Capítulo 2

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Sofia

Já tínhamos pego um ônibus com o dinheiro que minha mãe tinha me dado, mesmo assim, ainda estávamos bem longe, pelo que Jhon tinha me falado. Enquanto isso, ele e Susana me colocavam a par de algumas partes da mitologia. Estávamos andando em uma autoestrada enquanto Susana discursava sobre o acampamento.

-...E então tem a casa grande. É onde o Mestre de atividades e o diretor do curso vivem. Lá está também o oráculo de delfos, que ajuda os semideuses com professias para as missões. Temos um lago e uma praia nos limites noroeste e sul do acampamento e um campo de morangos. Fazemos turnos alternados na colheita deles. É o que mantém o acampamento de pé. Toda terça e quinta pela manhã tem aula de espadas e arco e flecha...

- Quem são seus pais olimpianos? - Perguntei tentando mudar o assunto.

- Sou filha de Ares e John é filho de Apolo.

-Ares é o deus da guerra, não é?

Eu ouvia ela falar sobre seu pai e tentava organizar os pensamentos na minha cabeça, me culpava por não ter prestado tanta atenção quando estudamos sobre mitologia na escola. Mesmo que o estudo do colegial não tivesse como base o acampamento onde estávamos indo. Me virei em direção aos garotos e eles tinham ficado para trás.

-O que foi? - Perguntei, já ficando assustada. Pensava agora que a qualquer momento um monstro sairia dos arbustos para me matar.
Susana apontou pra cima e riu.

- Sua reclamação. - Ela disse e eu peguei o espelho que levava na minha mochila. Tinha em cima da minha cabeça um símbolo dourado de arco e flecha que reluzia à luz solar.

-Deixa eu advinhar. Apolo?

-O próprio.

-E o que sabem sobre ele?

-É meu pai e um dos deuses que mais tem filhos, agora você é minha irmãzinha . - Jhon disse fazendo uma careta.

-Apolo é o deus da profecia, do arco e flecha e do sol. É lindo de morrer, é claro. E dirige um conversível.

-Bom, pelo menos você não terá que dormir no chalé de Hermes, é uma loucura lá dentro. Vamos, estamos quase chegando. - John cortou o assunto e avançou.

Nós fomos andando mais um pouco e Susana se embrenhou no mato em determinado ponto da estrada e eu pude perceber o início de uma trilha.

-Essa é a trilha do acampamento.

-E não é perigoso ela ficar à vista desse jeito?

-A maioria das pessoas só vê aquilo que quer ver, ainda assim, ainda temos a névoa que recobre todo o acampamento, deixando ele invisível para olhos mortais. Estamos chegando.

Nós subimos uma colina e lá no alto eu vi um grande arco de mármore antigo. Ele tinha trepadeiras subindo por suas laterais e um escrito em uma língua diferente.

-O que está escrito? - Perguntei a Susana, apontando para o arco.

-Focalize as palavras e se concentre que você vai entender o que está escrito. - Eu fiz o que ela disse e as palavras se misturaram até estarem em inglês. Estava escrito acampamento meio sangue. Nós tínhamos chegado.

Passei pelo arco e na mesma hora fiquei assustada. Naquele momento, um acampamento gigantesco apareceu diante dos meus olhos. Com chalés dispostos em formato de ômega e a casa grande no centro, a formação que Susana e John tinham me contado. Eu vi os campos e o lago de longe. Via tudo aquilo de cima da colina. Fiquei um pouco assustada por realmente estar ali. Fazia tudo aquilo parecer real, mesmo que não fizesse sentido.

O Renascimento de Sr. D.: Descobrindo o Amor além do VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora