Capítulo 10

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Dionisio

Estávamos todos no salão. Meu trono tinha cheiro de vinho e a coca diet que eu bebia tinha gosto de papel. Todos discutiam o que tinha acontecido até Zeus entar na sala. Descobrir sobre Sofia durante o café da manhã não tinha sido muito bom para acalmar os ânimos de todos desde a briga do primeiro dia. Eu só conseguia pensar onde ela estava e como ela estava.

Não queria estar ali, pra mim, aquela reunião era inútil. Sofia não tinha culpa alguma do que seus pais fizeram. Não achava que eles deveriam sofrer por isso também, afinal, muitos deuses já fizeram isso antes. Eu olhei para Afrodite e ela estava aérea. Só poderia estar com ela, de repente me acalmei. Eu lutaria por ela como tinha prometido. Afrodite deu um sorriso e na mesma hora, Zeus entrou no salão e sentou em seu trono ao lado de Hera. Ele começou a falar e Afrodite voltou a si aos poucos.

- Estamos aqui para decidir o destino da menina. Ela é fruto de uma quebra de regras. O que devemos fazer?

- Primeiro. Sofia, a menina, pareceu não saber que era filha de dois deuses. Não acho que deva ser castigada de maneira alguma. - Atena disse muito pausada e calmamente, tentando colocar algum juízo naquela cabeça dura de Zeus.

- Não acho que Sofia deva pagar pelos erros de seus pais.- Hermes disse enquanto mexia em seu cajado.

- Faremos uma votação então.

- Não.

- Somos deuses também. Temos o direito de escolher o que fazer tanto quanto você.

- Acho boa a idéia da votação - Poseidon disse para o irmão que ficou com raiva.

- Eu também acho que é a coisa mais civilizada.

- Eu acho q devemos sumir com a garota. Apagar a memória dela e dar um jeito nesses dois. - Ares disse entre dentes e seus olhos vermelhos brilhavam pelos seus óculos escuros.

- Concordo com a votação. - Hera se pronunciou e todos fizeram silêncio.

- Então está bem. Quem acha que Sofia é segura para todos e não deve ser eliminada?

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Saí do salão pronto para dar as boas notícias para Sofia. Desci as escadas e Apolo me parou segurando meu braço.

- O que pensa que está fazendo?

- Onde você vai?

- Você sabe muito bem onde eu vou. - disse me soltando de seu braço e o deixando parado ali. Simplesmente saí correndo procurando por ela. Depois de passar em duas praças eu lembrei de onde ela poderia estar. Quando cheguei no jardim de Afrodite, entrei devagar e lá estava ela. Estava com uma camiseta e calça jeans. Parecia uma deusa. Na verdade, até que ela era.

- Oi. - Sofia se virou quando ouviu minha voz e sorriu.

- Como me achou aqui? Afrodite te disse onde eu estava?

- Não. Mas eu sabia que te encontraria aqui.

- Você veio pra se despedir de mim? Zeus vai me matar?

- O que? Não! Eu disse que nunca deixaria nada acontecer-te. - me aproximei e segurei suas mãos, encarando Sofia profundamente. - Só queria ser o primeiro a te dar a notícia.

- O que foi, Di?

- Foi tudo bem. Ele deixou passar dessa vez porque você é adulta. Hera teve um voto muito importante hoje. Sua coroação será antes de voltarmos para o acampamento. Será oficialmente uma deusa.

- Di! Deuses, não acredito! - ela correu acabando com a distância que eu tinha me obrigado a criar entre nós dois.

Quando ela me abraçou e eu senti o perfume de seus cabelos, achei que teria um infarto. Foram sensações intensas demais, até para mim.

- Desculpe Sofia. Não consigo ficar perto assim de você. - disse me soltando de seu abraço e a deixando com uma cara de dúvida.

- O que foi?

- Eu não quero passar dos limites com você. Vou esperar por você, mas não aguentarei sequer um dia se ficar perto assim de mim. - Eu trocava o peso do corpo de uma perna para a outra, de repente muito desconfortável.

- Não quero que você espere por mim.
- Sofia se aproximou e beijou de leve minha boca. Quando se afastou, eu me aproximei e puxei sua cintura para mim. Ela me encarou durante segundos e eu juntei nossos lábios. O beijo foi doce e devagar, diferente do dia em que a puxei até o meu quarto. Ela enrolou os braços no meu pescoço e eu a levantei do chão. Depois de um tempo ela se separou de mim e eu a coloquei no chão de novo, sem a soltar.

- Foi um beijo muito bom.

- Eu andei treinando.

- Como? O que disse? - ela disse rindo e se afastando de mim.

- Brincadeira...vem aqui de novo.

- Aaaaai... vocês são tão lindos juntos! - Afrodite gritou batendo palminhas e pulando do portão do jardim.

- Afrodite, se controle! Di Immortalis.

- Olha ele, ficou todo vermelho, que fofura.- Ela veio correndo e apertou a bochecha dele.

- Mãe, pare com isso. Di, eu vou conversar um pouco com ela, me encontra depois?

- Eu vou te achar. Tchau, baby. Adeus, Afrodite...vê se não monopoliza a Sofia. - arrumei meu paletó e pisquei para ela antes de sumir dali em uma fumaça roxa.
Ela me queria de novo, não deixaria ela ir embora dessa vez.

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Assim que Dioniso foi embora, Afrodite se aproximou e sentou ao meu lado com lágrimas nos olhos.

- Mãe? O que foi?

- Você me chamou de mãe.

- Sim, e daí?

- Você nunca tinha dito isso. Pelo menos não desde que nós contamos à você.

-bBom mãe, você teve chance de conversar com o Hefesto?

- Eu conversei com ele e não, ele não mudou de idéia. Vai ver ele já queria fazer isso há muito tempo, só não teve coragem. Os deuses sabem que ele nunca me deu a atenção que eu precisava. Ares está com o orgulho ferido, mas com ele eu consigo me resolver. O que me traz ao que eu vi minutos atrás. Sofia e Dioniso, sentados na árvore, eles estavam se beijando...lá lá lá.

- Bom, sim nós estávamos. Para de bobeira.

- Então isso quer dizer que você vai dar uma chance à ele. Perfeito!

- Tudo bem, calma, se controla.

O Renascimento de Sr. D.: Descobrindo o Amor além do VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora