Capítulo 03 - Vingança

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Assim que chego a Florianópolis vou direto ao sítio de minha família, um lugar um pouco afastado da área urbana da cidade. Tudo parecia igual a última vez que estive aqui à algumas semanas, mas um pressentimento ruim me deixa em alerta.

Assim que chego a casa, desligo e desço do carro, estava ansiosa pois não havia faladoa ninguém sobre a minha volta, queria fazer uma surpresa, mas a surpresa na verdade foi minha.

Assim que abro a porta da frente, que estava estranhamente destrancada, Vejo a última coisa que queria ver: minha família, toda morta, tinha sangue por todo o lado e um odor horrível, todos os corpos estavam sem cabeça. Um nome passou pela minha cabeça: vingança.

Aquilo parecia coisa de um profissional, ou seja caçadores, mas eu não entendo, vivemos aqui a muitos anos, não matamos ninguém, nos alimentamos de voluntários, pessoas que recebem dinheiro em troca de seu sangue. Sempre tentamos ao máximo não chamar a atenção de caçadores, até trabalhávamos como pessoa normais, quer dizer, ele trabalhavam como pessoas normais, talvez isso seja a vingança de algum caçadorzinho que não aprova meu tipo de vida.

Esse sempre foi o meu maior medo, colocar as pessoas que amo em risco outra vez, mas isso com certeza não vai ficar assim, quem fez isso vai pagar caro, mas antes tenho que me livrar dos corpos de minha família. Me despeço de cada um com minha melhor memória.

—  Ei Fran lembra quando você me ensinou a andar a cavalo, eu caí de primeira e quis desistir mas você não deixou- digo enquanto fecho os olhos, que antes estavam arregalados em medo, daquele por tanto tempo foi como um pai para mim. Francisco era o vampiro mais velho da família. Ele adorava o campo, esse sítio era a sua vida.

— Elias, você melhor do que ninguém sabe o quanto eu sou péssima em matemática, você com certeza foi o melhor professor de matemática que eu já tive- digo mechendo em seus cabelos.

— Maria como eu odiava quando eu falava alguma coisa errada e você me corrigia, eu quando eu errada as datas de alguns acontecimentos e você me dava uma verdadeira aula de história- digo juntando a cabeça ao corpo.

— André lembra quando logo quando eu tirei a minha carta de habilitação e atropelei aquele cara. Eu fiquei desesperada e você me ensinou a fazer os primeiros socorros- digo e a essa altura meus olhos ja estavam cheios de lágrimas.

— Tiago, lembra todas as vezes que você me arrumava pra gente ir pra balada, como dois jovens normais- digo com a voz embargada.

— Isabel lembra quando eu terminei com o meu único namorado e aí eu fiquei muito mal e você me deu todos aqueles conselhos- digo ja chorando.

— Mateus você sempre gostou de proteger as pessoas, lembra quando você me ensinou a atirar, minha mira era horrível, mas você não desistiu de mim- digo segurando sua mão.

— Bom Olívia você sempre foi a minha melhor amiga, lembra quando você me ensinou a cozinhar, eu não sabia nem fritar um ovo direito, mas você continuou insistindo até que eu aprendi- digo depositando um beijo em sua testa.

Quando estava quase saindo da casa, com meu coração em pedaços, vejo um pedaço de pano rasgado do que parece ser de  uma camisa de cor verde escura, aproximo o pequeno pedaço de pano rasgado de meu nariz e sinto um cheiro de perfume masculino. Não sei porque mas sinto mas esse pedaço de pano pode ser importante então resolvo guarda-lo em meu bolso.

Depois de me despedir de cada um dos meus entes queridos, pego um galão de gasolina e espalho o líquido pela casa, depois acendo um fósforo e assisto tudo queimar.

Agora meu próximo passo é descobrir quem foi o desgraçado que fez isso e onde ele está. Talvez essa seja até mesmo minha última caçada, talvez ele seja um bom caçador ou caçadora e eu não sobreviva, mas a minha é toda feita de "talvez", e se eu fosse deixar de fazer algo por causa de um talvez, eu provavelmente nem sairia de casa, e afinal quem não gosta de um pouco de adrenalina. Prefiro morrer tentando fazer justiça do que saber que fui covarde e não fiz nada.

Vou até um hotel no centro da cidade onde me hospedei e começo a pensar, até que tenho uma ideia, vou ligar para uma bruxa e pedir para ela fazer um feitiço de localização e já sei até que bruxa chamar.
— Alô- responde a voz do outro lado da linha, parece cansada.
— Tamires?- pergunto olhando a decoração do quarto onde me hospedei.

As paredes são brancas e a cama de madeira pintada tem panos na cor azul marinho assim como as cortinas.

— Valentina?- pergunta ela ao atender.

— Eu mesma, preciso de um favor!- digo enquanto olho o pedaço de pano verde escuro em minhas mãos.

— Diga quem sabe não posso ajuda-la-diz ela enquanto enrolo meus cabelos nos dedos.

— Preciso que faça um feitiço de localização para mim- respondo sentindo o clima frio do ar condicionado.

— Imagino que saiba que preciso de sangue ou de algo que pertença a pessoa- responde ela e imediatamente pego o pedaço de pano amassado dentro do meu bolso.

— Sim eu tenho um pedaço de pano do que eu acho ser parte da camisa de quem procuro- respondo enquanto olho minhas malas que ainda não desfeitas em cima da cama.

— Ok posso ajudar você venha ao meu encontro dentro se possível depois de amanhã neste mesmo horário e no mesmo restaurante da última vez.

— Obrigada Tamires.

— Até mais Val- diz ela desligando em seguida.

Esse é apenas o  meu primeiro passo, em breve saberei quem foi o caçador que destruiu meu ninho e então descobrirei tudo sobre ele, irei sequestra-lo e tortura-lo tanto fisicamente quanto mentalmente para depois mata-lo.

Agora me digam vocês, o que fariam no meu lugar? Se fosse a família de vocês ao invés da minha.

A caçadora de caçadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora