou.

- Sim, é óbvio. Eu estou indo para aí agora.

Desliguei o telefone e peguei as chaves do carro, quando estava prestes a sair de casa me lembrei de algo, as meninas.

Amanda já era grandinha, já ficou sozinha antes, sabe tomar conta de Alice. E eu não posso mais perder tempo aqui.

Não. Que tipo de mãe desnaturada eu sou? Não as deixaria em casa.

Acordei-as e elas foram mesmo de pijama, não havia tempo para se arrumar.

Chegando ao hospital fui direto a recepcionista.

- Moça, você tem alguma informação sobre algum paciente chamado Matthew Espinosa?

- Ele está no 5º andar, senhora.

Com minhas filhas ao meu encalce, fui até o elevador, que estava ocupado. Saímos correndo pela escada, logo chegando ao 5º. Quando vi várias pessoas doentes pelos corredores, não consegui mais me conter, desabei em lágrimas, mesmo ele fazendo tudo o que faz eu ainda o amo, não posso perdê-lo. Minhas filhas, aflitas, não paravam de me perguntar se o pai estava bem, queria tanto lhes responder que sim.

- Com licença? Doutor? - cutuquei com a voz trêmula o moço de branco com uma prancheta na mão

- Pois não? - pergunta ele virando-se para mim

- Com quem eu falo sobre o paciente Matthew Espinosa?

- Comigo. Eu preciso que você sente.

- Aí meu Deus, o caso dele é grave?

- Ele bateu o carro a poucas quadras daqui, por isso trazê-lo foi em um instante. - suspirei alivida - Mas o vidro perfurou um dos órgãos vitais, e o tempo não foi suficiente.

- O q-que você quer dizer com isso?

- Lamento, mas seu marido se foi.

E foi assim que meu mundo se foi.

Redes Sociais || Matthew EspinosaOnde histórias criam vida. Descubra agora