Capítulo 18

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De uma coisa eu tenho certeza: Carol não está morta, mas está muito próxima disso. Terry vai até Thiago, que permanece chorando, e dá a ele a faca de Caroline. Thiago se levanta e segue até a margem do rio, onde ele se agacha e começa a jogar água na lâmina. Ele está desolado. E eu, como uma covarde, não vou até ele. Bob é o único corajoso o suficiente para aproximar-se e dizer alguma coisa.

— Vamos encontrá-la — diz ele. — Ou então ela vai nos encontrar, já que sempre foi mais esperta do que nós.

Curiosamente, ele não fala isso como uma piada, mas como uma verdade.

— Ninguém aqui vai desistir dela — diz Terry.

Apesar de todo o apoio, o mais velho dos Jones ainda chora. E continua derramando lágrimas por horas a fio. Aproveitamos o rio para limpar nossas coisas e encher as garrafas de água. Zac leva o corpo da praga para longe, porque o cheiro começa a ficar mais insuportável do que já é.

— Ei — chama Julie. Ela vem até mim antes de falar. — Que tal um banho?

— Cairia bem — respondo.

— Vou avisar o Terry, me espera aqui.

Quando ela volta, vamos juntas até um grande aglomerado de pedras, que esconde uma caverna submersa, excelente para um banho a vontade. No primeiro momento, sinto vergonha em me despir na frente dela, mas, ao ver em como ela não está nem aí pra isso, faço isso sem preocupações. Sem pressa de sair da água, me esfrego por completo, tentando esquecer os problemas pelo menos por enquanto.

— Você acha que ela está viva? — pergunta Julie sem rodeios.

— Acho. Você não?

— Não sei, tenho minhas dúvidas.

— Carol é inteligente, ela está viva. Só precisamos chegar rápido até ela — digo.

— Essa é a questão. E se não formos rápidos o suficiente?

— Mas seremos.

É tudo o que eu digo. Não quero pensar na possibilidade de Carol morrer, não mesmo. Eu e Julie nos enxugamos e trocamos de roupa, totalmente revigoradas. Pretendo sugerir aos meninos que também tomem um banho.

Quando voltamos, percebo que Thiago parou de chorar, mas ainda está no mesmo lugar, imóvel. Vou até Bob.

— Tem um bom lugar pra tomar banho ali — digo enquanto indico o local para ele. — Se você for, tenta levar o Thiago, por favor.

— Claro — diz ele.

Bob convida os outros para irem com ele, e depois senta ao lado de Thiago e conversa com ele por um tempinho. Mas Thiago não responde. Chego mais perto, na esperança de ouvi-lo dizer algo. Finalmente escuto um sussurro:

— Tudo bem.

Meu coração desacelera, e aí percebo que ele estava palpitando fortemente antes de Thiago responder. Pior do que vê-lo morto, é vê-lo vivendo da forma errada.

— Ele precisa sair dessa — falo.

— Ele vai superar.

O modo como Julie fala me assusta, é como se ela tivesse convicção de que Carol morreu. Mesmo incomodada, não falo mais nada.

**

Quando eles finalmente voltam, o sol começa a se pôr. Ficamos tão distraídos nesta fonte que nos esquecemos das horas. Thiago está ligeiramente melhor, o que me conforta. Colocamos nossas bolsas nas costas e nos preparamos para sair. Então escuto a voz de Thiago atrás de mim:

Morte aos LobosOnde histórias criam vida. Descubra agora