Capítulo 13

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Eu estava magoada e cansada de correr. Depois daquela cena, as palavras do meu pai ficaram martelando cada vez mais alto na minha cabeça. Eu precisava ir para algum lugar. Não sabia mais o que fazer, estava cansada de correr e parar sempre no mesmo lugar. Em um momento, Dionisio corria atrás de mim chamando meu nome e logo depois, eu apareci na sala do templo de Afrodite. Ela estava sentada enquanto duas ninfas faziam uma trança linda com fios de algo que parecia ouro e quando me viu, tomou um susto.

— Oi Sofia. Como entrou aqui?

— Eu não sei. Em um minuto eu estava correndo de Dioniso e depois, parei aqui.

— Correndo de Dioniso? O que aconteceu?

Eu sentei e desabei no sofá. Ela terminou a trança com um aceno de mão e dispensou as ninfas, sentando do meu lado no sofá e segurando minhas mãos.

— Ah minha filha. Eu percebi que algo estava errado, mas não sabia exatamente o que era. Me conta tudo.

E eu contei.

Quando terminei a história levantei meu rosto e vi que Afrodite derramava lágrimas.

— Mãe, você está chorando?

— Eu estou triste e com raiva. Triste por você e com raiva daquela ridícula da Ariadne. E ainda tem o seu pai. Foi um irresponsável e ridículo, que atitude mais idiota. Apolo nunca se deu bem com a bebida. Ariadne não podia deixar o Dionisio ser feliz? Vocês serem felizes? Bom, não vamos falar disso agora. Meu trabalho a partir desse momento oficialmente é fazer você esquecer isso e focar na sua coroação como deusa do Olimpo.

Passamos a tarde conversando sobre bobagens com Afrodite tentando me distrair do que tinha acontecido e eu fingia que estava tudo bem e que meu peito não doía. Ela me ajudou a escolher uma roupa para a cerimônia e então a hora chegou. Eu cheguei pronta e já estavam todos lá. Assim que eu entrei, Afrodite foi correndo sentar em seu trono no salão e eu fiquei ali parada. Pequena no meio daqueles deuses de mais de dois metros. Eu me segurei ao máximo para não olhar naquela direção, mas quando nossos olhos se cruzaram, eu revivi toda a cena da manhã e enquanto Dioniso se remexia na cadeira, eu desviei o olhar e encarei o deus dos deuses.

Zeus se levantou e se colocou atrás de mim na altura humana normal. Ele falou alto um discurso que parecia decorado. Eu não tinha escolha sobre o que eu comandaria como deusa. Isso era com Zeus e meus pais. Eu só iria responder a duas perguntas.

— Você, Sofia Song, filha de Apolo e Afrodite, é tida agora como Sofia, deusa do eclipse solar e do amor platônico. Levantem-se para a nova deusa do Olimpo.

Todos os presentes se levantaram, inclusive os deuses. E eu fiquei parada tremendo de nervoso. Eu já sabia o que ele perguntaria a seguir, e durante um tempo talvez eu até tivesse cogitado a idéia. Mas não depois daquele dia.

— Sofia, você como deusa escolhe morar no Olimpo em um templo só seu ou prefere viver entre os mortais?

— Eu prefiro viver entre os mortais. —Minha mãe abriu a boca assustada. Eu sabia o que ela queria que eu fizesse, mas não estava pronta para ver Dioniso e meu pai depois daquilo. Precisava de um tempo.

— Está ciente de que só terá está chance outra vez se vier a se casar com um deus. Continua com sua decisão?

— Sim.

Depois de todos os deuses repetirem algumas palavras em grego arcaico o bastante para ninguém entender, senti meu corpo formigando e brilhando. Eu estava mudando? A sensação foi bem rápida e todos os campistas bateram palmas para mim. Nós comemos e mais tarde eu fugi para um dos quartos do templo de Afrodite e desmaiei de sono.

O Renascimento de Sr. D.: Descobrindo o Amor além do VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora