Capítulo 6

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Após deixar a clínica, Clarke tentou ir para o mais longe possível, ela acabou chegando em uma das empresas rivais de seu trabalho. Burger King. Ela passou direto e foi para o banheiro, se sentou no vaso sanitário fechado e se inclinou para colocar a cabeça entre os joelhos.

Apertando os olhos fechados, ela respirou profundamente e lentamente. Clarke apertou as mãos e descansou o rosto contra seus antebraços, rangendo os dentes enquanto esperava a sensação de sangue correndo em tornos de suas orelhas, se acalmar. Clarke não se lembrava de ter qualquer tipo de ataque de pânico como este antes, mas considerando o que ela tinha acabado de fazer, ela tinha o direito de estar em crise. Seria apenas mais alguns minutos e ela ficaria bem.

Só que ela poderia estar grávida. Não era o tipo de coisa para esperar alguns minutos e ficar bem.

Ela sentou direito e olhou para seu estômago, ele estava coberto por várias camadas de roupas (Roupas de brechó, é claro, rasgadas, velhas e feias) Mas ela olhou como se esperasse algum tipo de revelação divina. Claro que ela não se sente diferente e o procedimento não foi tão ruim como ela esperava. Talvez o jeito fácil de ganhar dinheiro tenha se tornado uma decisão súbita e apressada. Só agora bateu em Clarke que isso não estava indo embora tão cedo, essa coisa iria ficar nove meses dentro dela, 9 meses até ela poder pegar o dinheiro e fugir. Ela nem tinha lido um livro sobre gravidez ainda, pelo amor de Deus. Ela nunca imaginou que realmente estaria passando por isso.

- Ei, você está bem ai?

Clarke fez uma pausa, se levantando para abrir a porta. Era um dos funcionários do local, e ela sorriu suavemente para ele. – Eu estou bem. – Ela deve ter ficado no banheiro por mais tempo do que ela pensava, mas Clarke respirou fundo e começou a caminhar para fora. Ela teve que dar uma pausa no seu colapso mental pré-gravidez e esperar um momento conveniente para voltar com ele. Por enquanto ela tinha trabalho a fazer.

Enquanto caminhava até o ponto, ela viu o ônibus que teria que pegar para chegar até o lado da cidade onde ficava o endereço que Wells entregou para ela. E Clarke se viu fazendo o que já fazia com frequência, ficou esperando outro ônibus durante meia hora. Parada no frio, sem nada para fazer, Clarke começou a sentir um poço de desconforto em seu estômago e ele era a última parte do corpo dela que ela queria pensar nesse momento.

Quando o ônibus finalmente apareceu, ela se sentou e resistiu ao impulso de cair no sono. Não era uma boa ideia dormir em transporte público, ela aprendeu isso da pior maneira no metrô, alguém roubou seu celular enquanto ela dormia. Em vez de ceder ao sono, Clarke pressionou a cabeça contra a janela e exalou lentamente. Respiração era a chave pra um ataque de pânico, certo?

Para a sorte de Clarke, a viagem foi longa o suficiente para ela conseguir se acalmar. Ela se lembrou que tinha um caderno de desenho em algum lugar em sua bolsa, ela pegou ele e começou a traçar os perfis das pessoas que estavam ao seu redor e tentou aliviar sua mente. Ela não tinha desenhado assim em anos e nem tinha sentido desejo de puxar o seu caderno da bolsa e usá-lo. Era um grande período de seca, mas ela mal podia acreditar o quão fácil e natural se sentia segurando um lápis novamente em sua mão e fazendo leves traços. Marcas ásperas sobre o papel e traços dando vida as formas. Ela sentiu saudades disso.

As coisas estavam mudando. Ela já estava sentindo a artista que tinha dentro dela e isso encheu ela de um tipo estranho de esperança.

Quando o ônibus parou em seu destino, Clarke olhou em volta e viu o armazém monstruoso ao seu redor. Na proximidade tinha uma região para estacionamento, o que era ótimo para tornar o armazém algo comercial. Wells tinha razão para comprar esse lugar neste local, era claramente uma área em ascensão.

Feels Like HomeOnde histórias criam vida. Descubra agora