Quinze.

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Todos nos olhavam, chamávamos atenção e não sei bem o porquê, talvez fosse modo de se vestir ou a cara de favelados que não nos nega. Ou até mesmo por que parecemos mortos de fome. Mas vamos combinar, quem é que vai pro MC pra comer um só lanche? O negócio é comer uns três ou quatro!!!

Queria entender o motivo de nós seis gostar tanto de foto. Mulher é normal, mas homem? Nunca vi na vida, tive que tirar umas dez fotos iguais dos meninos até eles gostarem se uma (que estava igual as outras) para JR postar em seu Facebook.

Foi engraçado, claro que foi. Só havia palhaços ali! Mas minha mente estava longe, Otávio havia falado que queria conversar sério comigo e tem coisa pior do que alguém te falar isso? Vamos combinar que não né.

Fabi: Ei, tá em Marte ou Júpiter amiga? - Chamou minha atenção para sí.
Otávio: Com certeza na Lua.
Gabi: Não tenho a certeza exata, mas com certeza estou longe.
Baratão: Porra Ruivinha, é brisa do bigmac?
Mari: Amiga conversa! Otávio o que você fez? - Encarou o mesmo.
Otávio: Oxi eu não fiz nada não.

Continuaram a me perturbar, como é que lida com eles? Lidando entrando na brincadeira, por que são chatinhos viu... Quando terminamos de comer jogamos as coisas no lixos e colocamos a bandeja em cima da lixeira. Nos dirigimos até as motos e fomos em direção ao morro novamente.

Quando chegamos lá, eu estava totalmente descabelada. Meus olhos já ardiam de sono, queria dormir, mas não antes de ouvir o que Otávio queria me dizer.

Gabi: Fala logo, estou nervosa já.
Me sentei na minha porta.
Otávio: Ah, tu é mó vacilona Gabriella. Achei que nós íamos ficar sério e você já foi beijar outro.
Gabi: Você saiu beijando outra primeiro e eu sou vacilona?
Otávio: Nunca filha! Eu fui lá resolver umas paradas e tu foi se agarrar, aí fui e peguei a mina. Aí como se não bastasse, você foi pegar mais, né?
Gabi: Tu tá louco Otávio, ta dando desculpas por ter pegado outra mina, isso sim...
Otávio: É isso Gabi, foi super legal te conhecer. Tu é uma ótima amiga pra minha irmã, mas achei que tu fosse diferente, e você não é.
Gabi: Me poupe né Otávio. Me da licença que eu tenho mais o que fazer.
Otávio: Você quem sabe.
Falou ligando a moto e dando partida.

2 MESES DEPOIS.

Dois meses se passaram, e nunca mais minha boca chegou perto da dê Otávio. Sabe o pior? O pior foi o sentimento que eu criei nesses dois meses. E descobri o quanto sou trouxa, por que parei de sair e não fiquei com ninguém. Não, eu não voltei pra igreja. Pelo contrário, tenho tido terríveis brigas com mamãe.

Onde já se viu se casar com um cara que a maltrata e a bate? Eu nunca vou aceitar isso para minha mãe, jamais. Safado, aparentou ser uma coisa e é totalmente outra. Mamãe não merece passar por essas coisas.

Fabi namora com JR agora, fico muito feliz por finalmente ela ter conseguido e sem precisar mentir para ninguém, fico feliz pela felicidade dela.

Por que eu mesma? Eu mesma não sei mais o que é felicidade. Dentro de mim falta algo, eu não sei bem explicar, mas existe um vazio que nada é preenchido. O que melhora nisso tudo é o fato de eu ter conseguido um emprego, já se tem um mês e meio que estou lá, isso me faz relaxar e ter a mente ocupada. Assim fiquei distante de quase tudo.

Fechei os olhos novamente, mas não aguentei e corri para o banheiro e depositei na privada o que eu nem imagino que fosse. Já que é a quinta vez que eu vômito só hoje. Após lavar o rosto e escovar os dentes andei lentamente me segurando até a minha mesa do escritório, todos me olhavam com pena. Eu me recusava á ir embora. Senti meu rosto formigar e tremer mais que o normal. Disquei o número do ramal do meu gestor e ele atendeu logo.

- Sr. Eder, posso ir embora para ir ao hospital? Amanhã eu retorno com atestado.
- Claro que sim Gabi, fica a vontade e melhoras.
- Obrigada e bom dia.

Desliguei o telefone é fiz o mesmo com o computador, arrumei na mesa todos os documentos e contas a pagar da empresa, arrumei minha bolsa e me levantei, dei tchau pros mais próximos e peguei meu celular discando o número de mamãe. Fora de área ou desligado, droga!

Disquei o número da Fabi, ela é menor, mas o JR podia mandar algum vapor ir comigo, né? Só chama, merda. Liguei mais sete vezes e nada dela atender. Liguei pro JR e já caía na caixa postal. Última tentativa vai pra quem eu não quero nem proximidade. Otávio.

- Alô? - Seu tom de voz era de quem estava muito surpreso.
- Me ajuda, por favor. - Falei com a voz de choro chegando perto do elevador.
- Onde você tá, o que fizeram contigo?
- Eu tô passando muito mal, me leva pro médico por favor.
- Onde tu tá Gabriella?
- Eu tô no serviço, você vai vim?
- Vou, onde eu te encontro?
- Naquela praça em frente ao fórum.
- Tá, louca? Arriscado demais, pode ser a do MC não?
- Tabom, não demora, por favor.

Desliguei, senti meu coração bater mais forte só de nervosismo e caminhei até lá, comprei um água mineral no MC e fiquei sentada na praça esperando-o. Minutos se tornaram horas, por que quando se está doente e se espera pelo socorro, cada minuto é longo demais. Se longe eu vi ele andando depressa, com um boné e um óculos de sol na cabeça. Cadê sua barba?

Otávio: Ta melhor? - Falou depositando um beijo em minha testa.
Gabi: Eu quero vomitar. - Ele automaticamente se afastou e eu forcei um sorriso.
Otávio: Você precisa comer nem que vomite de novo, você ta pálida Ruiva.
Gabi: Me leva logo.

Ele se virou e entrou dentro do Mc Donald's e voltou com lanches de lá de dentro. E me chamou para o acompanhar até o estacionamento.

Gabi: Anda devagar por favor, eu tô cansada e com dor.
Otávio estava bem na frente, ouviu e parou. Alcancei ele e ele pegou em minhas mãos.
Otávio: O carro está ali já, vai ficar tudo bem, tabom?

GABIOnde histórias criam vida. Descubra agora