Capítulo 4 - Deu ruim

7 1 0
                                    

     O que faltou ser estabelecido entre eles era que as fotos não deveriam, em hipótese alguma, ser postadas nas redes sociais.
     A sessão de cinema foi muito legal, mesmo com os rapazes pedindo para que o filme chegasse ao fim. No final, todos foram até a praça de alimentação fazer um lanche, o ambiente estava lotado, visto que qualquer feriado tornava a cidade onde moravam muito movimentada. Como não havia outros lugares além do shopping para os moradores e turistas se divertirem, a concentração era ali.
     A mãe de Nataly chegou no horário determinado para apanhar sua filha e Karoline. As duas se atrasaram um pouquinho para se encontrar com Sonia na entrada do shopping e tiveram de ouvi-la falar poucas e boas dentro do carro.

- Puxa, Nataly. Eu combinei com vocês às dez horas. – disse Sonia

- Mãe, as filas das lanchonetes estavam muito grandes. – Respondeu Nataly

- O trânsito está horrível e não havia estacionamento para que pudesse aguardar vocês. Foi estressante ouvir desaforo de outros motoristas.

     Karoline só ficou ouvindo as duas discutirem. Ela fixou os olhos na tela do celular e fingiu estar ausente por se tratar de um diálogo de família.

- Olha isso! Ah, meu Deus. Meus pais vão me matar. - Cochichou Karoline para Nataly desesperadamente.

- Não é possível! O que a Aline fez? – Comentou Nataly

- Vou mandar uma mensagem para o celular dela. Ela tem que apagar essa foto agora. – Disse Karoline

- Sim. Faça isso. Mas estamos em apuros porque muitos amigos já visualizaram e curtiram.

- Está acontecendo alguma coisa? – Perguntou Sonia.

- Não, mãe. É besteira. – Respondeu Nataly

     A tentativa de comunicar à amiga sobre o equívoco cometido foi em vão. A operadora de telefone delas estava apresentando problemas de lentidão para os serviços de internet e mensagem. Elas, no entanto, precisaram esperar chegar em casa para entrar contato com Aline, o que significava um aumento nas visualizações e comentários.
     Karoline ficou muito brava com a amiga, ainda que não tivesse dito a ela para não fazer aquilo. Nem conseguiu dormir direto com medo da reação dos pais quando se encontrasse com eles. Sabia que teria uma conversa com o pai, pois sua mãe havia avisado isso mais cedo a ela.
     A previsão para as próximas vinte e quatro horas era de tempo nublado. Thereza foi buscar a filha às nove e meia na casa de Nataly. Ela conversou um pouco com a Sonia e o esposo, Carlindo e se foi carregando Karoline.
     Ao chegar em casa, Arnaldo estava sentado na sala lendo um jornal, como sempre costumava fazer assim que acordava.

- Bom dia, Pai. - Cumprimentou Karoline

- Bom dia, minha filha - Respondeu o pai fechando o jornal - Sente aqui por um instante porque eu preciso falar algo muito sério com a senhorita.

     Ela atendeu ao pedido do pai e sua mãe se retirou do cômodo de imediato, pois não queria interferir dessa vez nem ouvir o diálogo.

- O que está acontecendo? - Perguntou Arnaldo tentando manter a calma.

- Não estou entendendo o senhor, meu pai. - Respondeu Karoline querendo desconversar.

- Filha, quantas vezes nós já falamos sobre esse seu envolvimento com esse rapaz?

- Uma. – Respondeu a menina

- Sim. E quantas vezes mais, nós teremos que repetir?

     Karoline curvou a cabeça novamente, reproduzindo a mesma reação do dia em que havia conversado com a mãe na manhã anterior.

- Estou aguardando você dizer alguma coisa. Diga-me quantas vezes? Disse Arnaldo sem alterar o tom de voz

- Nenhuma, pai.

- Muito bem. Agora me dê o seu celular.

- Não precisa disso. Eu já disse que isso não irá se repetir.

- Negativo. Enquanto você estiver morando debaixo do meu teto quem manda sou eu.

     A menina entrou em desespero. Andar sem o seu aparelho de telefone dava a sensação de ter uma parte do seu corpo amputada. Mas não havia outra saída, era obedecer ou obedecer.

     Depois de ser liberada pelo pai para se retirar, ela foi às pressas até o computador, o único meio de manter contato com os amigos, tentou conectar-se à internet e percebeu algo estranho, o cabo de rede havia sumido.

A mente de uma adolescente incompreendidaOnde histórias criam vida. Descubra agora